A instabilidade comercial e os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio devem dominar as discussões sobre a cúpula do Grupo Seven (G7), que ocorre nesta semana no Canadá. Dada a crescente incerteza sobre a política econômica e externa da Casa Branca, os aliados dos EUA devem questionar se o presidente Donald Trump está disposto a cooperar ou desafiar outros poderes sobre temas geopolíticos sensíveis.
O G7 é formado pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão, bem como pela União Europeia. Líderes da Austrália, Brasil, México, Indonésia, Ucrânia, África do Sul e Coréia do Sul também foram convidados.
Essas reuniões procuram criar consenso sobre os maiores desafios econômicos e geopolíticos globais e coordenar ações conjuntas. Este ano, no entanto, o maior obstáculo parece vir de dentro: as tarifas de Trump e o risco de uma guerra comercial global.
O Reino Unido, que assinou um acordo comercial com os EUA em maio, é a única exceção à escalada protecionista. A cúpula ocorre em meio a um intervalo de 90 dias anunciado por Trump em tarifas “recíprocas”. O Japão e a União Europeia tentam fechar um acordo antes do prazo final em 9 de julho. A partir desta data, as taxas mais altas – atualmente reduzidas para 10% – podem ser retomadas completamente.
O Canadá, apresentador da cúpula, foi atingido por 25% de tarifas de carros e 50% em aço e alumínio. Os produtos fora do contrato da USMCA (que incluem México e EUA) também estão sujeitos a impostos. Em retaliação, o país impôs taxas semelhantes aos produtos americanos, mas suspendeu parte deles para proteger os setores estratégicos.
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Negociações paralelas
Uma série de reuniões bilaterais entre Trump e líderes é esperada em busca de acordos comerciais. No entanto, há ceticismo sobre a possibilidade de avanços concretos. O Canadá evitou divulgar uma declaração conjunta, prática comum nas cúpulas do G7. A medida visa evitar uma repetição da turbulência registrada em 2018, quando Trump removeu o apoio dos EUA para a declaração final.
A cúpula realizada na França em 2019 foi a última reunião do grupo com a participação de Trump. Agora, os analistas avaliam que a dinâmica será ainda mais tensa.
“O G7 foi criado há 50 anos para alinhar democracias com economias avançadas diante de desafios comuns. Mas o que acontece quando a instabilidade deixa o próprio G7? É isso que os líderes precisam enfrentar esta semana em Kananaskis”, disse John Lipsky, presidente da economia internacional do Conselho Atlântico, em comunicado enviado antes da reunião.
Segundo ele, Trump procurará alinhar o G7 contra a coerção econômica da China, mas enfrentará resistência de outros líderes. “Eles podem argumentar que esse tipo de coordenação seria mais fácil se ele não estivesse impondo tarifas a seus próprios aliados”.
Outros pontos de tensão
A guerra na Ucrânia e a recente escalada entre Israel e o Irã também devem pesar nas conversas. Enquanto Trump adota postura ambígua sobre novas sanções à Rússia, ataques ao Oriente Médio – que deixaram centenas de mortos – aumentam a pressão internacional pela estabilidade. Os EUA, aliados de Israel, ajudaram a interceptar mísseis iranianos, enquanto os líderes globais pedem moderação.
Os analistas apontam que o cenário atual pode gerar confrontos diplomáticos durante o cume, considerando o estilo imprevisível de Trump.
“A última vez que ele participou de uma reunião do G7 no Canadá em 2018, ele se dirigiu ao evento como um reality show”, disse o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS). “Com a guerra tarifária em andamento e o objetivo dos países atuais, esta reunião pode ser ainda mais controversa”.
Para evitar uma nova pausa, o CSIS recomenda que outros líderes assumam as preocupações de Trump sobre o papel global dos EUA.
Nas edições anteriores, o G7 indicou interesse em discutir tópicos além do comércio, como avanços tecnológicos, saúde pública e conflitos armados. Em um cenário internacional cada vez mais marcado por rivalidades e instituições paralisadas, a urgência está crescendo para uma resposta coordenada.
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