Uma falha nos servidores em nuvem da empresa Amazon Web Services (AWS) mais uma vez expôs a dependência global de alguns fornecedores responsáveis por sustentar a internet. O problema, localizado nos data centers da empresa em Virgínianos Estados Unidos, tomou plataformas como Mercado Livre, PicPay, Vídeo principal e até o assistente virtual alexa.
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O episódio reacendeu o debate sobre o concentração da infraestrutura digital global nas mãos de algumas grandes empresas de tecnologia e os riscos de um colapso sistémico quando uma delas falha. Para explicar as causas e implicações da falha, o Times Brasil – Licenciado Exclusivo da CNBC conversei com Igreja Arturespecialista em tecnologia e inovação.
O que causou a falha
Segundo Igreja, parte da explicação já foi divulgada pela própria Amazon. “Foi um fracasso do que se chama DNS“, disse o especialista. Ele explicou: “Quando acessamos um site, digitamos o nome porque é fácil de lembrar, mas o que realmente está por trás dele é um endereço numérico, o PI. Seria impossível memorizar todos esses números, então o DNS faz essa tradução — é como uma lista de contatos da internet, que associa nomes a números.”
Segundo o especialista, o problema ocorreu quando este estrutura de tradução foi quebrada dentro dos servidores de AWS. “Na prática, os aplicativos se tornaram inúteis, pois não conseguiam acessar seus próprios bancos de dados. O usuário abria o app, mas ele não conseguia se conectar internamente, tornando-o totalmente inoperante”, declarou Igreja.
REUTERS/Anushree Fadnavis/Foto de arquivo
Efeitos nas cadeias
A falha afetou mais de 500 aplicativos em diferentes setores, desde companhias aéreas até plataformas financeiras. “Alexa parou de funcionar, o Prime Video caiu e os aplicativos das companhias aéreas não permitiam check-in ou emissão de cartões de embarque”, relatou Igreja.
O impacto, segundo ele, foi imediato e global. “Tivemos empresas incapazes de concluir pagamentos ou processar transações. Isto tem um efeito dominó na economia real. Embora o problema tenha sido corrigido, a restauração completa dos serviços leva horas, às vezes até dias.”
Dificuldade em calcular a perda
Igreja afirmou que Estimar a perda económica de uma avaria deste tipo é extremamente complexo. “É imensamente difícil calcular. Alguns economistas tentam modelar essas perdas, mas só teremos números concretos no próximo trimestre, quando as empresas afetadas divulgarem seus resultados. Eles reportarão quedas de receitas diretamente ligadas à falha na nuvem da Amazon”, explicou.

Reprodução.
Concentração global e riscos de dependência
A concentração da infraestrutura digital mundial nas mãos de alguns gigantes — como Amazônia, Microsoft e Google (alfabeto) — é, segundo o especialista, uma das maiores vulnerabilidades do sistema.
“Esse é um problema global, e não exclusivo das big techs ou dos Estados Unidos. No Brasil, por exemplo, a infraestrutura está concentrada basicamente em três pontos: São Paulo, Rio de Janeiro e Forçaonde chegam os cabos submarinos que ligam o país”, notou.
Para ele, o domínio dessas empresas decorre da economias de escala e de confiança do mercado que inspiram. “É difícil competir com corporações que possuem estrutura global e marcas reconhecidas. Mesmo quem toma decisões dentro das empresas tende a optar pelos fornecedores mais conhecidos, o que reforça ainda mais essa concentração”, disse.
Resiliência e redundância: o novo foco da tecnologia
Church destacou que o episódio serve de alerta sobre a necessidade de fortalecer o resiliência de sistemas e investir em redundância tecnológicaou seja, vários caminhos de backup capazes de evitar apagões.
“Vimos algo semelhante durante a pandemia, quando várias cadeias de abastecimento se revelaram frágeis. Agora também estamos a notar isso na infraestrutura digital. Nos últimos 24 meses, houve numerosos casos de indisponibilidade em diferentes pontos da cadeia tecnológica global”, disse ele.
O especialista explicou que o ecossistema digital é composto por várias camadas interligadase basta um deles falhar para que todo o sistema entre em colapso. “Quando usamos uma aplicação, não imaginamos quantos níveis de tecnologia estão por trás dela. Mas se um único nó apresenta um problema, o efeito é imediato e generalizado”, destacou.

O backup físico é uma solução viável?
Quando questionados sobre a possibilidade de as empresas manterem backups físicos ou servidores próprios como alternativa à dependência da nuvemChurch explicou que “economicamente, é inviável”.
Ele explicou que modelo de computação em nuvem revolucionou a forma como as empresas gerenciam os recursos tecnológicos. “A nuvem é o melhor de todos os mundos do ponto de vista gerencial. Ela transforma custos fixos em variáveis — ou seja, a empresa só paga pelo que usa. Essa é a beleza do negócio”, afirmou.
O especialista lembrou que a própria Amazon desenvolveu sua infraestrutura para lidar com os picos sazonais e, com o tempo, começou a alugue sua capacidade ociosa para outras empresas. “A Netflix foi uma das primeiras a usar servidores da Amazon para hospedar seu conteúdo. Esse se tornou o modelo padrão do mercado.”
Para ele, voltar ao modelo antigo, com servidores físicos e locais, seria um retrocesso. “As empresas perceberam que esta não é a sua atividade principal. saber como nem os ganhos de escala dos grandes provedores de nuvem. Portanto, tanto do ponto de vista tecnológico como económico, é impossível imaginar hoje este cenário”, concluiu.
Concentração e vulnerabilidade como alerta global
A falha em AWS reforça um alerta que vai além da tecnologia: o dependência global de poucos fornecedores de infraestrutura. Para os especialistas, até que o mercado se diversifique e os sistemas não se tornem mais redundantes, novas quebras continuarão a ocorrer — com impactos reais na economia e no dia a dia de milhões de pessoas.
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