Mesmo sem a aplicação oficial da nova tarifa anunciada pelos Estados Unidos contra a carne bovina brasileira, os refrigeradores de Mato Grosso do Sul já começaram o redirecionamento de suas exportações. A medida ocorre como uma resposta preventiva à incerteza comercial com o segundo maior comprador de proteína brasileira.
De acordo com Maurécio Palma Nogueira, diretor de Athenagro, os Estados Unidos foram 263.000 toneladas de carne bovina (equivalente a carcaça) no primeiro semestre de 2024, representando cerca de 12,5% das exportações nacionais. Ele afirma que a interrupção das exportações tende a reduzir a oferta no mercado doméstico em vez de aumentá -lo.
“O que acontece quando paramos de matar para servir aos Estados Unidos é que retiramos a carne do mercado doméstico. Cada libra não deduzida para este mercado representa 900 gramas menos disponíveis aqui”, explicou ele em uma entrevista com Equipe realde Times Brasil – CNBC exclusivo licenciado.
Preço da carne aumenta, valor do retiro de boi
Segundo Nogueira, o impacto imediato do redirecionamento da produção pode ser observado nos preços. “O preço do boi cai e o preço da carne aumenta. Não há ninguém se beneficiando disso”, disse ele.
O especialista apontou que os cortes exportados para os EUA são principalmente da frente do boi. Como esses cortes não são totalmente reutilizados no mercado doméstico, a suspensão das remessas causa um desequilíbrio no suprimento.
Além disso, Nogueira observa que os refrigeradores que não exportam também sofrem impactos, pois enfrentam maior concorrência no mercado doméstico. “Ele colocará carne no mercado doméstico, direcionará para outros mercados, competirá comigo”, explicou ele, referindo -se ao movimento estratégico da adaptação das empresas do setor.
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Substituir os EUA não paga economicamente
Embora o Brasil possa ocupar espaços deixados por outros países no fornecimento global, os valores pagos por novos mercados seriam mais baixos. “Acabamos exportando por um preço mais baixo. Os Estados Unidos hoje pagam melhor pela nossa carne”, disse Nogueira.
O diretor de Athenagro avaliou que a substituição do mercado dos EUA não é vantajosa. Para ele, o ideal seria manter as exportações para os EUA e expandir gradualmente o acesso a mercados mais lucrativos. “O cenário atual é muito ruim. O ideal seria continuar exportando para os EUA e os mercados abertos que pagam mais”, disse ele.
A pressão nos EUA pode gerar exceções tarifárias
Maurício Nogueira apontou que existe a possibilidade de os Estados Unidos revisarem a inclusão de carne bovina brasileira nas tarifas. Segundo ele, o governo dos EUA já está sob pressão interna devido ao impacto esperado nos preços dos consumidores. “Eu acredito que sim, até ele [Trump] Já está sendo pressionado pelos próprios americanos ”, afirmou.
No entanto, o especialista alertou que a postura brasileira também se preocupa. “O que me preocupa é o lado do Brasil, que parece não estar disposto a negociar. Mesmo com algumas linhas praticamente dobrando a aposta”, disse ele.
Risco de perdas estruturais para gado brasileiro
Em 2024, o Brasil registrou registros de produção, exportação e disponibilidade de carne para o mercado doméstico. Para Nogueira, o impasse tarifário pode comprometer esses avanços.
Se a tarifa for mantida e o Brasil não encontrar uma saída diplomática, os danos podem afetar toda a cadeia de produção. Ele comparou a situação com o que aconteceu na Argentina em 2008, quando a imposição de reter o consumo per capita reduzido de 60 kg a 40 kg por ano.
“O que precisamos olhar é que não é apenas carne. Há também a importação de insumos dos Estados Unidos, o que garante nossa competitividade no mercado internacional”, disse ele. Nogueira conclui que a perda de competitividade pode comprometer a presença do Brasil em outros mercados se a tarifa for materializada.
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