Há diagnósticos que, ao começar de certas figuras, reverberam como uma frase no mercado. Em fevereiro deste ano, André Esteves – fundador da BTG Pactual e uma das vozes mais influentes das finanças nacionais – disse que a popularidade de Lula “fez profundamente”. Tal discurso, vindo de quem vem, é quase uma tese de investimento. Esteves não é dado a impulsos retóricos: ele lê cenário, mede riscos e fala com a frieza daqueles que têm acesso privilegiado à realidade econômica e institucional do país.
Mas nem mesmo as Estéves sóbrias parecem ter previsto a resiliência do governo Lula para descer mais alguns passos na escada de frustração – inclusive entre seus próprios eleitores.
Após dois anos de retorno ao poder, a promessa de “churrasco e cerveja para todos” se dissolveu diante de uma realidade persistente: inflação, alegações de corrupção e cansaço popular. Lula continua convencido de que ele enfrenta uma crise de comunicação, não a administração; de fala, não realidade.
A economia, no entanto, estava encarregada de lembrar que a dor é real e palpável. O IPCA-15 em abril registrou um aumento de 0,43%, acumulando 5,49% em doze meses-acima do teto da meta do banco central. O vilão principal? Alimentos. Os preços da alimentação doméstica aumentaram 1,29%, puxados por tomates (32,67%), café moído (6,73%) e leite vitalício (2,44%). A comida era mais cara e, para grande parte do eleitorado que acreditava no discurso de “churrasco e cerveja”, isso não é uma abstração econômica – que deve encher a barriga.
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Para piorar a situação, o governo enfrenta sua maior crise de integridade: uma fraude bilionária do INSS que atingiu aposentados e pensionistas na íntegra. A diferença estimada é de R $ 6,3 bilhões em descontos inadequados – muitos feitos sem autorização dos beneficiários. O presidente da agência, Alessandro Stefanutto, foi removido. E ainda não há um plano claro para devolver o dinheiro roubado.
A crise piora com a exposição de nomes próximos ao presidente. O irmão de Lula, Frei Chico, apareceu como vice -presidente de um dos sindicatos investigados, uma associação simbólica indigesto a um presidente cuja trajetória já traz profundas cicatrizes de escândalos anteriores. O mensal em 2005, e o petróleo, posteriormente revelado pelo Lava Jato, selando na próxima década. Embora Lula tenha visto suas condenações anuladas, o dano à imagem é irreversível e as marcas de corrupção se apegam a cada vez que surge um novo escândalo.
Mesmo com alto PIB e baixo desemprego, o ambiente político e institucional é tóxico. Lula finge não ver a gravidade da situação. Talvez confie que sua capacidade retórica seja suficiente para reverter a narrativa – como se o Brasil de 2025 fosse o mesmo que 2003. Mas agora, a sociedade está mais informada, as redes são mais barulhentas e a memória política está mais presente.
Não por acaso, uma pesquisa da Paraná Polls divulgadas nesta semana mostra Lula com desaprovação recorde: 57,4% dos brasileiros desaprovam seu governo, o pior nível de seus três mandatos. Além disso, em todos os cenários eleitorais simulados, Lula perde – incluindo Jair Bolsonaro se ele for elegível novamente.
No final, André Esteves cometeu um erro apenas na profundidade do poço. A popularidade de Lula pode até estar perto do fundo. Mas se você continuar neste ritmo, encontrará os Petrobras pré-sal para salvá-lo.
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