O entusiasmo pelas ferramentas de inteligência artificial parece ter diminuído no ano passado, após pelo menos dois anos da emoção que sucedeu a criação do ChatGPT. É isso que uma pesquisa de consultoria da KMPG revela com 48.000 pessoas em 47 países.
Em uma entrevista à DC News, o principal parceiro de tecnologia da KPMG, Frank Meylan, disse que o resultado reflete o maior conhecimento das pessoas. “O que estamos observando é um processo natural de maturidade e aprendizado sobre a tecnologia”.
Segundo o estudo, 54% das pessoas suspeitam da IA, enquanto 70% delas argumentam que a questão requer regulamentação.
No Brasil, onde essa desconfiança é particularmente maior (de acordo com Meylan, é um comportamento natural entre os países menos desenvolvidos), a preocupação com as consequências do uso de tecnologias, profissionais ou privadas, saltou de 49% em 2023 para 75% dos respondentes no ano passado, de acordo com Trust, Attitudes e Uso de Inteligência Artificial: KPMG Global Study 202.
O executivo também afirmou que as pessoas estão entendendo melhor os riscos e benefícios da IA, “o que leva a uma postura mais crítica”. Uma particularidade do Brasil: embora os brasileiros hoje acreditem que a IA traz mais riscos do que perdas, o país continua sendo um dos mais aderentes às tecnologias entre todos os traços emergentes dessa cultura, há adeptos das inovações que o Brasil sempre teve.
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Entre as razões para o medo, especialmente entre os países subdesenvolvidos, o impacto da tecnologia no mercado de trabalho se destaca, substituindo a mão -de -obra pelos serviços de IA. A preocupação aumentou globalmente de 49% para 62% em um ano.
Isso não significa, no entanto, que ainda não existem muitas expectativas positivas em relação à eficiência, criatividade e redução de tarefas repetitivas trazidas pela IA. Confira a entrevista de Meylan com a DC News na íntegra:
Quais são as principais ferramentas de IA atualmente usadas?
Eles são oferecidos principalmente por grandes empresas de tecnologia. O mais conhecido é, sem dúvida, chatgpt, amplamente usado em todo o mundo. Ele foi um dos maiores sucessos em termos de adesão, atingindo milhões, talvez até bilhões de usuários em um curto período.
E além do chatgpt?
Existem vários concorrentes com um alto nível de qualidade, em alguns casos até mais. Um exemplo é o gêmeos do Google e outro é Claude do Antrópico. Muitas outras empresas estão desenvolvendo suas próprias soluções, alguns focos mais específicos, como geração de imagens ou textos. Hoje, existem milhares de ferramentas que estão sendo lançadas e existem até sites especializados em monitorar essas notícias semanalmente.
O nível de desconfiança aumentou entre 2022 e 2024. Existe uma tendência de queda de uso?
Eu não acredito nisso. O que estamos observando é um processo natural de maturidade e aprendizado sobre a tecnologia. As pessoas estão entendendo melhor os riscos e benefícios, levando a uma postura mais crítica, o que é positivo.
Então, o uso foi feito com maior consciência?
Sim. Esse maior entendimento permite o uso mais consciente e estratégico da IA, equilibrando riscos e oportunidades. Isso não é uma rejeição da tecnologia, mas uma evolução para entender seus riscos e potenciais.
A confiança na IA caiu mesmo com o aumento da adoção. Isso indica um pensamento mais crítico?
Sim, há uma crescente consciência dos riscos e limitações da IA. Também há medo de substituição do trabalho. No entanto, acredito que o caminho certo é usar a tecnologia para aumentar a produtividade, permitindo que os funcionários e adapte as funções.
Você acredita que a IA afetará o nível de ocupação?
Transformações nos modelos de trabalho sempre existiram. As profissões foram extintas, mas outras emergiram. Com a IA, não será diferente. Novas funções, como testes, controle e supervisão de IA, estão sendo criadas. O importante é equilibrar a tecnologia com o desenvolvimento humano.
Por que a confiança nessas tecnologias é maior em países menos desenvolvidos?
Esta pergunta está relacionada à nossa pesquisa. Nos países desenvolvidos, especialmente na Europa, há uma maior preocupação com a privacidade dos dados.
Como está na Europa e em outras regiões?
Os cidadãos europeus, por exemplo, tendem a ser mais cautelosos ao armazenar informações pessoais, o que pode reduzir a adesão a essas ferramentas. Por outro lado, em países com menos preocupação regulatória ou cultural com a privacidade, como o Brasil, essa resistência é menor.
O nível de alfabetização na IA é mais alto nos países desenvolvidos?
Não é possível dizer com certeza sem dados específicos, mas é provável que sim, especialmente devido à maior exposição e ao uso contínuo dessas tecnologias. À medida que as pessoas conhecem melhor o potencial da IA e percebem os benefícios que ela traz para seus negócios ou atividades, a confiança e o uso tendem a crescer.
O que faz do Brasil um país tão interessado em IA?
O Brasil sempre teve um perfil altamente receptivo para novas tecnologias. Isso pode ser observado, por exemplo, na ampla adoção de fintechs e redes sociais. O brasileiro está entre os maiores usuários de redes sociais do mundo, tanto proporcionalmente à população quanto no tempo de uso. No caso da IA, não era diferente. Houve uma adesão rápida, especialmente entre os alunos e no ambiente corporativo.
Quais são as principais tendências para o Brasil em comparação com a IA?
Uma tendência clara é a expansão do uso de agentes autônomos de IA de maneira tão parecida. Além da aprendizagem, esses agentes podem tomar decisões e executá -las com base no raciocínio lógico e na cadeia de ação. Isso aprimora os fluxos automatizados e tem um enorme valor para as empresas. Já estamos vendo testes e implementações em 2024, e acredito que no próximo ano o foco estará na escalabilidade desses agentes em diferentes áreas corporativas.
Quais setores da economia estão mais envolvidos no uso da IA?
O setor financeiro é o que lidera essa transformação. Não é de admirar que a Febbraban Tech, a maior feira de tecnologia da América Latina, esteja organizada por bancos. O sistema financeiro brasileiro é altamente digitalizado, como demonstrado pelo sucesso do PIX. Além do setor financeiro, áreas como telecomunicações também estão avançando, especialmente com a adoção de cuidados automatizados mais sofisticados.
Então, o que podemos esperar da IA no Brasil nos próximos anos?
A tendência é que a IA se espalhe por todos os setores, embora alguns, como a saúde, exijam mais cuidados devido a implicações éticas e de segurança.
Existe uma corrida global para o uso dessas tecnologias?
É importante estar ciente do que está sendo desenvolvido fora do eixo ocidental, especialmente na China. Um bom exemplo é o Chatbot Ernie Bot, do Baidu, que causou muita repercussão no mercado devido à sua alta precisão e tempo de desenvolvimento extremamente curto. Isso mostra que a concorrência global está se expandindo, incluindo diferentes abordagens.
O que está faltando para as empresas adotarem completamente a IA?
Um dos principais desafios é garantir a qualidade das respostas oferecidas pela IA. Sabemos que, por natureza, esses modelos podem apresentar “alucinações”, ou seja, informações imprecisas ou erradas. No uso pessoal, o impacto de um erro pode ser pequeno, mas no ambiente corporativo, ele pode gerar sérias conseqüências.
O que fazer para garantir que isso não aconteça?
É essencial estabelecer controles de qualidade e governança. Aqui na KPMG, por exemplo, adotamos uma estrutura chamada modelo operacional de IA, que regula o uso de IA de acordo com o grau de criticidade das atividades em que é inserida. Quanto mais crítica a atividade, maior o nível de controle associado.
Por que o uso da IA é maior entre as maiores empresas de receita?
O principal motivo é o custo. Grandes fornecedores de tecnologia, como Microsoft, Google e Anthrópicos, cobram pelo volume de informações processadas, os tokens chamados custam. Quanto mais palavras ou dados analisados, maior o custo. Para empresas menores, esse custo pode ser proibitivo. Mas existem soluções de código aberto que permitem a adoção com menos investimento, mesmo com algumas limitações.
Não é contraditório que os países emergentes adotem mais IA, mas as pequenas empresas usam menos?
Pode parecer contraditório à primeira vista, mas a explicação está nos custos e na maturidade dos negócios. As grandes empresas adotam mais rápido porque têm mais recursos e estruturas de governança. Mas startups e pequenas empresas também estão se movendo. Hoje, quase toda startup brasileira precisa incorporar algum tipo de IA para se manter competitiva.
Existe uma certa decepção entre pequenos e médios empreendedores com o uso da IA?
Possivelmente, sim, e isso se refere à infraestrutura necessária para o uso seguro de IA. As grandes empresas são maduras em governança e capacidade de investir em controles. Para pequeno e médio, esse investimento pode não ser viável a curto prazo.
Isso deve mudar com o tempo?
É uma barreira temporária. Com o tempo, o custo das tecnologias tende a cair, tornando -as mais acessíveis. Além disso, existem modelos gratuitos de IA de código aberto que podem ser uma boa alternativa para menos recursos.
O que diferencia, em pesquisa, uma IA superficial de tecnologias essenciais?
A principal diferença está no escopo e profundidade dos modelos de treinamento. Simplificando, essas tecnologias buscam indexar o conhecimento disponível na Internet, oferecendo respostas mais completas do que as ferramentas de pesquisa tradicionais como Google ou Bing.
Você pode dar um exemplo na prática?
Anteriormente, ao fazer uma pesquisa on -line, era necessário acessar vários sites, ler conteúdo e criar uma resposta. Com a IA, esse processo é automatizado. A pesquisa de ferramentas, analisa as informações e oferece uma resposta pronta e elaborada, acelerando o aprendizado e melhorando a qualidade da pesquisa.
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