A administração Trump está em negociações com várias empresas de computação quântica para dar ao Departamento de Comércio participações acionárias em troca de financiamento federal, informou o Wall Street Journal na quarta-feira.
Segundo o jornal, que cita fontes anônimas familiarizadas com o assunto, as empresas envolvidas incluem IonQ, Rigetti Computing e D-Wave Quantum. Outras empresas, como a Quantum Computing Inc. e a Atom Computing, também estão considerando acordos semelhantes.
A notícia vai ao encontro dos recentes esforços de Washington para adquirir participações em grandes empresas de sectores considerados vitais para a segurança nacional dos Estados Unidos, especialmente aqueles que recebem recursos públicos.
Um dos primeiros exemplos durante o segundo mandato do presidente Donald Trump ocorreu quando o Departamento de Defesa investiu 400 milhões de dólares na empresa americana de terras raras MP Materials, adquirindo uma participação de cerca de 15%.
Um mês depois, o governo ficou com aproximadamente 10% da fabricante de semicondutores Intel. A única empresa americana capaz de produzir processadores avançados de inteligência artificial a nível nacional.
As participações em empresas de computação quântica seriam acompanhadas de contribuições mínimas de US$ 10 milhões cada, segundo o Journal, citando pessoas próximas ao assunto. Espera-se também que outras empresas de tecnologia concorram por subsídios.
Uma virada intervencionista em Washington
O interesse crescente do governo dos EUA em adquirir participações em empresas privadas não tem precedentes nas últimas décadas, especialmente fora de um contexto de crise financeira, e sinaliza uma mudança ideológica no sentido de uma maior intervenção em determinados sectores.
No entanto, a administração Trump não pretende investir em indústrias que não sejam consideradas estratégicas, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, numa entrevista exclusiva à CNBC em 15 de outubro.
Trump e o secretário do Comércio, Howard Lutnick, argumentam que o governo deveria beneficiar do sucesso das empresas cujo crescimento foi impulsionado por recursos federais.
Os sectores escolhidos também reflectem o foco de Washington na competição tecnológica e económica com a China.
O investimento dos EUA na MP Materials, por exemplo, ocorreu depois de a China ter restringido as exportações de elementos de terras raras, componentes essenciais em produtos de alta tecnologia, levando Washington a intensificar os seus esforços para fortalecer a cadeia de abastecimento nacional.
O financiamento da Intel também se alinha com o objectivo da América de reforçar a sua indústria doméstica de semicondutores em apoio à corrida global pela liderança em inteligência artificial.
A computação quântica, que utiliza princípios da mecânica quântica para resolver problemas que vão além das capacidades dos actuais supercomputadores, é vista por Washington como uma das próximas tecnologias estrategicamente cruciais devido às suas implicações económicas e de segurança.
Os especialistas acreditam que esta tecnologia avançada poderá revolucionar áreas como a medicina, as finanças e a ciência dos materiais, ao resolver problemas complexos que são atualmente impossíveis para os computadores tradicionais, e representar sérias ameaças à segurança cibernética se cair nas mãos de adversários.
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