A produção mundial de leite passa por um ciclo de expansão que deve manter os preços pressionados até o início de 2026. Segundo estudo da consultoria global StoneX, o aumento da oferta nos grandes países exportadores, como Estados Unidos, União Europeia e Argentinaocorre em um momento de consumo moderado e tende a reduzir as margens da cadeia produtiva global.
O relatório foi apresentado no webinar “Mercado de Lácteos: Panorama e Oportunidades até o final de 2025” e indica que o cenário de excesso de produção, somado ao comportamento dos custos agrícolas e das condições climáticas, pode limitar o espaço para valorização do leite no curto prazo.
A produção cresce mais rápido que a demanda
Nos Estados Unidos, os preços começaram 2025 em queda, acompanhando a queda da manteiga e outros derivados. O diretor de Inteligência de Mercado da StoneX, Nate Donnay, explicou que a oferta tem crescido acima da demanda, apoiada por ganhos genéticos no rebanho e aumento de eficiência na indústria.
Mesmo com custos estáveis, o analista prevê queda gradual nas margens a partir do final de 2025. “Os produtores ainda lucram, mas a combinação de preços mais baixos e aumento no abate de vacas pode mudar essa dinâmica no próximo ano”, afirma.
A Europa lida com doenças e exportações menos competitivas
O ambiente na União Europeia repete o padrão de margens positivas observado em 2024, mas com riscos maiores. A propagação de língua azul — doença que afetou rebanhos de vacas leiteiras na Alemanha, França e Reino Unido — tende a alterar o equilíbrio produtivo e a gerar excedentes precisamente em períodos de menor atividade industrial.
Segundo John Lancaster, diretor de Dairy and Food Consulting da StoneX para a região EMEA (Europa, África e Médio Oriente), a oferta deverá manter-se firme, mas as exportações de queijos e derivados perderam competitividade.
“O impacto imediato será contido, mas o bloco europeu deverá enfrentar margens mais estreitas a partir de 2026”, observa.
Brasil sente impacto das importações
No mercado brasileiro, o efeito é indireto, mas significativo. A consultora Marianne Tufani, da StoneX, lembra que as importações equivalem a cerca de 13% do consumo nacionalsuficiente para influenciar o preço interno.
“Quando os valores internacionais caem, o leite importado fica mais competitivo e reduz a demanda pelo produto nacional. Esse movimento pressiona o preço pago aos produtores e tem peso maior em um mercado de baixa elasticidade”, explica.
Segundo o analista, a relação de troca entre o leite e a arroba da vaca gorda continua desfavorável, principalmente em São Paulo e Goiáso que reduz o incentivo à produção. “Se o custo do milho continuar caindo, há chance de melhorar as margens em 2026, mais pela redução de despesas do que pelo aumento de preço”, afirma.
Custos mais baixos e risco climático
O colheita recorde de milho no Brasil e nos Estados Unidos, contribui para a redução dos custos com nutrição animal, aliviando parte da pressão sobre os produtores. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta estoques acima de 23 milhões de toneladas nos EUA em 2026, cenário que apoia preços mais baixos dos grãos.
Mesmo assim, o clima continua no radar. O fortalecimento do fenômeno La Nina pode causar secas no Sul do Brasil, revertendo a tendência de queda de custos e impactando a produção de leite.
Consumo interno ainda restrito
O consumo brasileiro mostra sinais mistos: a recente queda na inflação de alimentos favorece as compras, mas o dívida familiarque chega a 60% em algumas regiões, limita a plena recuperação da procura.
“Há um estímulo sazonal de final de ano, com o 13º salário e as férias, mas o comportamento do consumidor ainda depende da confiança e das condições de crédito”, diz Tufani.
A tendência de baixa continua
No balanço da StoneX, a tendência é mercado lateralmente para baixa até o primeiro trimestre de 2026. A oferta abundante nos grandes exportadores, a taxa de câmbio e a evolução da colheita de grãos devem continuar a determinar o ritmo dos preços no Brasil. Pequenos rebotes não estão descartados, mas o pressão de alimentação continua a ser um fator dominante no mercado global de laticínios.
Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Céu | Canal 592 ao vivo | Canal 187 Olá | Operadores regionais
TV SINAL ABERTO: antena parabólica canal 562
ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
Canais RÁPIDOS: Samsung TV Plus, canais LG, canais TCL, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos fluxos
 
			         
			        