A retirada da tarifa adicional de 40% dos EUA sobre diversos produtos brasileiros, anunciada nesta quinta-feira (20/11) pelo presidente americano Donald Trump, causou euforia e alívio em setores da economia brasileira. Os economistas, porém, entendem que é preciso compreender a fundo a dimensão da decisão do governo norte-americano de projetar o real efeito sobre as empresas nacionais.
“Foi melhor do que muita gente imaginava pelo percentual anunciado. Vimos uma queda muito significativa do agronegócio nos últimos meses. Isso gerou demissões e queda nas exportações”, disse o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz. “O Brasil cresceria menos por causa das tarifas.”
Ele lembra que os EUA, mesmo sendo atualmente o segundo maior parceiro comercial e não o primeiro como a China, ainda são muito relevantes para a economia brasileira. “É muito importante que o Brasil tenha um bom relacionamento comercial com eles. E vemos que mesmo Lula não tendo o mesmo rumo político de Trump, eles conseguiram se entender e isso é positivo”, afirma Cruz. Em relação ao impacto no mercado, ele avalia uma perspectiva melhor, principalmente para os ativos frigoríficos.
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‘A indústria continuará a ser penalizada’
Economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale disse que era natural que Trump avançasse no sentido da remoção de tarifas de 40% sobre produtos brasileiros que pesam fortemente nas importações americanas. Ele ressaltou que o movimento não resolve todos os setores e a indústria continuará a ser penalizada. “Mas volta a um mínimo de racionalidade, pelo menos depois das decisões insensatas de julho”, afirmou.
Na semana passada, a pequena redução de tarifas para os países em geral, de 10%, levantou alerta amarelo de que as negociações podem demorar mais do que se imaginava. “Estou feliz por termos conseguido resolver isso mais rapidamente”, disse ele.
No caso da indústria, continuou Vale, “Trump tem a ideia de querer, com tarifas, aumentar a produção industrial nos EUA, e o fetiche de usar tarifas para fazer isso acontecer com muita intensidade. Então, a indústria brasileira tem que repensar as exportações para os EUA, vendendo para outros países e para o mercado interno, ou repensar e reduzir a sua produção”.
Para o economista, dado o superávit comercial dos EUA em relação ao Brasil, “não havia absolutamente nenhum sentido econômico nas tarifas”. “Estamos entrando em um território um pouco mais racional agora, não inteiramente, porque Trump ainda tem um fetiche com tarifas e, no caso da indústria, na verdade vemos isso mais difícil de resolver.”
Embora a retirada das tarifas não deva mudar nada em termos de atividade e inflação no Brasil – nem ser relevante para a balança comercial, dada a deslocalização de países –, a decisão inesperada poderá gerar algumas repercussões marginalmente positivas no mercado financeiro nesta sexta-feira. “Havia apreensão com o início lento das negociações, e agora, de repente, rapidamente, o processo acelerou de forma muito intensa. Então, pode haver uma reação positiva temporária do mercado por causa disso, com queda do câmbio, alta da Bolsa. Será mais um elemento para ajudar o momento positivo da Bolsa e do câmbio que temos visto nas últimas semanas.”
Impacto no dólar
Para o economista André Perfeito, o câmbio do dólar pode romper o piso dos R$ 5,30. Na quarta-feira (19/11) a moeda norte-americana à vista encerrou o dia valendo R$ 5,33. “Esta é uma excelente notícia e reforça a perspectiva de um setor externo mais robusto. Por exemplo, o café havia perdido 50% das exportações para os EUA. Só se isso se normalizar podemos pensar num boom nas exportações”, afirmou.
Na avaliação do economista, a decisão desta quinta de Donald Trump praticamente enterra as perspectivas “políticas” sobre a questão tarifária.
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