Agro paulista celebra fim de sobretaxa e destaca abertura de novos mercados – Times Brasil

O agronegócio paulista recebeu com alívio a decisão dos Estados Unidos de suspendernesta quinta-feira (20), a sobretaxa aplicada desde agosto em mais de 60 Unid produtores agrícolas nacionais. A medida afeta produtos como carnes, soja, frutas e outras commodities exportadas pelo Brasil, reduzindo custos e permitindo que o setor volte a operar com maior previsibilidade no mercado norte-americano.

A lista atual não inclui todos os produtos agrícolas exportados para o país, mas marca uma inflexão importante após meses de perda de competitividade. Para os produtores do Estado de São Paulo, um dos pólos do agronegócio nacional, a decisão ajuda a restabelecer as margens e aproxima o Brasil de um dos mercados mais relevantes para alimentos.

Previsibilidade e planejamento para o campo

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, o fim da sobretaxa traz previsibilidade a um setor que responde com sensibilidade aos choques externos. “As tarifas extras penalizaram não só o produtor nacional, mas também os consumidores americanos, que viram desaparecer das prateleiras alimentos que fazem parte da rotina de suas famílias. É uma vitória para a agricultura”, afirmou.

Meirelles destacou que atuar com regras claras reduz incertezas, permite planejamento e amplia a capacidade de negociação de agricultores e pecuaristas em contratos de médio e longo prazo.

Produtores veem reação positiva no preço da arroba

Para Antonio Ginack Junior, da Comissão de Pecuária de Corte da Faesp, o episódio da sobretaxa também serviu de alerta. Ele avalia que a medida forçou o setor a buscar novos mercados e reduzir a dependência dos EUA. “A tributação foi fantástica para o mercado brasileiro, pois os vendedores de carne bovina tiveram que sair da zona de conforto para abrir novos mercados.

A expansão de mercados alternativos, segundo ele, ajudou a mitigar parte dos impactos da sobretaxa sobre os exportadores.

Indústria cafeeira vê oportunidade para recuperar espaço

O coordenador da Comissão de Produção de Café da Faesp, Guilherme Vicentini, também comemorou a medida. Os Estados Unidos são um dos principais destinos do café brasileiro e o setor temia perder participação para concorrentes com tarifas mais baixas. “A preocupação era que buscassem outras origens por conta das sobretaxas, desfazendo anos de trabalho. Para o setor cafeeiro, a decisão traz a certeza de que voltaremos a exportar fortes para o mercado americano”, afirmou.

Diplomacia económica em debate

A suspensão das sobretaxas foi interpretada como um gesto de aproximação por parte do governo norte-americano. Para a Faesp, o movimento fortalece a confiança bilateral e abre espaço para negociações mais amplas sobre questões comerciais.

O episódio, porém, também levantou um alerta sobre a vulnerabilidade dos exportadores brasileiros às oscilações políticas e às disputas geoeconômicas. A imposição de sobretaxas nos últimos meses mostrou que depender de alguns mercados aumenta os riscos para as cadeias produtivas.

A diversificação será decisiva

Para os líderes agrícolas, a eliminação da sobretaxa precisa de ser acompanhada por uma estratégia de longo prazo. A ampliação dos acordos comerciais, o investimento na diplomacia agrícola e a busca por novos mercados deverão nortear os próximos passos do setor.

“A decisão é positiva, mas não pode ser vista como definitiva. Precisamos diversificar os mercados, ampliar as negociações e investir em inovação para manter a competitividade”, disse Meirelles.

O setor entende que os avanços recentes fortalecem a posição do Brasil no comércio global, mas reforçam a necessidade de ações contínuas para garantir rentabilidade e estabilidade aos produtores rurais.

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