O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a proposta tarifária de 15% a 20% para países que não têm um acordo comercial com os EUA. A medida, disse ele, deve alcançar o que chamou de “o resto do mundo”.
Para o economista Ricardo Balistiero, médico e coordenador do curso de administração do Mauá Technology Institute (IMT), o discurso faz parte de uma estratégia política ligada às eleições de termo médio nos Estados Unidos. “Em 15 meses, há eleições em termos de mandato e há uma forte possibilidade de mudança política. Ele usará sua maneira particular de radicalizar”, disse ele.
Ainda para Balistiero, a posição de Trump indica um padrão de comportamento bem conhecido: ao concluir negociações, o presidente geralmente apresenta os acordos como vitórias unilaterais, mesmo quando os resultados são contestáveis. “Toda vez que uma negociação é feita, a primeira coisa que Trump faz é a vitória, mesmo que seja uma negociação questionável, como fez com o Japão”, disse ele.
Isenções para o produto e impacto no Brasil
A entrevista também abordou a possibilidade de isenções específicas para alguns produtos brasileiros. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que produtos não produzidos localmente, como café, manga e abacaxi, podem ser cobrados em zero.
Ricardo Balistiero reconhece que pode haver exceções, mas aponta que isso não elimina o uso do Brasil como um instrumento estratégico nos acordos comerciais dos EUA. “Você sugere uma forte hipótese de que o Brasil é usado como parte de uma estratégia de negociação. Parece que isso é muito claro”, afirmou.
Ele também mencionou que os Estados Unidos são excedentes com o Brasil, o que torna difícil a aplicação de tarifas um movimento é difícil de entender economicamente. No entanto, observa que, internamente, existem setores nos EUA que podem pressionar esse tipo de tarifa.
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Multilateralismo e isolamento
O economista lembrou que os EUA eram historicamente defensores do multilateralismo pós-guerra. Segundo ele, a proposta de tarifas unilaterais rompe com essa tradição e enfraquece as instituições internacionais.
Balistiero apontou que o presidente dos EUA não tem poder absoluto para impor tarifas e que muitas das medidas anunciadas podem ser revertidas. “Muitas dessas taxas podem ser derrubadas nos próximos meses”, disse ele.
Em relação ao papel do Brasil nas negociações, ele argumenta que o país precisa de um governo ativo em defesa de interesses comerciais. “O Brasil precisa de um presidente público para defender o país”, disse ele.
Isolamento americano e alianças brasileiras
O economista afirmou que os Estados Unidos podem estar mais isolados do que o Brasil no cenário internacional atual. “Quem está isolado, principalmente, é os Estados Unidos. O Brasil tem apoio, tem alianças. O Brasil não está isolado.”
Ele também mencionou que a China é hoje um parceiro central do Brasil e que isso pode reforçar a posição do país em negociações multilaterais.
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