A população mundial deverá atingir quase 10 mil milhões de pessoas até 2050. Haverá quase mais 2 mil milhões de bocas para alimentar. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), será necessário produzir 60% mais alimentos para atender a esse precisar.
O desafio não é simples e consiste em aumentar a produtividade sem expandir as áreas agrícolas, preservando os recursos naturais e reduzindo os impactos ambientais. É aí que o Brasil entra no jogo como um dos países mais preparados para responder ao aumento global do consumo.
O país possui clima favorável, biodiversidade, vastas áreas cultiváveis e muita tecnologia de ponta aplicada ao campo. Já ocupa posição de destaque entre os maiores produtores de alimentos do mundo — atrás apenas de China, Índia e Estados Unidos. Enquanto os chineses lideram na produção de cereais, vegetais e carnes, e os americanos na produção de milho e trigo, o Brasil é o principal produtor mundial de soja, café, suco de laranja e açúcar, além de estar entre os maiores exportadores de carne bovina e de frango.
A capacidade de expansão sustentável faz do Brasil um candidato natural para assumir um papel de liderança global no abastecimento de alimentos nas próximas décadas. Para conseguir isso, a agricultura nacional precisa acelerar os investimentos em inovação, infraestrutura e mecanismos de financiamento que conectam produtores, startups e investidores.
Agtechs e foodtechs já desenvolvem soluções que aliam eficiência, sustentabilidade e competitividade internacional, enquanto plataformas de investimento ampliam o acesso ao crédito e promovem negócios de impacto no ramo. Confira as principais tendências que moldam o futuro do agronegócio brasileiro e podem definir o papel do país na segurança alimentar global.
1. Recuperação de pastagens degradadas
O Brasil possui 164 milhões de hectares de pastagens, dos quais 28 milhões estão em algum grau degradados, segundo a Embrapa e o MapBiomas. A restauração destas áreas é vista como uma das maiores oportunidades globais para a regeneração agrícola e climática.
“A recuperação das pastagens pode aumentar a produtividade, reduzir a pressão por novas áreas e atrair bilhões em investimentos para uma produção mais sustentável”, afirma Henrique Galvani, CEO da Arara Seed. Além de recuperar o solo, o processo gera créditos de carbono e permite a integração de culturas, pecuária e silvicultura, aumentando a rentabilidade.
2. Bioinsumos ganham espaço
O mercado global de bioinsumos deverá valer US$ 30 bilhões até 2030, segundo a consultoria Markets and Markets. No Brasil, o crescimento anual ultrapassa 30%, impulsionado por startups de base biotecnológica e pelo Programa Nacional de Bioinsumos.
As soluções incluem biofertilizantes, inoculantes e pesticidas biológicos que reduzem custos e impactos ambientais. “Os produtos biológicos fortalecem a saúde do solo, reduzem a dependência de produtos químicos e aumentam a rastreabilidade — condição cada vez mais exigida pelos mercados internacionais”, explica Galvani.
3. Agricultura digital e automação no campo
Sensores, drones e algoritmos de inteligência artificial já fazem parte do dia a dia nas fazendas de todas as regiões do país. A agricultura de precisão proporciona ganhos médios de 25% na produtividade e redução de até 30% no uso de insumos, segundo estudo da Accenture.
Com a expansão da conectividade 5G e da automação robótica, a integração de sistemas tende a se intensificar. A monitorização em tempo real do solo, do clima e das plantas permitirá decisões mais rápidas e sustentáveis. “A inteligência de dados ajuda os produtores a se anteciparem a pragas, doenças e variações climáticas, reduzindo perdas e custos”, afirma Galvani.
4. Rastreabilidade e logística para reduzir desperdícios
O desperdício de alimentos no Brasil representa cerca de 10% da produção total, o equivalente a mais de R$ 50 bilhões por ano, segundo a Embrapa. As startups desenvolveram soluções inteligentes de armazenamento, cadeias de distribuição curtas e o uso de blockchain para rastreabilidade.
Essas iniciativas fortalecem a segurança alimentar e aumentam o valor agregado dos produtos brasileiros. A rastreabilidade, já exigida pelas normas da União Europeia, tende a se tornar uma exigência para as exportações e uma vantagem competitiva para os produtores que buscam novos mercados.
5. Capital verde e novos modelos de financiamento
O crédito rural ultrapassou R$ 1 trilhão em 2024, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), mas apenas uma pequena parte foi destinada a práticas regenerativas. Esse espaço incentiva o avanço de instrumentos como o Fiagro — fundos que cresceram 147% em 12 meses e totalizam R$ 38 bilhões — e plataformas de investimento coletivo, como o Arara Seed, que conecta investidores a negócios de impacto.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também avalia permitir que plataformas de crowdfunding de capital financiem diretamente produtores rurais e projetos agrícolas. A medida pode ampliar o acesso ao mercado de capitais e incentivar a inovação na área.
Para Henrique Galvani, investir em inovação e sustentabilidade é condição para garantir o abastecimento futuro. “O agronegócio brasileiro tem potencial para liderar uma nova fase da produção global de alimentos, aliando tecnologia, capital e responsabilidade ambiental”, afirma.
Esta convergência entre produtividade, financiamento verde e agricultura regenerativa tende a redefinir o papel do Brasil no mapa mundial da segurança alimentar.
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