O Congresso Nacional aprovou o Programa Especial de Sustentabilidade para a Indústria Química (Presic) na manhã desta quinta-feira (30). A iniciativa oferece estímulos fiscais e regulatórios modernizar a produção, atrair investimentos e incentivar tecnologias hipocarbónicas. A medida é vista como um avanço estratégico para o setor, que enfrenta queda de competitividade e aumento da dependência de importações.
Em entrevista com Times Brasilo presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeirodestacou que o programa é essencial para garantir a sobrevivência e o crescimento da indústria química nacional, fortemente impactada pelas tarifas e pelo alto custo dos insumos.
Segundo Cordeiro, o setor químico representa 11% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria de transformação brasileiraempregando mais de 400 mil pessoas diretamente e cerca de 2 milhões indiretamente. Apesar da relevância, a produção nacional tem perdido espaço em relação aos produtos importados, principalmente oriundos de China e Estados Unidoscomo reflexo de disputas comerciais entre as duas potências.
“Passamos de uma participação de 15% a 20% de produtos químicos importados em 2007 para cerca de 50% em 2025. Hoje, metade do consumo brasileiro depende de importações”, afirmou.
Segundo ele, essa dependência compromete a soberania produtiva do paísexpõe o Brasil a riscos de desabastecimento e pode gerar impactos inflacionários em caso de mudanças políticas ou tarifárias externas.
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Isenção e incentivo à produção local
Presic prevê isenção na aquisição de matérias-primas nacionaisbuscando estimular a produção interna e substituir importações. O objetivo é tornar o meio ambiente mais competitivo e aumentar o valor agregado dos produtos químicos produzidos no Brasil.
“A matéria-prima aqui é muito cara. O gás natural, por exemplo, é quatro vezes mais caro que nos Estados Unidos ou na Ásia. A nafta petroquímica também é mais cara, e isso encarece toda a cadeia produtiva”, explicou o executivo.
Segundo ele, o programa reconhece esta realidade e evita aumentar ainda mais o custo dos insumoscriando condições para aumentar a produção e o investimento industrial.
Além dos incentivos fiscais, o Presic estabelece obrigações de retenção de emprego. As empresas que aderirem ao programa deverão preservar o nível de contratações para 2022enquanto os novos participantes deverão manter a média de 2025.
“O programa é inteligente: incentiva a produção, desonera a aquisição dos recursos naturais brasileiros e, ao mesmo tempo, protege os empregos já existentes na indústria”, disse Cordeiro. O executivo destacou ainda que o programa inclui créditos financeiros com juros reduzidosvisando ampliar a capacidade produtiva e investir em inovação.
Cordeiro chamou a atenção para o avanço nas importações de produtos essenciais – como resinas termoplásticas, fertilizantes, defensivos agrícolas, componentes de higiene e limpeza, tintas e embalagens. Segundo ele, esta dependência coloca o país numa posição vulnerável.
“Quanto mais dependentes estivermos da produção estrangeira, mais sujeitos estaremos às decisões dos governos externos. Precisamos reforçar a nossa capacidade produtiva mínima dentro do país para garantir a soberania e a estabilidade”, argumentou.
O executivo lembrou ainda que medidas como a ‘tarifa’ da administração Trump impactou diretamente a economia brasileirademonstrando a necessidade de reduzir vulnerabilidades externas.
Para o presidente da Abiquim, Presic marca o início de uma nova etapa para a indústria química nacionalcombinando incentivos à sustentabilidade e à competitividade. “Com previsibilidade regulatória, incentivos à inovação e políticas de crédito acessíveis, conseguimos criar um ambiente favorável ao crescimento sustentável e à criação de emprego”, concluiu.
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