Com o início do vigor da tributação dos produtos brasileiros pelos Estados Unidos na quarta -feira (1), o Brasil terá que recorrer à sua rede de parceiros de negócios para manter o fluxo de suas exportações. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e compilados pelo sistema Comexstat, os dez principais destinos das exportações brasileiros em 2024 acrescentaram mais de dois terços de toda a agenda de exportação – que atingiram US $ 337 bilhões no ano.
O maior comprador de produtos brasileiros continuou sendo a China, com um volume de US $ 94,4 bilhões, equivalente a 28% do total de exportações. Em seguida, os Estados Unidos aparecem (US $ 40,3 bilhões), Argentina (US $ 13,8 bilhões), Holanda, Espanha, Cingapura, México, Chile, Canadá e Alemanha.
A diversidade geográfica e econômica dos destinos-que inclui poderes asiáticos, vizinhos latino-americanos, centros europeus e parceiros nos pontos da América do Norte a alternativas concretas se as barreiras comerciais forem consolidadas no mercado dos EUA.
Os principais destinos das exportações brasileiras em 2024
País | Exportações (US $ bilhão) |
---|---|
China | 94.4 |
Estados Unidos | 40.3 |
Argentina | 13.8 |
Holanda | 11.8 |
Espanha | 10.0 |
Cingapura | 8.0 |
México | 7.8 |
Chile | 6.7 |
Canadá | 6.3 |
Alemanha | 6.0 |
Dados: Comexstat/mdic – 2024
Oportunidades de redirecionamento
A imposição de tarifas de 50% – especialmente se incluir produtos como aço, alimentos processados ou bens industriais – exigirá respostas rápidas do setor de exportação brasileiro.
Dado o cenário, o papel da China tende a se fortalecer ainda mais, tanto como cliente de soja, minério de ferro e óleo, bem como um destino maior de carne, celulose e açúcar.
A União Europeia, embora mais exigente nos padrões regulatórios, também aparece como uma opção. Países como Holanda, Espanha e Alemanha já estão entre os principais compradores do Brasil e podem absorver parte da demanda deslocada dos EUA – especialmente em segmentos de alimentos, bioenergia e tecnologia verde.
Além disso, vizinhos latino -americanos como Argentina, México e Chile têm o potencial de expandir o comércio bilateral, especialmente em automóveis, máquinas, produtos químicos e alimentos processados. Nesses mercados, o Brasil já possui cadeias logísticas e acordos comerciais consolidados em tratados Mercosur e bilaterais.
Mesmo assim, o redirecionamento de algumas cadeias pode enfrentar obstáculos estruturais. Para Mackenzie G11 Economista e professor, Hugo Garbe, substituir o mercado dos EUA não será fácil, especialmente no setor de alimentos.
“O objetivo do Brasil é as mercadorias. Esses produtos têm um obstáculo ao buscar outros mercados, que é a regulamentação da saúde. A Europa, por exemplo, tem uma regulamentação mais forte do que outros países. Peixes e frutos foram os mais impactados. Tentamos exportar peixes para o Japão desde 2017 e não conseguimos”, disse ele.
Entre os mercados em potencial, Garbe aponta para a Índia como uma maneira possível, embora limitada:
“O mercado natural seria explorar a Índia, com uma importante classe de consumo, a maior população do mundo. Existem questões culturais-elas consomem muito chá, então o café, por exemplo, não seria sua principal bebida. Alguns países do Oriente Médio também podem ser uma opção”.
E quem o Brasil compra mais?
O movimento brasileiro do comércio exterior também envolve uma lista diversificada de países de fornecedores. Em 2024, o Brasil importou US $ 262,4 bilhões em mercadorias, de acordo com a Comexstat. A China também lidera a principal origem das importações, com US $ 63,6 bilhões – ou 24% do total.
Principais origens das importações brasileiras em 2024
País | Importações (US $ bilhão) |
---|---|
China | 63,6 |
Estados Unidos | 40.6 |
Alemanha | 13.7 |
Argentina | 13.6 |
Rússia | 11.0 |
Índia | 6.8 |
Itália | 6.4 |
França | 6.2 |
México | 5.8 |
Japão | 5.4 |
Fonte: Comexstat / mdic – 2024
Os produtos importados são amplamente intermediários e bens industriais, como semicondutores, fertilizantes, combustíveis, componentes eletrônicos, máquinas e equipamentos.
Mais do que soja e minério
Embora os produtos básicos continuem liderando a agenda de exportação, o Brasil também se destaca em itens de maior valor, especialmente em remessas para os Estados Unidos e a Europa. De acordo com um estudo da Amcham Brasil, mais de 70% das exportações brasileiras para os EUA são bens industrializados, como aeronaves, motores, máquinas agrícolas, medicamentos e peças de automóveis.
Se esse canal for comprometido pela tarifa, será necessário identificar mercados receptivos aos bens industriais-como Canadá, México, Emirados Árabes Unidos, África do Sul e países da Ásia-Pacífico, incluindo Cingapura, que atua como uma porta de entrada para o sudeste da Ásia.
Garbe lembra que, no caso das exportações de aeronaves, o impacto tende a ser mais diluído no tempo:
“O ciclo para fechar grandes vendas de avião é há anos. O Brasil está fechando as vendas com países como Suécia, Dinamarca e Europa Oriental. A Embraer deve ser menos prejudicada, mesmo com a taxa de 10%”, acrescentou.
Política comercial
Numa época em que os Estados Unidos sinalizam com novas barreiras tarifárias, o Brasil precisa reforçar sua diplomacia econômica e instrumentos de promoção de negócios. A base já existe: com presença relevante nos cinco continentes e uma agenda diversa, o país tem alternativas reais para drenar sua produção e evitar perdas econômicas – desde que possa reagir com a agilidade.
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