A 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro deferiu o pedido de recuperação judicial do Grupo Ambipar, empresa cujas ações viram suas ações derreterem nos últimos meses em meio à perda de credibilidade junto ao mercado. A decisão marca o início formal do processo de reestruturação financeira da empresa, que tem passivos estimados em cerca de R$ 10,5 bilhões.
A aprovação também dá início ao período de 180 dias de suspensão de execuções e cobranças — o chamado período de suspensão —, o que garante estabilidade às negociações com os credores enquanto o grupo prepara o plano de recuperação judicial.
Segundo a Ambipar, suas atividades permanecem preservadas, sem impactos para clientes, fornecedores ou parceiros comerciais. Os pagamentos e contratos permanecem em dia e as operações mantêm ritmo normal em todas as unidades.
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Contexto
A Ambipar, gigante brasileira de gestão ambiental, vive o momento mais turbulento de sua história. A empresa, que se tornou símbolo de sucesso e sustentabilidade ao adquirir cerca de 80 empresas em 40 países e empregar mais de 20 mil pessoas, entrou com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no dia 20 de outubro.
A decisão ocorreu quatro dias antes do fim da tutela judicial temporária de 30 dias, que impedia os credores de cobrar dívidas imediatamente. A empresa, que já tinha saldo de caixa de R$ 4,7 bilhões, agora enfrenta uma dívida estimada em cerca de R$ 11 bilhões.
“Comprou muitas empresas a preços muito baixos, empresas que tinham problemas financeiros muito complexos”, explicou Juliana Inhasz Kessler, professora do Insper. “Isso fez com que o mercado revertesse a percepção de uma empresa sólida para uma empresa muito endividada e alavancada.”
A queda começou com uma expansão agressiva financiada por dívida. Em 2024, a Ambipar emitiu títulos verdes no valor de US$ 550 milhões, com vencimento em 2031. Na prática, isso significa que a empresa buscou dinheiro no exterior para investir em projetos sustentáveis. Em outras palavras, criou dívida corporativa.
Como esses títulos são emitidos em dólares, se a moeda subir, a dívida da Ambipar também aumenta.
Para se proteger dessa variação cambial, um banco credor foi contratado para fornecer proteção financeira, conhecido como hedge —uma espécie de contrato derivativo chamado swap, que fixa o valor do dólar.
Como o dólar era fixado pelo acordo, caso o preço subisse, o banco pagaria a diferença à Ambipar.
Se caísse, a empresa pagaria.
Um novo capítulo da crise
Em janeiro de 2025, a Ambipar emitiu um novo título — 493 milhões de dólares —, utilizando parte desse dinheiro para pagar 200 milhões do título anterior e o restante para novos projetos.
Mas, em agosto, veio a reviravolta: o banco fez um aditivo ao contrato, estabelecendo que, caso houvesse instabilidade no preço dos títulos verdes ou desvalorização do dólar, a Ambipar teria que depositar 60 milhões de reais como garantia adicional —a chamada margem.
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