O MP 1304 – que discute como limitar o repasse de custos do setor elétrico para o consumidor – reacende um delicado debate no setor elétrico: o que fazer com o redução — os cortes de geração que hoje recaem sobre as fontes renovável centralizadocomo solar e eólica. Para o CEO da Atlas Renewable Energy, Fábio Bortoluzo, os parlamentares precisam chegar a um acordo para corrigir o alocação de risco e dar segurança jurídica para projetos energéticos existentes e futuros.
Atlas, líder em geração solar centralizada no Brasil, relata cortes de energia até 25% em suas fábricas, enquanto outras empresas já registraram 50% a 58% em certos complexos solares ou eólicos.
No curto prazo, o efeito é erosão de caixa, adiamento de investimentos e preços mais elevados dos contratos; a médio e longo prazo, o risco é desaceleração na transição energéticatarifas pressionadas e perda de competitividade.
O presidente afirmou ainda que a MP poderá ser um marco na modernização regulatória do setor, com mudanças nos incentivos, uma revisão criteriosa da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), propondo a utilização do fundo do pré-sal para subsidiar tarifas sociais. No pipeline, a empresa tem como meta a chegada de data centers, soluções híbridas (solar/eólica + BESS) e expansão regional com contratos customizados para grandes consumidores. Confira:
TIMES BRASIL – LICENCIADO EXCLUSIVO CNBC | MP 1304 preocupa Atlas. O que, objetivamente, está em jogo?
FÁBIO BORTOLUZO: A principal preocupação é a redução. Hoje, cortes por restrições de rede ou excessos sistêmicos apenas oneram o gerador, reduzindo receitas, aumentando despesas (pela necessidade de recomposição) e bloqueando novos projetos. Sem previsibilidade sobre cortes e sem alocação clara de riscos na lei e na regulamentaçãoé difícil precificar contratos e aprovar investimentos. MP 1304 é a janela para corrigir isso.
O setor fala em cortes de 25% a quase 60% em alguns complexos de geração de energia. Como isso se traduz em impacto financeiro?
Isto corrói o fluxo de caixa e as margens, altera a dinâmica da dívida e pode paralisar as carteiras. Existem empresas que precisaram injetar capital; No nosso caso, Atlas está maiúsculo, mas o efeito é relevante. O risco é assustar a expansão de carga limpa precisamente quando a indústria quer eletrificar e descarbonizar.
Porque é que a actual alocação de riscos é considerada “errada”?
Porque o gerador não controla a rede de transmissão nem o despacho sistêmico. Se o corte se dever a congestionamento da rede ou excesso sistémico, não faz sentido económico ou jurídico que a perda recaia a 100% sobre o investidor que cumpriu as regras de acesso. É necessário estabelecer critérios objetivos compensação/partilha e segurança contratual.
Que solução regulatória o senhor defende para o cerceamento da MP 1.304?
Atualizar a base legal que trata da classificação e reembolso dos cortes, explicar quem paga o quê e como. Isto melhora os preços, dá o sinal correto para a expansão da rede e evita “efeitos colaterais” tarifários no futuro. O setor já apresentou alterações a esse respeito; idealmente, a comissão especial deveria deliberar sobre eles.
E o papel das baterias (BESS) nesta equação?
O sistema de baterias minimiza interrupções armazenando picos de geração e deslocando a energia para horários de maior valor, além de fornecer serviços auxiliares (rápido controle de capacidade, frequência e tensão). Já operamos o BESS no Chile e estamos prontos para expandir no Brasil. Mas é crucial ter uma quadro regulamentar que permita uma remuneração adequada destes serviços, com ou sem leilões.
É viável fazer um leilão de capacidade de bateria este ano?
Os leilões ajudam a sinalizar as políticas públicas, mas exigem regras e consultas durante um período de tempo. Veremos as diretrizes. Ao mesmo tempo, o essencial é a regulamentação estruturaleu da Aneel para viabilizar o BESS em modelos de mercado (contratos bilaterais, serviços de rede e soluções híbridas com usinas). Para este ano acho que o prazo está apertado, mas pode acontecer.
A MP também discute a CDE. Como você vê o tema?
A CDE possui itens de natureza diversa (social, universalização, combustíveis isolados, etc.). Faz sentido reclassificar as fontes de financiamento — por exemplo, políticas sociais no orçamento social; custos de sistemas isolados com fundos sectoriais ou receitas petrolíferas, em vez de recaírem difusamente sobre o consumidor. Qualquer teto precisa evitar a canibalização entre itens.
Os subsídios às energias renováveis são criticados, até devido ao crescimento desordenado. Como separar o debate técnico do ruído?
Os incentivos existem em toda a cadeia e devem ter marcos de saída claros. Para a solar centralizada (diferente da Geração Distribuída, a geração centralizada concentra a geração em parques solares e fornece energia em Alta Tensão), o ecossistema floresceu: há conteúdo local relevante (rastreadores, inversores, engenharia, cabos, obras), geração de empregos e cadeia de serviços. O debate maduro define indicadores, transições e prazos – não um “corte cego”.
Como está o pipeline de baterias e projetos híbridos no Brasil?
Temos projetos solares e eólicos em desenvolvimento com BESS acoplado, prontos para avançar à medida que a regulação nos permite rentabilizar capacidade e dispositivos auxiliares. O Brasil precisa de capacidade; O BESS é mais rápido de implementar do que outras soluções e alivia gargalos na rede local.
Os data centers estão no radar da Atlas? Onde estão as oportunidades?
Nós vemos duas ondas. O primeiro, de nuvem e conteúdodemanda baixa latência e tende a se concentrar próximo aos grandes centros (SP, RJ, Campinas, Sul). O segundo, IA generativa e processamento menos sensível à latência, pode ser localizado junto a grandes parques renováveis no Nordeste e Norte de MG. Nestes casos é possível integrar geração + BESS + cliente.
A cadeia solar tem conteúdo nacional relevante? O que é produzido aqui?
Você módulos fotovoltaicos ainda são importados principalmente da China, mas cerca de 65% do investimento inclui itens com fornecimento local: rastreadores, inversoresEPC (eletromecânica e obras civis), materiais (cabos, estruturas, aço, concreto) e trabalho. Isto apoia o emprego e a competitividade interna.
Quais são as prioridades regulatórias para desbloquear o próximo ciclo?
Três eixos: (1) redução — regras claras de repartição de riscos/indenizações; (2) BESS — definição regulamentar e modelos de receita; (3) CDE – governação e fontes de financiamento consistentes com a natureza de cada item. Com segurança jurídica, o mercado desbloqueia investimentos para o próximo 5 a 10 anos.
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