Originais Times – Exclusivo CNBC: em meio a rumores sobre sucessão, legado de Tim Cook molda futuro da Apple – Times Brasil

Em pouco mais de uma década, a Apple multiplicou seu valor de mercado de US$ 300 bilhões para cerca de US$ 4 trilhões, avanço que se consolidou na gestão de Tim Cook, sucessor de Steve Jobs desde 2011. Especialistas apontam que a trajetória do executivo combina diversificação de receitas, eficiência operacional e a construção de um ecossistema de produtos que mantém o usuário vinculado ao universo da empresa.

O especialista em tecnologia e inovação Arthur Igreja destaca o papel central de Cook na expansão da empresa após a era Jobs em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo da CNBC. “Tim Cook também teve uma gestão extremamente bem-sucedida na entrega desse valor aos acionistas, multiplicando o valor da Apple e surpreendendo o mercado com essa consistência”, afirmou.

Ele lembra que Cook ampliou categorias decisivas de receita, “a exemplo do que aconteceu desde 2011 com o segmento de serviços”, além de impulsionar acessórios como Apple Watch, AirPods e dispositivos domésticos inteligentes, que hoje ajudam a compor a receita anual da Apple.

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A diversificação, porém, não eliminou a dependência do carro-chefe: metade da receita continua atrelada ao iPhone. Para o jornalista José Adorno, a estratégia que se consolidou a partir de 2019 foi a criação de um ecossistema integrado que aumente o ticket médio do consumidor. “O consumidor não tem só o iPhone, mas terá pelo menos os AirPods, o Apple Watch, o Mac, vai pagar por algum serviço e, quando combina alguns outros, isso gera um valor extra para ele”, explica. “Foi assim que a Apple conseguiu aumentar sua receita e diversificá-la.”

Antes de assumir o comando, Cook trabalhou na IBM, na Intelligent Electronics e na Compaq. Foi recrutado por Jobs em 1998 para reorganizar as operações globais da Apple, uma empresa “que literalmente esteve perto de desaparecer”, como recorda Igreja. Cook transformou a logística terceirizando a produção, fechando armazéns, liquidando estoques e fortalecendo os laços com os fornecedores. Embora tenha enfrentado contratempos, como o Power Mac G4 Cube, que foi descontinuado em menos de um ano, a área sob seu comando acumulou bons resultados financeiros e eficiência operacional.

Quando Jobs se afastou em 2009 para tratar o câncer, Cook assumiu interinamente. Ele se tornou CEO permanente em agosto de 2011, dois meses antes da morte de Jobs. Desde então, Cook reformulou processos internos, mudou a equipe executiva e ampliou as linhas de produtos. Sob sua gestão, a Apple lançou quatro pilares estratégicos: Apple Watch, AirPods, Apple Silicon e avanço no segmento de serviços. “Os investidores confiam muito na Tim Cook pela sua previsibilidade financeira e consistência de resultados”, afirma Adorno. A última grande aquisição da Apple foi a compra da Beats em 2014.

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Mas existem desafios. A empresa avança com forte demanda pelos novos iPhones, ao mesmo tempo que enfrenta críticas pela lentidão em assumir protagonismo na corrida da inteligência artificial. Mesmo assim, os investimentos em chips próprios, o Apple Silicon, têm sido decisivos para a estratégia de longo prazo. “Têm provado, ao longo do tempo, ser algo absolutamente fundamental do ponto de vista da estratégia de longo prazo”, analisa Igreja.

Os rumores sobre a eventual saída de Tim Cook ganharam força em 2025, embora sem confirmação oficial. O cenário de sucessão está mais nebuloso do que há uma década: Jeff Williams, então diretor de operações e considerado candidato natural, anunciou sua aposentadoria em julho de 2025. A disputa pelo comando continua aberta.

E que legado Cook pretende deixar? Além da saúde financeira da empresa e dos produtos que marcaram sua gestão, fontes sugerem que seu objetivo é consolidar os óculos de realidade aumentada como a próxima grande plataforma da Apple. O Apple Vision Pro foi apenas o primeiro passo. “Foi uma pequena parada para o que vem a seguir”, diz Igreja.

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