Ações da controladora da Nexperia sobem 6% com Pequim sinalizando o degelo nas tensões com a Holanda – Times Brasil

As ações da Wingtech Technology, controladora da fabricante de chips Nexperia, ampliaram os ganhos na segunda-feira, depois que Pequim concordou em novas negociações com uma delegação holandesa, aliviando as preocupações sobre uma crise global no fornecimento de automóveis.

Listada em Xangai, a empresa viu suas ações subirem para 6,4% na segunda-feira (11/10), após subirem 9,7% nos minutos finais do pregão da última sexta-feira, em sinais de desescalada na batalha pelo controle da Nexperia, com sede na Holanda.

O Ministério do Comércio chinês disse num comunicado no domingo que tomou medidas para permitir a exportação de certos chips da fábrica da Nexperia na China, ao mesmo tempo que instou a União Europeia a pressionar o governo holandês para suspender as restrições à empresa.

Num comunicado separado no sábado, Pequim disse que concordou com o pedido do governo holandês para enviar representantes a Pequim para negociações, e que espera que a Holanda proponha “soluções construtivas” e tome “ações concretas” para resolver em breve a disputa sobre a Nexperia.

A medida seguiu-se a uma declaração do ministro holandês dos Assuntos Económicos, Vincent Karremans, na quinta-feira passada, que sugeria que os chips da Nexperia chegariam aos clientes na Europa e no resto do mundo nos próximos dias, citando “a natureza construtiva das nossas conversações com as autoridades chinesas”.

A China e os EUA informaram a Holanda que o acordo comercial alcançado no mês passado resultaria na retomada dos fornecimentos das instalações da Nexperia na China, disse Karremans. “Isto também é consistente com a informação fornecida à Comissão Europeia pelo Ministério do Comércio chinês”, acrescentou.

O governo holandês assumiu o controle da Nexperia em 30/09, citando preocupações de segurança de que a empresa transferiria suas operações para a China, onde sua empresa controladora Wingtech está sediada, levando Pequim a retaliar bloqueando as exportações de componentes da fábrica chinesa da Nexperia.

“Sala de guerra” das montadoras

A disputa sobre a propriedade e o controlo da Nexperia, sediada nos Países Baixos, levou a preocupações sobre uma escassez global dos chips amplamente utilizados em produtos industriais, de computação, móveis e de consumo. Montadoras como a Volkswagen alertaram sobre possíveis riscos de produção, enquanto a Honda reduziu sua previsão de lucro anual após interromper a produção em diversas fábricas.

Outras grandes montadoras, incluindo a Stellantis, disseram que monitoram a situação 24 horas por dia, criando “salas de guerra” para explorar métodos alternativos de compra para mitigar interrupções.

A recente escalada da disputa sobre a Nexperia foi o “resultado direto” das tensões latentes de Pequim com os EUA, disse Neo Wang, estrategista para a China na Evercore ISI. No final de Setembro, Washington expandiu a sua Lista de Entidades – uma lista negra comercial dos EUA para empresas consideradas como riscos de segurança ou de política externa – para incluir subsidiárias que são 50% ou mais detidas por empresas já incluídas na lista.

A Nexperia é uma subsidiária da fabricante de equipamentos de comunicação Wingtech Technology Co., com sede em Zhejiang, que foi adicionada à lista em dezembro do ano passado, disse Wang. Após uma trégua comercial alcançada entre Pequim e Washington em 30 de outubro, que permitiu que ambos os lados aliviassem algumas restrições, a China disse no início deste mês que permitiria que a unidade chinesa da Nexperia retomasse os envios para clientes globais.

“Pequim parecia não querer arriscar as relações bilaterais [com a Holanda]”, disse Neo da Evercore, já que os riscos são elevados, dado que o governo holandês controla a ASML Holding, o principal fornecedor mundial de equipamentos avançados de fabricação de chips. Devido à sua tecnologia única, a ASML tem sido um foco principal das tensões EUA-China, com Washington pressionando Haia para restringir as exportações para a China.

Os fornecedores começaram a receber remessas de chips da China, de acordo com uma nota de sábado de uma equipe de analistas automotivos e de mobilidade liderada por Dan Levy, do Barclays. No entanto, os analistas alertaram que os baixos estoques de chips ainda podem causar interrupções no curto prazo. Acrescentaram que o alívio parecia “temporário”, uma vez que a disputa central entre a sede holandesa da Nexperia e a sua operação baseada na China continua por resolver.

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