A inflação não aparece apenas no supermercado ou no posto de gasolina. Também está nas prateleiras e dentro das casas, silenciosa e constantemente.
O alerta é do especialista Marcelo Gontijo, CEO da Novoto, que chama o fenômeno “inflação invisível” — quando o dinheiro perde valor porque os produtos entregam menos, duram menos ou perdem qualidade ao longo do tempo.
“Há uma inflação que não está nos índices oficiais, mas no dia a dia das famílias. Faz com que o consumidor gaste igual e receba menos em troca”, explica.
A raiz do problema reside na ausência de regras claras relativas à durabilidade dos bens de consumo.
No momento, não há regulamentação do Inmetro sobre vida útil média de eletrodomésticos ou eletroeletrônicos. Cada fabricante define quanto tempo seus produtos devem durar sem a necessidade de seguir parâmetros técnicos.
O Portaria Inmetro nº 148, de 2022apenas garante segurança de uso, mas não estabelece padrões mínimos de resistência ou durabilidade. Já o Código de Defesa do Consumidor protege contra defeitos, mas também não define quanto tempo o produto deve durar em condições normais de uso.
As três faces da inflação oculta
Segundo Gontijo, a inflação invisível se manifesta de três formas principais no consumo corrente:
Reduflação – ocorre quando o produto diminui de tamanho, mas o preço permanece o mesmo. Um pacote de biscoitos que antes vinha com 150g agora tem 120g, sem desconto.
Alterflação – aparece quando o fabricante substitui os insumos por versões mais baratas. O produto mantém o mesmo peso e preço, mas perde qualidade, como ocorre com o “sabor chocolate” em vez de “chocolate”.
Inflação eletrônica – é o caso obsolescência planejadacom dispositivos que quebram mais cedo do que o esperado. A falta de peças, materiais frágeis e lançamentos constantes reduzem o ciclo de vida de produtos como celulares e geladeiras.
Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), as pessoas esperam que seus aparelhos durem mais dois a três anos do que realmente duram hoje.
Impacto na sua carteira e no meio ambiente
A perda não é apenas financeira. A constante reposição de bens também gera impactos ambientaisaumentando a produção de lixo eletrônico e o descarte de materiais.
“Produtos que quebram rapidamente significam mais desperdício e mais pressão no orçamento familiar. É um custo duplo: para o bolso e para o planeta”, afirma Gontijo.
Ele defende que os consumidores conheçam esses mecanismos e utilizem as informações como ferramenta de defesa.
“Entender como funcionam essas práticas é o primeiro passo para fazer escolhas mais conscientes e exigir qualidade dos fabricantes”, completa.
Como se proteger
Na ausência de regras específicas sobre durabilidade dos produtos, o especialista orienta que os consumidores manter faturas, registrar garantias e monitorar prazos de cobertura.
Algumas plataformas oferecem suporte nesse processo, armazenando documentos e enviando alertas automáticos de garantia.
“O objetivo é ajudar as pessoas a manterem o controle sobre seus ativos e evitarem perdas por falta de informação”, explica.
Para ele, a forma de enfrentar a inflação invisível passa por uma mudança de mentalidade:
“Não se trata de comprar o mais barato, mas de compre melhor. Quando o produto dura menos, o dinheiro também dura menos.”
Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Céu | Canal 592 ao vivo | Canal 187 Olá | Operadores regionais
TV SINAL ABERTO: antena parabólica canal 562
ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
Canais RÁPIDOS: Samsung TV Plus, canais LG, canais TCL, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos fluxos