Parece uma contradição: como a má criação de empregos pode ser “celebrada” pelos mercados financeiros? Foi exatamente o que aconteceu na sexta-feira (5), depois que o relatório da folha de pagamento-que mostra a criação de empregos não rurais nos Estados Unidos indicando que o país gerou apenas 22.000 vagas em agosto, contra a expectativa de 75.000.
Assim, a taxa de desemprego subiu para 4,3%, de acordo com as projeções, enquanto os dados de julho foram revisados para 79.000 novos empregos. O resultado aponta para a desaceleração da economia americana e reforça a visão de que o Federal Reserve deve iniciar cortes de juros na reunião de setembro. Com os FUDs do Fed atualmente entre 4,25% e 4,50% ao ano, grandes investidores tendem a realocar os recursos do Tesouro dos EUA para outros mercados, como o Brasil, onde Selic segue 15% ao ano, bem como ativos de renda variáveis em todo o mundo.
A reflexão foi imediata. A IBovespa superou os 143.000 pontos pela primeira vez em sua história, as sacolas em Nova York ganharam respiração e o dólar caiu contra o real, citado em torno de R $ 5,40, após a desvalorização geral da moeda americana.
Para o economista André Perfect, os números “jogam uma pá” na idéia de que o Fed poderia adiar a redução de juros. Ele lembra que os tesouros rendem firmemente e que a queda do dólar não se deve ao fortalecimento do real, mas à fraqueza da moeda americana. O suporte a US $ 5,30, segundo ele, é decisivo: quebrado neste nível, a borda pode cair até US $ 5,10. Esse movimento já pressiona as projeções de inflação no Brasil, especialmente nas taxas de câmbio, como o IGP-M, e pode abrir espaço para cortes de juros pelo banco central.
William Castro Alves, principal estrategista da Avenue, reforça a leitura de que o mercado de trabalho americano mostra sinais consistentes de fraqueza. Ele lembra que já se passaram quatro meses seguidos com as expectativas abaixo e que, em agosto, setores como comércio e indústria perderam vagas, enquanto a assistência social e a saúde puxou a criação. A reação dos mercados refletiu taxas de juros mais baixas em tesouros de curto prazo e a clara expectativa de cortes neste mês.
Na mesma direção, Paula Zogbi, estrategista -chefe da Nomad, diz que a probabilidade de corte de interesse na reunião do FOMC de 17 de setembro é praticamente 100%. Parte do mercado até tem um preço mais agressivo de 0,5 pontos, embora a maioria espere 0,25. Para ela, a fraqueza do emprego pesa mais do que a inflação ainda alta. A recuperação das sacolas dos EUA, após a queda inicial, mostrou a forte correlação entre taxas de juros mais baixas e apetite por risco, especialmente no setor de tecnologia, impulsionado pelos resultados da Broadcom.
No Brasil, a taxa de câmbio também refletiu esse movimento externo. O diretor de troca de Ourominas, Elson Gusmão, observa que Selic a 15% mantém a atratividade dos ativos locais e favorece o real entre as moedas emergentes. Ele lembra que o cenário interno ainda é marcado por notícias políticas e aguardando novos dados de inflação, mas no curto prazo, é o mercado de trabalho americano que determina o ritmo do dólar.
Para Fernando Siqueira, estrategista da Onze Financial, o quadro externo aumenta os sinais locais que podem acelerar a redução selera antes do esperado. Ele ressalta que a apreciação do real, das altas taxas de juros e da queda nos preços das commodities estão ajudando a controlar a inflação no Brasil. Esse movimento, diz ele, pode favorecer os setores mais sensíveis ao custo de crédito, como construção, transporte e educação. Siqueira também ressalta que o Real já avaliou 12% em 2025 e que a inflação de queda tende a manter esse ambiente positivo para ativos domésticos, beneficiando empresas destinadas a mercados domésticos.
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