A adoção de uma taxa de 50% pelos Estados Unidos sobre a maioria dos produtos exportados pelo Brasil não terá efeitos homogêneos entre as regiões do país. A conclusão está em um estudo realizado pelos pesquisadores Flávio Ataliba Barreto e Thiago Freitas, da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), com foco nos impactos regionais da medida.
De acordo com a pesquisa, o impacto regional será determinado por fatores como o peso das exportações para os EUA na economia local, o tipo de poço exportado e o perfil do trabalho envolvido.
Barreto explicou que as regiões que concentram sua agenda exportadora em produtos de baixo valor com uso de trabalho mal qualificado tendem a sentir mais os efeitos da nova tarifa.
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Diferenças entre regiões
O estudo analisou dois cenários: uma inicial, sem nenhuma isenção tarifária e uma depois, que considera a lista de produtos excluídos da taxa de 50%, divulgada pela Casa Branca no final de julho.
No primeiro cenário, o Nordeste aparece como a região mais vulnerável. Produtos como frutas frescas, peixes, sapatos e têxteis estão entre os principais itens da agenda regional e permaneceram sujeitos à nova tarifa. Segundo o estudo, esses setores operam com margens estreitas e geram ocupação em regiões de baixa renda e alta informalidade.
A situação do norte também é considerada delicada. A Amazonas, com suas exportações ligadas à zona livre de Manaus, e estados como Amapá e Acre, com diretrizes focados em produtos florestais e minerais, permanecem expostos à medida.
No sul, a maior parte da agenda de exportação está focada em sapatos, móveis e bens industriais, setores que também foram deixados de fora das isenções. Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentaram as menores porcentagens de produtos isentos da nova taxa.
O Sudeste, apesar de concentrar o maior volume de exportação para os EUA, tem uma economia mais diversificada. O Rio de Janeiro se beneficiou de isenções, principalmente devido à inclusão de óleo leve na lista. São Paulo já, com foco em fabricantes e bens industriais, mantinha ampla exposição a tarifas.
O Centro -Oeste foi identificado como a região menos afetada. A agenda de exportação é baseada em mercadorias agroindustriais, como carne e celulose, produtos contemplados nas isenções. A baixa dependência dos EUA e a diversificação de destinos comerciais explicam a menor vulnerabilidade da região.
Recomendações
Os autores recomendam políticas públicas regionais para mitigar os impactos. Barreto defendeu a criação de um mecanismo de remuneração tributária direcionado a setores mais afetados. Também propôs o fortalecimento das estratégias de diversificação de mercado e a reconversão produtiva regional.
Para os pesquisadores, medidas de curto prazo devem ser acompanhadas por ações estruturais que expandem a resiliência econômica das regiões mais vulneráveis, reforçando essa desigualdade regional em resposta a tarifas reforça a necessidade de integrar a dimensão territorial à política comercial brasileira.
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