COP30: 83% da economia global estão comprometidos em zerar emissões, aponta relatório da ONU – Times Brasil

Os dados mostram que 83% da economia global já está coberta por compromissos de neutralidade carbónicaresultado direto dos avanços alcançados no Acordo de Paris, segundo o relatório Integrity Matters: Winning the Future, apresentado nesta segunda-feira (3) ao secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a C40 World Summit of Mayors, no Rio de Janeiro, que antecede a COP30.

De acordo com a presidente do Grupo de Peritos de Alto Nível da ONU (HLEG), Catherine McKenna, o mundo entrou na “década da entrega” para cumprir as promessas de emissões líquidas zero. “Os ganhos duramente conquistados na última década são reais”, disse McKenna. “Há dez anos, o mundo caminhava para um aquecimento de 4 a 5°C; agora inclinámos a curva para mais perto dos 2,5°C. Não é onde precisamos de estar, mas mostra o que é possível.”

Mesmo face a um cenário político incerto, o relatório salienta que a maioria dos intervenientes não estatais (como empresas, investidores e governos locais) continuam a avançar nos seus compromissos climáticos, impulsionados por normas voluntárias fiáveis ​​e políticas nacionais que visam a transição energética.

Nas cidades da rede C40 (97 metrópoles globais que colaboram para combater a crise climática, incluindo megacidades como Tóquio, Nova Iorque e Deli, bem como outras cidades líderes na inovação climática. No Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador) as emissões caíram 7,5%, cinco vezes mais do que a média global, segundo McKenna.

“Quase dois terços das maiores empresas do mundo já têm metas de emissões líquidas zero, e esta tendência continua a crescer em todas as regiões, incluindo os Estados Unidos. Embora a integridade das metas continue a ser uma questão significativa, padrões fiáveis ​​estão a gerar resultados reais”, disse ele.

O presidente do grupo também criticou o comportamento de empresas de combustíveis fósseisque, segundo ela, “permanecem como claros outliers”.

“Estas empresas, apoiadas por muitos governos e instituições financeiras, estão a obter lucros recordes e a utilizá-los para recompensar os acionistas, ao mesmo tempo que investem quase nada em energia limpa, promovendo falsas soluções para atrasar a transição e despedindo trabalhadores enquanto automatizam a produção”, disse ele.

O relatório destaca que o avanço da energia renovável tem superado as expectativas. Em 2024, um em cada cinco carros novos vendidos era elétricoem comparação com um em cada cem em 2015. o investimento global em energia limpa deverá atingir cerca de 2,2 biliões de dólares este anoduplicar o montante atribuído aos combustíveis fósseis.

Para McKenna, os próximos dez anos serão decisivos: “Sabemos o que funciona, sabemos o que está em jogo, e a próxima década decidirá se ganharemos o futuro. A escolha racional é cumprir os compromissos de emissões líquidas zero com integridade e acelerar a ação climática”.

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