As fotos geradas por IA estão se tornando cada vez mais comuns no LinkedIn e em portfólios profissionais, à medida que os candidatos buscam imagens acessíveis e com aparência profissional para se destacarem no mercado de trabalho.
Como as primeiras impressões quase sempre são feitas através de uma tela, uma foto limpa e bem composta passou a ter tanto peso quanto um currículo sólido. Num cenário competitivo, um bom retrato pode fazer a diferença — mas o alto custo das sessões profissionais, que nos Estados Unidos pode facilmente chegar a centenas de dólares, sempre foi um obstáculo.
Os candidatos agora estão recorrendo a ferramentas de IA rápidas e baratas para substituir sessões caras de estúdio fotográfico.
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“Quando eu estava em Yale, uma sessão de 15 minutos para estudantes custava US$ 200”, disse Melanie Fan, chefe de crescimento da Plush, uma plataforma de pesquisa personalizada baseada em IA. “Foi muito caro. O processo de recebimento das fotos, renderização, escolha das melhores e envio de volta ao fotógrafo para edição era demorado.”
Essa insatisfação impulsionou o crescimento de ferramentas como InstaHeadshots, PhotoPacksAI, HeadshotPro e Aragon AI, que prometem retratos profissionais em poucos minutos, a partir de menos de US$ 50. Basta o usuário enviar selfies, escolher um fundo e receber dezenas de imagens prontas — sem precisar de fotógrafo.
“Depois que mudei minha foto no LinkedIn, o número de mensagens de empresas disparou – três a quatro vezes mais”, disse Fan.
Canva adere à tendência e reforça valor da presença digital
A empresa de design Canva lançou recentemente seu próprio recurso de IA para fotos na cabeça, com o objetivo de oferecer aos usuários uma maneira rápida de criar retratos realistas e até mesmo personalizá-los com diferentes retoques e estilos.
Segundo relatório de mercado da empresa, 88% dos candidatos acreditam que uma presença digital bem mantida influencia as decisões de contratação, um aumento de 45% em relação ao ano anterior. A pesquisa mostra ainda que 90% dos recrutadores já utilizaram IA em alguma etapa do processo seletivo, enquanto 96% dos candidatos que utilizaram tecnologia afirmaram ter recebido feedback.
Danny Wu, chefe de produtos de IA do Canva, disse que o objetivo não era substituir a fotografia real, mas sim tornar imagens de alta qualidade acessíveis a todos, independentemente do orçamento ou localização. Depois que um usuário carrega uma imagem, o Canva pode usar IA para ajustar ou alterar o plano de fundo, posicionar algo em um lugar diferente e estilizá-lo. “Esta é apenas uma maneira mais acessível de obter fotos profissionais e exclusivas.”
Riscos e dúvidas sobre autenticidade
Embora qualquer pessoa com um telefone celular possa criar uma foto de perfil profissional, a rápida adoção da tecnologia levantou novas questões sobre ética e autenticidade. Muitos candidatos temem parecer artificiais ou enganosos, e os recrutadores dizem que a aparência natural ainda é o fator mais importante.
“Usar uma foto gerada por IA pode ser arriscado”, disse Sam DeMase, especialista em carreira da ZipRecruiter. “Embora os recrutadores aceitem isso, imagens mal criadas parecem falsas e podem prejudicar as chances de um candidato.”
Mesmo assim, distinguir entre fotos reais e fotos geradas por IA está se tornando cada vez mais difícil. “É cada vez mais difícil saber se uma imagem foi apenas retocada ou totalmente criada por IA”, acrescentou DeMase.
O engenheiro Chris Bora, fundador do Bora Labs e ex-funcionário da Meta, garantiu que desenvolveu sua própria ferramenta, a Nova Headshot, após ficar decepcionado com as opções existentes.
“Alguns me deixaram mais alto e mais magro, outros mais leve – eu não parecia comigo mesmo”, disse ele. “Hoje você não precisa gastar milhares de dólares para parecer profissional. Tudo que você precisa é de uma ferramenta que mostre a melhor versão de você mesmo. Com o Nova, leva menos de dez minutos.”
A usuária Amber Collins também disse que ainda se sente desconfortável em usar IA para essa finalidade.
“Existem muitos aplicativos ruins por aí: dedos extras, colares cortados. Sinto-me culpada por usar IA, há um estigma. Eu preferiria 100% tirar fotos reais”, disse ela.
Mesmo assim, ela reconhece as vantagens:
“Com a economia do jeito que está, é preciso pensar bem onde investir. Não preciso expor o rosto o tempo todo, mas vale a pena ter boas fotos profissionais.”
O equilíbrio entre tecnologia e autenticidade
Segundo Wu, o ideal é que os candidatos utilizem as ferramentas de IA de forma equilibrada, buscando realismo e criatividade sem perder a identidade.
A tensão entre inovação tecnológica e autenticidade provavelmente continuará. Um porta-voz do LinkedIn disse à CNBC que a plataforma permite o uso de IA para criar ou aprimorar fotos de perfil, desde que a imagem “reflita a aparência real do usuário”.
“Fotos que não cumpram nosso contrato de usuário ou políticas profissionais da comunidade podem ser removidas”, afirmou.
DeMase acrescentou que muitos candidatos ainda hesitam em adotar o recurso.
“As fotos são uma das poucas formas de transmitir humanidade na procura de emprego”, disse ele.
Mesmo assim, a tendência deverá continuar a expandir-se. Uma pesquisa mostra que as gerações Z e millennials são as que mais utilizam retratos de IA. Embora os recrutadores ainda afirmem preferir fotos reais, essas imagens estão se tornando cada vez mais difíceis de identificar — e muitas não passam mais pela avaliação humana nas primeiras etapas do processo seletivo.
Um estudo recente da associação de RH SHRM descobriu que 66% dos profissionais de recursos humanos já usam IA para escrever descrições de cargos e 44% usam a tecnologia para analisar ou selecionar currículos.
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