É preciso olhar para os impactos financeiros e operacionais que as mudanças vão causar e preparar-se hoje para avançar e continuar competitivo.
Por Bruna Felizardo, Sócia Especialista em Impostos Indiretos da EY Brasil, e Natalia Sperati, Sócia de Produtos de Consumo e Transformação de Negócios da EY-Parthenon para LAS
O maior projeto reforma tributária do Brasil, que visa simplificar o sistema tributário, deverá trazer mudanças profundas e vitais nos negócios. Precisamente por esta razão, o processo de implementação será gradual, 2026 a 2033. No entanto, apesar da longa jornada, é essencial que as empresas comecem a fazer uma revisão interna para se adaptarem agora — o que pode ser o ponto de viragem entre prosperar ou ficar para trás.
Neste sentido, a transição é tão ou mais importante que a pós-reforma para garantir competitividade e rentabilidade. Porém, o movimento é mais urgente do que parece e o mercado não dá sinais de se mobilizar como deveria.
O ponto chave é que, apesar de ser uma reforma tributária, ela deve impactar todas as áreas de uma corporação, afetando todo o cadeia de valor. Além das áreas mais óbvias, como impostos e logísticaa discussão precisa chegar aos setores ligados ao linha superiorcomo vendas e marketing, levando essa agenda para outros fins.
Um estudo realizado por EY-Partenon identificou áreas relacionadas com a receita superior que podem ser diretamente afetadas à luz da reforma: marketing, comércio, RGM, vendas e atendimento ao clientecom, em média, 53% dos seus processos impactados. Em outras palavras, é crucial pensar em um reestruturação de toda a cadeia de valor.
Mudanças na prática em bens de consumo e varejo
As consequências da reforma devem ser sentidas em três pilares principais: estrutura de custos, competitividade entre categorias e atratividade do canalalém da necessidade de repensar entrada no mercado (GTM).
Com a mudança na estrutura de custos das empresas, será necessário repensar a preço da gorjeta e/ou o custo de servir. Todos os contratos precisarão ser revistos, pois o impacto no custo de execução do produto alterará a dinâmica contratual.
O ideal é analisar os contratos visando alinhá-los à nova estrutura tributária, negociando agora o que poderá causar prejuízos futuros. Este exercício de compreensão de como ficarão as parcerias após a mudança tributária deve ter como objetivo competitividade e o rentabilidade no longo prazo.
Figura 1: Exemplo de modelagem da composição do preço de pico de uma indústria de bens de consumo
A análise de EY-Partenon realizou uma simulação em um determinado produto para fazer a preço da gorjeta. Nessa modelagem, a expectativa é que, a partir 2033o preço da gorjeta flutua entre -24,7 pp e +11,6 pp devido aos impactos na estrutura de custos ao longo de toda a cadeia produtiva. Mas vale destacar que todos os produtos sofrerão impactos diferentes, por isso é fundamental avaliar cada um, desde os insumos até a destinação.
Tudo depende categoria em que as empresas se enquadram. Dependendo das classificações fiscais, os produtos que hoje compartilham o mesmo compartilhamento de através podem ser tributados de forma diferente e ter a sua atratividade relativa alterada. Para ilustrar, a tabela abaixo mostra uma exemplo hipotético.

Outro ponto relevante é o variação na atratividade dos canais de vendascomo o comércio eletrônicoque neste exemplo perderá os benefícios fiscais actualmente em vigor (não se aplica necessariamente a todos os casos). Com o possível impacto da relatividade dos preços e a menor atratividade do comércio online, é possível que o canal off-line seja privilegiado.
Para compreender o impacto na competitividade, analisando o EY-Partenon levou em conta dois cenários diferentes. No primeiro, onde os canais online e offline ficam mais caros, o comércio eletrônico perder 2,2 pp comparado ao tradicional. Na projeção em que ambos ficam mais baratos, o online perde 7,3 pp de competitividade. Mas vale ressaltar que haverá diferenças entre os produtos, e será fundamental realizar uma análise individual para prever mudanças futuras.
Fases de reforma
Os testes começam em 2026com o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços)uma contribuição de competência federal e única para todo o Brasil, e com a IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)que pode variar de acordo com cada estado e município, determinando valores diferentes para a alíquota padrão. Na fase de testes, esses tributos não serão recolhidos.
O primeiro marco estará em 2027com a extinção do PIS, Cofins e IPI (exceto para produtos de Zona Franca de Manaus) e a entrada em vigor do Imposto Seletivo. A taxa plena de CBS começa a ser cobrado este ano.
A transição de ICMS e ISS para o SII será feito de forma gradual, com redução das antigas alíquotas e aumento da alíquota do IBS da seguinte forma: 10% em 2029, 20% em 2030, 30% em 2031 e 40% em 2032.
Em 2033a transição será concluída e o SII e o CBS.
Considerando que a simulação mudará de acordo com as fases, é obrigatória a análise dos impactos por período, o que também terá efeitos diferentes no Lucro e prejuízo. Ou seja, esta reforma é muito mais profunda do que imaginamos e é preciso começar a avaliar o negócio imediatamente.
Começar agora é urgente
A reforma deve mudar o preços e, portanto, é fundamental compreender o quanto a concorrência também será afetada. Estamos enfrentando o Teoria dos Jogos: a análise dos cenários estratégicos deve ser realizada o mais breve possível para garantir a melhor tomada de decisão. Agora é a hora de reavaliar contratos, atualizar sistemas de gestão e ajustar preços e estratégias de GTM. O ideal é simular esse cenário no próximo ano para desenhar uma estratégia completa a partir de 2027.
O mercado precisa entender que, mesmo com uma longa jornada pela frente, esse é um assunto a ser incluído no planejamento do negócio. 2025de olho na transição. Num ambiente empresarial cada vez mais dinâmico, a reforma é uma oportunidade de reinventar empresasimpactando a estratégia e organização do setor de consumo, exigindo ação imediata para equipes multidisciplinares. Portanto, a combinação de tecnologia, dados e novas habilidades Será essencial que as empresas não apenas se adaptem, mas prosperem neste novo cenário.
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Este conteúdo é fornecido pela EY