Dois dos maiores setores afetados pelas tarifas mostraram-se otimistas após a rodada de negociações entre Brasil e Estados Unidos. A reunião, realizada ontem (16) em Washington entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, abriu um canal direto de contato e definiu que uma primeira reunião técnica será realizada nos próximos dias, de forma virtual.
Um encontro presencial entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva “na primeira oportunidade possível” também estava no radar, segundo nota conjunta.
Diplomacia reabre canal e agenda de rodadas técnicas
Vieira e Rubio conversaram sozinhos por cerca de 20 minutos e depois ampliaram o encontro com assessores. O foco foi o comércio bilateral, a revisão tarifária e as sanções às autoridades brasileiras. O Itamaraty classificou o clima como “construtivo” e “auspicioso” para a reversão das tarifas.
Uma fonte do setor de carnes, a título reservado, disse ao Times Brasil – Exclusive Licenciate CNBC que o o humor é positivo. A avaliação é que, com o canal político ativo, as tarifas poderão ser revistas até o final do ano. O Cecafé tem reunião com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, no dia 22, para discutir o tema e reforçar o pedido de isenção.
Carne bovina: dependência dos EUA e perda de competitividade
O presidente de Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, afirmou estar otimista com os sinais dados pelas conversas diplomáticas. Segundo ele, os Estados Unidos continuam dependentes da carne bovina brasileira e devem retomar o ritmo de importações assim que as tarifas adicionais forem revistas.
“O Brasil exporta cortes específicos. Para os EUA, o corte frontal usado em hambúrgueres”, disse. Segundo ele, a carne brasileira, mais magra, compõe o blend industrial norte-americano ao lado da carne local, mais gordurosa.
Os EUA atravessam o menor ciclo pecuário dos últimos 75 anos, com cerca de 80 milhões de cabeças. Até julho, o Brasil enviou 200 mil toneladas, o equivalente a todo o ano de 2024. A tarifa total de 76% interrompeu parte dos embarques. “Mesmo assim, enviamos cerca de 10 mil toneladas no último mês”, disse Perosa.
A indústria redirecionou volumes para a Ásia e o Médio Oriente, mas perdeu um mercado mais rentável. “O mesmo corte custou US$ 5,7 mil a tonelada para a China e US$ 7,5 mil para os EUA”, comparou. A Abiec mantém diálogo com autoridades e parlamentares norte-americanos e espera avanços nas próximas semanas.
Café: queda nas exportações e risco de troca de blends
Márcio Ferreira, presidente da Conselho Brasileiro dos Exportadores de Café (Cecafé), destacou o impacto direto das tarifas no setor e afirmou estar satisfeito com os avanços diplomáticos. “Estamos otimistas com o encontro ocorrido entre Marco Rubio e Mauro Vieira. Queremos parabenizar o governo por avançar nessas negociações, reconhecendo a importância do mercado americano para o brasileiro e, ao mesmo tempo, o reconhecimento do próprio governo americano quanto à importância do café brasileiro”, afirmou.
Ele lembrou que os Estados Unidos são o maior importador e consumidor mundial de café, enquanto o Brasil é o maior produtor e exportador. “Esses dois países não podem caminhar separados. O café verde exportado para os Estados Unidos é majoritariamente arábica — cerca de 80% —, com 10% de conilon e 10% de café solúvel, formulado especificamente para a indústria e o consumidor americano”, explicou.
Ferreira alertou para os riscos de perder espaço de forma duradoura caso a situação não se reverta logo. “A ausência desse mercado, ou a redução drástica desse mercado, impactou o setor como um todo e criou espaço para outros países ocuparem esse lugar. Isso é preocupante porque o consumidor pode se acostumar com cafés com outras características, dificultando o retorno”, disse.
O presidente também mencionou a agenda de coordenação no Brasil. “Temos uma reunião marcada com o vice-presidente Alckmin para o dia 22 para discutir esse assunto. Nossa prioridade absoluta é a isenção de tarifas para colocar o Brasil de volta em igualdade de condições com nossos concorrentes”, afirmou.
Próximas etapas
A rodada técnica virtual entre negociadores será marcada para os próximos dias. Os dois governos trabalham para facilitar um encontro entre Trump e Lula. Os exportadores de carne e café seguirão a agenda. O objetivo é restaurar a competitividade, recuperar volumes e evitar mudanças permanentes nos fluxos e padrões de consumo nos EUA.
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