Dois meses após a entrada da “tarifa” dos Estados Unidos, as exportações brasileiras continuam sob forte pressão, com impactos diferenciados entre regiões, segundo análise do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do FGV IBRE.
Enquanto o Nordeste concentra as maiores quedas percentuais, os grandes pólos industriais do Sul e Sudeste acumulam as maiores perdas em valor absoluto.
A pesquisa aponta ainda que os efeitos do reajuste tarifário são persistentes e apresentam risco estrutural para setores estratégicos da economia brasileira.
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Desempenho percentual
Entre os seis estados com pior desempenho percentual nas exportações para os EUA em setembro de 2025, quatro estão no Nordeste. Os destaques negativos incluem:
- Mato Grosso: -81,0%
- Tocantins: -74,3%
- Alagoas: -71,3%
- Piauí: -68,6%
- Rio Grande do Norte: -65,0%
- Pernambuco: -64,8%
Segundo o estudo, a vulnerabilidade da região se deve à “tarifa muito concentrada, maior presença de itens com tarifas e logística irregular, com embarques concentrados”. Os estados com menor diversificação de produtos foram os mais afetados.
Perdas em dólares
Apesar de liderarem as quedas percentuais, os estados do Nordeste não foram os que mais perderam valor. Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná cadastrados as maiores perdas em dólarescom efeitos potenciais sobre a actividade económica, o emprego e as receitas. Entre eles:
- Minas Gerais: queda de US$ 236 milhões (de US$ 466,96 milhões para US$ 231,15 milhões)
- Santa Catarina: prejuízo de US$ 95,9 milhões
- São Paulo: prejuízo de US$ 94 milhões, apesar de queda percentual moderada de 7,7%
- Rio Grande do Sul: US$ 88,8 milhões
- Rio de Janeiro: US$ 88,8 milhões
- Paraná: US$ 82,4 milhões
Nos pólos industriais do Sul e em Minas Gerais, a queda de 50% a 56% está ligada aos setores de intermediários, peças e metalurgia. O FGV IBRE alerta que “parte das perdas já tem caráter estrutural, e não apenas efeito de calendário”, refletindo antecipação de embarques em meses anteriores.
Produtos isentos atuam como um amortecedor
Estados de menor impacto, como São Paulo, foram beneficiados pela exportação de produtos isentos de tarifas, que cresceu 14,2% no ano, atingindo US$ 624,45 milhões. Na Bahia, os produtos isentos sustentaram crescimento anual de 45,5%.
Em outros estados, porém, o efeito protetor falhou. Pernambuco (-95,8%) e Minas Gerais (-51,9%) também registraram queda nos produtos isentos, piorando o resultado total.
Sinais de adaptação em alguns estados
Alguns estados conseguiram reconfigurar a sua agenda de exportações. O Ceará registrou aumento de 152,9% nas exportações totais, e Goiás, 20,9%, incluindo produtos não isentos, indicando melhor adaptação às novas regras comerciais. No Ceará, o crescimento foi impulsionado por itens como “outras pedras de alvenaria trabalhadas de outras formas e suas obras”.
O estudo conclui que a precificação nos EUA “inaugurou um período de mudanças de calendário, reprecificação e redirecionamento de pedidos”, exigindo que estados e empresas utilizem estratégias de gestão de risco e realocação de mercado.
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