A China aposta na inteligência artificial (IA) para preservar o seu papel de maior potência industrial do mundo. A estratégia é muito mais pragmática do que as ambições futuristas defendidas por figuras de Silicon Valley como Sam Altman e Elon Musk. É o que afirma o The Wall Street Journal em artigo publicado nesta quarta-feira (3).
Enquanto Altman fala em curar o cancro com IA e Musk prevê robôs capazes de eliminar a pobreza, Pequim está focada em algo mais imediato: usar a IA para produzir máquinas de lavar melhores, automatizar portos e modernizar fábricas inteiras para reduzir custos e enfrentar a crescente concorrência global.
Segundo o jornal, a prioridade a curto prazo do governo chinês é fortalecer a competitividade da sua indústria num contexto de aumento das tarifas, aumento dos custos laborais e crescente resistência às exportações do país.
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IA na prática: das fábricas obscuras à moda acelerada
O WSJ cita casos concretos que mostram como a China já está a utilizar massivamente a IA:
- Um designer chinês reduziu em mais de 70% o tempo necessário para criar uma peça piloto com ferramentas generativas;
- No interior do país, as máquinas de lavar são produzidas sob o comando de um “cérebro de fábrica”, que coordena linhas inteiras de robôs Midea. Processos que demoravam 15 minutos agora são feitos em 30 segundos;
- Num dos maiores portos da China, os contentores circulam em camiões autónomos, enquanto toda a programação é controlada por IA, substituindo etapas que antes demoravam 24 horas e agora são resolvidas em 10 minutos;
- Na gigante siderúrgica Baosteel, uma “fábrica escura” opera quase sem intervenção humana. A IA reduziu a necessidade de ajustes manuais de uma vez a cada três minutos para uma vez a cada 30 minutos.
A China instalou 295 mil robôs industriais no ano passado, quase nove vezes mais que os EUA, segundo a Federação Internacional de Robótica. As fábricas chinesas também dominam a lista do Fórum Económico Mundial: 45 das 131 unidades mais avançadas do mundo estão no país, em comparação com apenas três nos Estados Unidos.
Por que isso é importante para Pequim
O relatório do WSJ destaca que o governo chinês está sob pressão:
- A população do país está a diminuir rapidamente;
- Os jovens evitam empregos industriais;
- Países como os EUA, sob o comando de Donald Trump, prometem trazer as fábricas de volta ao território americano.
Neste cenário, a IA surge como uma forma de produzir mais com menos trabalhadores, garantindo que a China continue a ser vista como a “fábrica do mundo”.
Mas existem riscos. O jornal lembra que a automatização poderá destruir mais empregos do que o governo prevê. Pequim, no entanto, acredita que o declínio populacional – uma queda projectada de 200 milhões de pessoas ao longo de 30 anos – deverá compensar parte deste impacto.
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A corrida tecnológica entre China e EUA
O WSJ observa que, apesar do rápido avanço da automação industrial chinesa, o país ainda está atrás dos EUA em chips e IA de fronteira. Mas empresas como a Huawei e a emergente DeepSeek têm vindo a ganhar terreno.
A Huawei, por exemplo, criou o modelo Pangu e trabalha em conjunto com grandes indústrias, como a produtora de cimento Conch, para prever a resistência dos materiais com 85% de precisão, poupando milhões de dólares em energia e operações.
Nos portos, a modernização é acelerada por uma vantagem estratégica: a ausência de sindicatos independentes, o que facilita a adoção da automação em grande escala, algo muito mais difícil nos EUA, onde os sindicatos resistem à substituição de trabalhadores.
Uma aposta numa escala sem precedentes
Para o jornal, a vantagem chinesa está na escala:
- Cidades como Jingzhou, longe de centros tecnológicos, já operam fábricas avançadas;
- Investimentos de bilhões de dólares permitem implementar rapidamente soluções de IA;
- A população está majoritariamente otimista em relação à tecnologia, o que facilita sua aceitação social.
Em Tianjin, um dos maiores portos do país, mais de 88% dos equipamentos de contentores já estão automatizados. Os vídeos institucionais deixam clara a ambição: “Nós somos o futuro”, diz o locutor de um dos conteúdos.
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