Durante a COP30, a Nestlé Brasil anunciou acordo de cooperação com Embrapa avançar soluções de agricultura regenerativa nas principais cadeias produtivas da empresa no país, especialmente leite, cacau e café.
A parceria inaugura uma nova fase no relacionamento entre as duas instituições, agora focada na ciência aplicada, na medição de emissões e no desenvolvimento de tecnologias adaptadas às condições brasileiras.
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O acordo é considerado estratégico para a empresa avançar em sua meta global de neutralidade de carbono até 2050 e acelerar o uso de práticas de baixo carbono na área. Para a Embrapa, representa a ampliação do escopo de pesquisas científicas que dialogam diretamente com a transição agroambiental brasileira.
Por que Embrapa: ciência, tecnologia e políticas públicas
A escolha da Embrapa como parceiro central não é apenas técnica – é estrutural.
“A Embrapa é um pilar do conhecimento agrícola brasileiro. Trabalhar com uma instituição que domina a ciência tropical, os biomas, a genética e a gestão nos permite desenvolver soluções que façam sentido para o verdadeiro produtor, nas condições reais do campo brasileiro”, afirma. Bárbara Sollerochefe de agricultura regenerativa da Nestlé Brasil.
Ela reforça que a transição para modelos regenerativos depende da combinação de pesquisa científica, transferência de tecnologia e formulação de políticas públicas.
“Não há agricultura regenerativa sem ciência. Não há transição climática sem transferência de tecnologia. E não há escala sem políticas públicas — e a Embrapa está exatamente na intersecção desses três caminhos”, afirma.
Primeiros projetos: emissões em sistemas leiteiros e agroflorestais para cacau
Os dois primeiros estudos abrangidos pelo acordo já foram definidos:
- Leite — impacto das dietas nas emissões de metano
A pesquisa analisará o perfil de emissões de vacas em lactação submetidas a diferentes dietas. A ideia é entender, com precisão científica, como os alimentos influenciam o metano entérico e quais combinações geram menor impacto climático. “O leite é uma cadeia complexa. Para reduzir as emissões de forma consistente, precisamos medir com precisão. É impossível transformar o que não é medido. Este estudo nos dá uma resposta científica para orientar os produtores sobre o que realmente funciona em termos de emissões, produtividade e bem-estar animal”, explica Sollero. - Cacau — fortalecendo os sistemas agroflorestais na Amazônia
O segundo projeto testará arranjos produtivos de cacau em sistemas agroflorestais mais eficientes, especialmente na Transamazônica. A proposta combina produção, biodiversidade e restauração florestal. “O cacau brasileiro tem um potencial extraordinário. A Amazônia oferece condições únicas para produzir qualidade com regeneração. O que estamos fazendo com a Embrapa é liberar esse potencial com ciência, genética e desenho de sistemas agroflorestais que aumentem a produtividade, capturem carbono e restaurem a paisagem”, afirma.
A Embrapa reforça que a produção de cacau sombreado em sistemas agroflorestais é o modelo recomendado para a Amazônia no contexto da descarbonização agrícola.
Guia Nacional para Pegada de Carbono no Leite é lançado na COP30
Durante o anúncio, Nestlé e Embrapa apresentaram o Guia Nacional para Coleta de Dados da Pegada de Carbono do Leitecriado para padronizar a medição de emissões em fazendas leiteiras.
Medir a pegada de carbono da cadeia envolve dados de solo, forragem, nutrição, manejo, insumos e rebanho — um processo complexo e pouco padronizado no país.
“Inventariar carbono em uma fazenda leiteira não é simples: envolve solo, alimentação, rebanho e manejo. É quase todo um ecossistema sendo medido. O guia foi criado para padronizar essa coleta e dar credibilidade aos dados.
Três décadas de parceria e um novo capítulo na agricultura regenerativa
A relação entre Nestlé e Embrapa remonta a quase 30 anos. Em 2006, as instituições desenvolveram o Programa Boas Práticas na Fazenda Leiteira, cujo manual tornou-se referência para instruções normativas nacionais.
Em 2021, a cooperação incorporou a ciência para reduzir as emissões na cadeia láctea. Agora, ganha amplitude com acesso a mais de 40 unidades da Embrapa em todo o país.
“Este acordo reafirma a nossa convicção de que a ciência, quando aliada à prática, transforma os sistemas alimentares. É um passo importante rumo à neutralidade carbónica até 2050”, afirmou. Marcelo MelchiorCEO da Nestlé Brasil.
Selo internacional
O acordo recebeu aprovação do Instituto Nestlé de Ciências Agrárias (NIAS)criado na Suíça para acelerar a investigação em regeneração, biodiversidade e resiliência climática.
Para Sollero, esta integração é estratégica:
“A parceria conecta a ciência global à prática local, validando soluções em condições tropicais e permitindo que o conhecimento chegue ao campo mais rapidamente.”
O papel do produtor: protagonista, não espectador
A transformação da agricultura regenerativa depende diretamente do produtor rural.
“O produtor é o protagonista dessa transição. Ele não é um espectador, não está no final recebendo pedidos. Ele é o centro da transformação. Nosso papel é fornecer ciência, suporte técnico e caminhos claros para que as práticas regenerativas sejam viáveis, lucrativas e escaláveis”, afirma Sollero.
“A agricultura regenerativa é uma necessidade”
Para encerrar, o responsável pela agricultura regenerativa reforça que o Brasil tem um potencial único para liderar o tema globalmente.
“A agricultura regenerativa não é uma tendência. É uma necessidade. E o Brasil tem tudo para liderar: clima, pesquisa, biodiversidade e produtores altamente capacitados. Quando Embrapa e Nestlé trabalham juntas, aceleramos o futuro.”
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