O avanço acelerado da energia solar e eólica está mudando o mapa da eletricidade no Brasil — e colocando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) enfrentamos um desafio sem precedentes: monitorar e equilibrar uma rede que já produz mais energia fora do seu controle direto.
A geração distribuída (GD), que reúne milhões de painéis solares em telhados e pequenos sistemas conectados à rede, ultrapassou 37 GW de potência instaladasegundo dados de Aneel. Essa energia flui para o sistema de forma descentralizada, sem passar pelo despacho centralizado do ONS — o que torna mais difícil prever as oscilações de oferta e demanda ao longo do dia.
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ONS reconhece limitações no monitoramento em tempo real
Em documentos técnicos publicados este ano, o ONS reconhece falhas na qualidade e disponibilidade de dados meteorológicos usado para prever a geração solar e eólica.
Em Nota Técnica DOP 0022/2025o operador explica que a ausência de informações válidas sobre vento e irradiância compromete o cálculo da geração de referência de plantas renováveis.
“Na ausência de dados válidos, a geração de referência é considerada nula”, registra o texto, destacando que dados “inválidos ou congelados por seis minutos consecutivos” reduzem a confiabilidade dos modelos utilizados na operação.
O relatório RT DGL-ONS 0189/2025preparado pelo Grupo de Trabalho de Curtailment, mostra que há divergências entre os modelos matemáticos informados pelos agentes e o comportamento real das plantas no campo — o que afecta o planeamento da expedição e pode levar a uma redução forçada da produção.
“Na ausência de informações que permitissem o diagnóstico prévio da inconsistência dos modelos, a modelagem oficial foi utilizada para a tomada de decisões, resultando na redução da capacidade de fluxo e no aumento do cerceamento”, afirma o documento.
Geração distribuída cresce fora do radar da operadora
Os números de Aneel mostram que a micro e minigeração distribuída cresceu mais que 30% em um anototalizando mais de 3,3 milhões de sistemas solares conectados à rede. A maioria está em residências e pequenos negócios, diretamente ligados a distribuidores e fora da coordenação operacional do ONS.
Como resultado, o sistema enfrenta um paradoxo: excesso de energia durante o diaquando a geração solar atinge o pico, e queda abrupta à noitequando o consumo aumenta e as placas param de produzir. Essa variação exige respostas rápidas do operador — como acionar hidrelétricas, reduzir a geração eólica ou limitar a produção de algumas usinas ligadas ao SIN.
Abeeólica alerta para a necessidade de previsões mais precisas
O Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias) reforça que a operação com fontes variáveis exige melhor integração de dados e sistemas de previsão mais refinados.
Em estudo técnico sobre estabilidade do sistema, a entidade afirma que o ONS “verificou a necessidade de investir cada vez mais na qualidade da previsão da geração de energia eólica em tempo real”, especialmente no Nordeste, onde a energia eólica representa parcela significativa da matriz elétrica.
Segundo a associação, o Brasil já ultrapassou 31 GW de potência instalada em energia eólicadistribuídos em mais de mil parques. A utilização de modelos meteorológicos de alta resolução e a transmissão de dados em tempo real são consideradas essenciais para reduzir cortes de geração e evitar desequilíbrios no sistema.
O desafio da integração energética
Dada a rápida descentralização da matriz, o ONS adotou novas metodologias para gestão de excedentes energéticos e busca padronizar o envio de informações pelos agentes geradores. Já o Aneel trabalha em padronização de dados DG e mecanismos para integração destes sistemas no despacho nacional.
O consenso entre os especialistas do setor é que o avanço das fontes renováveis é irreversível — mas requer mudanças estruturais na forma como o sistema elétrico funciona.
“A integração da geração distribuída e das fontes intermitentes exigirá não apenas tecnologia, mas uma revisão da arquitetura operacional e regulatória do setor elétrico brasileiro”, conclui o relatório do ONS.
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