O Eletrobrás anunciou nesta terça-feira (15) o venda integral de sua participação na Eletronuclear para a Âmbar Energia, de Grupo J&Fdos irmãos Wesley e Joesley, numa transação avaliada em R$ 535 milhões. O acordo marca o saída definitiva da estatal do setor nuclear e faz parte do plano de reestruturação iniciado após a sua privatização, com foco em geração renovável e eficiência na alocação de capital.
Segundo comunicado da empresa, o contrato de compra e venda foi assinado em 14 de outubroe inclui a transferência de garantias prestadas pela Eletrobras a favor da Eletronuclear, além de assunção, pela J&F, das debêntures assinadas com a Uniãovalor R$ 2,4 bilhões.
O processo incluiu Assessoria financeira do BTG Pactual e foi resultado de uma disputa competitiva iniciada em 2023. A operação ainda depende ajustes habituais e condições precedentes antes de ser concluído.
O negócio, sujeito à aprovação regulatória, diversificará o portfólio de geração da Âmbar. Atualmente, a empresa conta com 50 unidades, considerando negócios em fase de fechamento: solar, hidrelétrica, biodiesel, biomassa, biogás, gás natural, entre outros.
“A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões, características fundamentais num momento de descarbonização e de crescente procura por eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização da economia”, afirmou Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia.
Impacto contábil e financeiro
Segundo a Eletrobras, o valor do investimento registrado na Eletronuclear foi R$ 7,8 bilhões no segundo trimestre de 2025. Assim, a venda resultará em um provisão contábil de cerca de R$ 7 bilhõesque será cadastrado no balanço do terceiro trimestre.
Apesar do impacto específico nas demonstrações financeiras, a empresa destacou que a operação melhora o perfil de risco e libera capital alocado em um ativo de retorno limitado, abrindo espaço para novos investimentos e aumento potencial na distribuição de dividendos.
“As condições da transação permitem à Eletrobras liberar integralmente suas responsabilidades remanescentes com a Eletronuclear, melhorando seu perfil de risco e flexibilidade financeira”, disse a empresa em nota.
Fortalecer a estratégia pós-privatização
A venda da Eletronuclear representa mais um passo no processo de simplificação da estrutura corporativa da Eletrobrás e otimização de portfólioconforme previsto no plano estratégico da empresa.
A estatal já havia realizado desinvestimentos em termelétricasincluindo transações anteriores com a própria empresa J&Fe continua a direcionar recursos para projetos de geração renovável e transmissão de energia.
“O movimento é consistente com o foco estratégico da Eletrobras de se consolidar como a maior empresa de energia renovável do país, reduzindo os riscos legais e regulatórios associados ao setor nuclear”, avaliou a corretora Ativar investimentosem um comentário sobre a operação.
Com a venda, a Eletrobras encerra um ciclo histórico iniciado na década de 1970, quando participou da criação da Eletronuclear, e reforça sua posição como empresa de private equity focada em energia limpa e lucratividade.
Eletronuclear
A Eletronuclear opera as usinas Angra 1, com capacidade instalada de 640 megawatts (MW), Angra 2, com 1.350 MW, e o projeto Angra 3 em desenvolvimento, com 1.405 MW. Juntas, as três unidades podem gerar até 3,4 mil MW, o suficiente para abastecer mais de 10 milhões de pessoas.
As duas usinas em operação possuem contratos de longo prazo, o que garante receitas previsíveis. Angra 1 tem contrato até 2044 e Angra 2 tem contrato até 2040. “A participação na Eletronuclear nos garante um fluxo estável de receitas, com energia gerada próxima aos maiores centros consumidores do país”, afirma Zanatta. Em 2024, a Eletronuclear registrou receita líquida de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido de R$ 545 milhões.
Pelo contrato, a Âmbar deterá 68% do capital total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear anteriormente detidos pela Eletrobras. A União, que não faz parte da transação, continuará a controlar a Eletronuclear por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), que detém 64,7% do capital votante e cerca de 32% do capital total.
“Com esta aquisição consolidamos o portfólio mais diversificado do setor elétrico brasileiro, combinando diferentes fontes para garantir segurança energética, sustentabilidade e competitividade”, afirma Zanatta.
Perspectiva de mercado
A operação foi bem recebida por analistas e investidores, a Ativa Investimentos avaliou o movimento como positivo para a tese de longo prazo da Eletrobras. De acordo com a casa, à venda elimina a incerteza jurídica e regulatória e fortalece a disciplina de capital da empresa, que continua recomendada como “comprar” por analistas, com preço alvo de R$ 54 para ELET3 e R$ 59 para ELET6.
“A concretização da venda da Eletronuclear consolida a nova fase da Eletrobras — mais leve, focado em ativos de retorno previsível e em expansão no setor de energia limpapilares centrais da sua estratégia de valor pós-privatização”.
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