A decisão dos Estados Unidos de retirar o tarifa 40% no café verde brasileiro trouxe alívio ao setor, mas deixou um ponto crítico: o café instantâneoproduto de maior valor agregado e com forte impacto no emprego e na renda, ficou de fora da nova lista de isenções. A manutenção da tarifa adicional coloca em risco um mercado considerado estratégico e historicamente liderado pelo Brasil.
Hoje, cerca 90% das exportações brasileiras de café para os EUA são café verde. Você 10% restantesreferentes ao solúvel, permanecem sujeitos à tarifa de 50% — soma da taxa básica de 10% e dos 40% adicionais. A exclusão do produto foi confirmada mesmo após a modificação da Ordem Executiva 14.323, que corrigiu distorções criadas em novembro, quando concorrentes como Vietnã, Indonésia e Nicarágua tiveram tarifas reduzidas a zero.
Setor vê risco imediato e exige atenção
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, a exclusão preocupa toda a rede. “O café solúvel representa 10% das exportações para os EUA e continua sujeito a tarifas não só para o Brasil, mas para outras origens. Já estamos em contato com a embaixada em Washington, com Brasília e com nossos importadores para trabalhar nessa questão”, afirmou.
O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, acrescenta que ainda existem produtos específicos, como os solúveis, que não constam do anexo do decreto. “Hoje temos um ambiente de negociação. O Brasil precisa avançar para gerar riqueza nos dois países, mas o solúvel precisa ser considerado.”
ABICS: impacto já é “severo” e ameaça lideranças históricas
Em comunicado oficial, o ABICSque representa toda a produção nacional de café solúvel, afirmou que a exclusão do produto das isenções é um retrocesso significativo.
A associação reporta efeitos imediatos desde a adoção da tarifa em agosto:
- Queda de mais de 52% nas exportações de solúveis para os EUA;
- Perda de liderança histórica: pela primeira vez desde a década de 1960, os EUA deixaram de ser o principal destino do solúvel brasileiro;
- Reconfiguração do mercado global: a Rússia assumiu a liderança como principal importador;
- Risco competitivo: o mercado americano representa 20% do volume exportado e se move US$ 200 milhões por ano.
Segundo a ABICS, as tarifas inviabilizam a competitividade dos produtos brasileiros e favorecem outras origens. O setor teme que a perda de posição nas prateleiras americanas se torne permanente.
“A manutenção da tarifa abre espaço para substituição definitiva do café solúvel brasileiro. Perdida essa participação e fidelização do consumidor, a recuperação será extremamente difícil”, alerta a associação.
Cadeia produtiva teme efeito sobre emprego e renda
O café instantâneo tem um impacto mais amplo no mercado de trabalho. Para cada trabalho na produção de grãos de café, o café solúvel gera três a quatro novas postagens. “É um produto acabado, com maior valor agregado. Daí a sua relevância para a economia e para as regiões produtoras”, afirma Márcio Ferreira.
A ABICS enfatiza que o produto é o 13º item mais exportado do agronegócio brasileiro e fornece mais de 100 paísescom receita anual de US$ 1,1 bilhão.
Perdas no café verde mostraram o tamanho do problema
Antes da retirada da tarifa sobre o café verde, o setor já sofria uma forte recessão. As exportações totais do Brasil para os EUA caíram:
- 46% em agosto;
- 52,8% em setembro;
- 54% em outubro.
Com a tarifa de 40%, o Brasil caiu para o terceiro lugar entre os maiores fornecedores de café ao mercado americano, atrás de Alemanha e Itália. O café brasileiro foi substituído por blends de origens que tinham tarifa zero.
Segundo Matos, “a retirada de 40% restaura a igualdade e as condições de competir”, mas este reequilíbrio não cobre o solúvel.
Setor pede ação diplomática imediata
A ABICS afirma estar mobilizada em todas as frentes diplomáticas, com apoio do Cecafé, ABIC, CNA, CNC e de parceiros americanos como a National Coffee Association (NCA).
A associação afirma que continuará trabalhando para demonstrar a interdependência entre Brasil e Estados Unidos no comércio de café e reforça que o café solúvel tem importância histórica para ambos os mercados.
“Acreditamos que, com diálogo e cooperação, será possível chegar a uma solução que beneficie o consumidor americano, a indústria brasileira e os produtores de café no Brasil”, afirma a diretoria da ABICS.
Imagem do café brasileiro precisa ser reforçada
Além da negociação tarifária, o setor defende maior investimento em marketing e presença de marca nos EUA. “Se o produto fosse mais conhecido como item final, muitos desses problemas poderiam ser evitados”, diz Ferreira.
Para ele, o consumidor americano já percebeu o impacto da redução das importações brasileiras. “Os preços subiram muito. Agora sabemos que podemos fazer melhor daqui para frente.”
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