O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (24), ao final da visita de Estado à Indonésia, que o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não terá tema vetado. Os dois líderes têm encontro marcado no domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia. A tarifa imposta ao Brasil deverá ser o tema central do encontro.
“Será um encontro livre, em que poderemos dizer o que queremos, como queremos, e ouviremos o que queremos — e o que não queremos também. Tenho convicção de que será bom para eles e para o Brasil. Voltaremos à normalidade”, afirmou.
Apesar das expectativas em torno do encontro, o presidente brasileiro explicou que não espera resultados imediatos do encontro com Donald Trump. Segundo ele, o diálogo servirá principalmente para restaurar o canal político entre os dois países e abrir caminho para futuras negociações em áreas de interesse comum.
O presidente disse ainda que quer discutir sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como a Lei Magnitsky e a revogação de vistos, além de questões geopolíticas, como China, Venezuela e Rússia.
“O Brasil tem interesse em colocar a verdade sobre a mesa, mostrar que os Estados Unidos não são deficitários, portanto não há justificativa para a tributação imposta ao Brasil. Também não há explicação para a punição de ministros ou figuras públicas brasileiras pelas leis americanas.
Lula critica ações de Trump no Mar do Caribe
O presidente também criticou mais uma vez as decisões de Trump em relação às operações no Mar do Caribe, conduzidas pelas Forças Armadas dos EUA contra os acusados de fazerem parte dos cartéis de drogas venezuelanos. A ação é vista como uma ameaça de intervenção militar na Venezuela e preocupa o governo brasileiro.
Trump comparou os traficantes de drogas a grupos terroristas como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico. Lula disse que a soberania territorial e a autodeterminação do povo devem ser respeitadas e que terá “imensa satisfação” em discutir o tema com o republicano.
“Você não diz que vai matar pessoas. Você tem que prender, julgar e descobrir se elas estavam ou não traficando, e depois puni-las de acordo com a lei”, disse Lula, em mais uma crítica à política militar de Trump. “É o menos esperado de um chefe de Estado.”
O petista sugeriu que Trump priorizasse o tratamento dos usuários em vez do envio de tropas por terra, ar ou mar, e defendeu a cooperação policial na região.
“É muito melhor que os Estados Unidos estejam dispostos a conversar com a polícia e o Ministério da Justiça de outros países para agirem em conjunto. Porque, se a moda pegar, cada um vai pensar que pode invadir o território do outro. Onde está a respeitabilidade da soberania dos países?”, questionou.
Lula também comentou que existe uma relação de dependência entre traficantes e usuários:
“Cada vez que falamos em combate às drogas, talvez fosse mais fácil combater internamente os nossos dependentes. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que também são suas vítimas. Há uma troca: quem tem comprador vende, quem tem comprador compra, quem vende”, disse.
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Acordo imediato não é garantido
Lula afirmou que não espera um acordo imediato com Trump na reunião marcada para domingo. O encontro, marcado para a tarde em Kuala Lumpur, deverá abrir uma sequência de negociações técnicas e políticas entre ministros brasileiros e secretários norte-americanos.
“Se eu não acreditasse que era possível fazer um acordo, não participaria. Mas o acordo certamente não será feito amanhã, nem depois de amanhã, quando me encontrar novamente com ele. Será construído pelos negociadores”, declarou Lula, antes de decolar de Jacarta, na Indonésia, com destino à capital malaia.
“Nunca participo de uma reunião onde não acredite no sucesso. Só saberei se deu certo depois de participar. Então, vou com a expectativa de que teremos sucesso naquilo que interessa ao Brasil.”
Questionado por Estadão Sobre o prazo considerado razoável para um acordo, Lula respondeu:
“Quanto mais cedo melhor. Se eu pudesse lhe dar uma resposta, eu o faria. Eu gostaria que fosse ontem, mas se for amanhã, tudo bem.”
O petista não detalhou quais setores econômicos estarão em pauta, como minerais críticos (inclusive terras raras), e disse que o encontro é aguardado há algum tempo, destacando que o Brasil sempre esteve disponível para o diálogo.
Segundo Lula, houve um “certo truncamento” nas negociações, mas, após um telefonema entre os dois líderes, as negociações avançaram. O presidente disse que queria reconstruir uma relação civilizada com os Estados Unidos.
“Tenho todo interesse em fazer essa reunião, disposto a defender os interesses do Brasil e mostrar que houve erros na tributação e nas punições dos ministros do Supremo, que não têm explicação.”
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