O mercado global do cacau começa a recuperar após anos de desequilíbrio entre a oferta e a procura. Segundo a consultoria global StoneX, o saldo global da commodity deverá atingir um superávit de 287 mil toneladas em 2025/26, impulsionado pela retomada da produção em países fora da África Ocidental e pela desaceleração da demanda industrial.
Apesar da melhora, o clima ainda influencia diretamente o comportamento dos preços e o desempenho das próximas safras.
Segundo Rafael Borges, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o aumento da produção reflete a resposta dos produtores à alta dos preços desde 2023, aliada a condições climáticas mais favoráveis em parte das regiões cultivadas. “A oferta começa a reagir aos preços historicamente elevados e o clima tem permitido ganhos de produtividade em diversas áreas”, afirma.
O Costa do Marfimmaior produtor mundial, continua a enfrentar dificuldades. A safra 2024/25 encerrou com entregas 3,6% menores, totalizando 1,69 milhão de toneladas, afetada pela seca e pela queda na qualidade da amêndoa.
Embora as chuvas do primeiro semestre de 2025 tenham superado em 30% o volume do ano anterior, o trimestre seguinte registou Redução de 40% em relação à média históricao que comprometeu a vegetação e aumentou a mortalidade de brotos. A expectativa para 2025/26 foi revisada para 1,76 milhão de toneladas, mas condições climáticas irregulares ainda ameaçam a produção.
Em Ganao quadro é semelhante, embora com impactos ligeiramente menores. O país iniciou a nova colheita em agosto, beneficiando-se de um aumento de 4,2% no preço pago aos produtores, o que poderá incentivar maiores entregas de grãos. Mesmo assim, o problema climático persiste. Após um semestre inicial com chuvas 18% acima da média, os volumes entre julho e setembro caíram 40%, limitando o avanço da produção.
Além disso, o Gana continua a ser afetado pelo vírus do botão inchado do cacau (CSSVD), que afeta cerca de 30% das áreas cultivadas, e pela mineração ilegal de ouro, responsável por perdas estimadas em 10 mil toneladas anuais.
Embora a África Ocidental enfrente restrições, outros países apresentam um bom desempenho. O Equadorbeneficiada por dois anos consecutivos de clima úmido e investimentos em manejo, deverá fechar a safra 2024/25 com aumento de 38%, atingindo 580 mil toneladas, com possibilidade de chegar a 610 mil em 2026/27. “O país tem tido um regime regular de chuvas e adotado variedades híbridas mais resistentes a doenças. As atenções agora se voltam para o risco de La Niña, que pode reduzir as chuvas”, observa o analista Lucca Bezzon, da StoneX.
Nó Brasilo clima também colaborou. Segundo AIPC e CEPLAC, as chuvas regulares em 2024 e 2025 favoreceram a recuperação das lavouras na Bahia e o progresso no Pará, onde a área plantada cresce cerca de 4,4% ao ano. A produção nacional deverá atingir 215 mil toneladas em 2025/26, contra 180,8 mil na temporada anterior. “As condições têm sido favoráveis, principalmente no Norte, e o uso de híbridos adaptados aumentou a produtividade”, explica Bezzon.
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Outros produtores também ajudam a repor a oferta global. Camarões deverá colher 310 mil toneladas, ainda sob risco de avançar a podridão negra, doença que causa escurecimento e deterioração das plantas. Na Nigéria, a produção deverá aproximar-se das 360 mil toneladas, mesmo com a seca persistente e a humidade do solo no nível mais baixo em cinco anos. A Indonésia teve dois anos consecutivos de clima positivo e projeta 210 mil toneladas.
Do lado da procura, o consumo caiu. A moagem caiu 8,9% no segundo trimestre e 12,9% no terceiro de 2025, refletindo margens industriais estreitas e substituição de ingredientes. “A redução do consumo, que já era esperada desde 2023, foi confirmada neste ano. O alto custo do cacau levou a indústria a reformular produtos e cortar volumes”, diz Borges.
Com o aumento da oferta e a procura mais fraca, os stocks globais deverão atingir 1,66 milhões de toneladas até 2026/27, elevando a relação stock/procura para 35,4%, próximo da média da última década. Mesmo assim, é provável que a volatilidade continue.
“O clima continua a ser um ponto de viragem. Se o tempo continuar seco na África Ocidental entre Outubro e Novembro, os preços poderão voltar a subir. Mas o mercado caminha para um novo equilíbrio, com os stocks a recuperarem gradualmente”, conclui Bezzon.
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