As novas taxas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos têxteis importados, estão impactando diretamente o mercado global de algodão. Em uma entrevista com Tempos de dinheirode Times Brasil – CNBC exclusivo licenciadoO presidente da Associação Nacional de Exportadores de Cotton (ANEA), Miguel Faus, disse que o setor está em uma medida de espera devido à incerteza sobre os efeitos das medidas.
“O mercado de algodão está paralisado. As citações em Nova York já recuaram 6% a 8%, e isso se reflete diretamente no preço do algodão que exportamos”, disse Faus.
Segundo ele, o Brasil é atualmente o terceiro maior produtor de algodão do mundo, atrás da China e da Índia, e o maior exportador global de fibras. A produção nacional cresceu nos últimos anos, enquanto o consumo doméstico permaneceu limitado.
“O Brasil ganhou essa posição com base no trabalho duro, muitos anos, muito investimento em tecnologia, desenvolvimento, novas sementes, alta produtividade e uma promoção do algodão brasileiro no exterior”, disse ele.
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Tarifas afetam os países importadores
As tarifas dos EUA em produtos têxteis afetam países que importam algodão brasileiro como Vietnã, Bangladesh, Paquistão, China e Türkiye. Os produtos acabados exportados por esses países são mais caros no mercado dos EUA, o que pode impactar toda a cadeia de produção.
“O Vietnã foi tributado em 46%. Bangladesh, 39%. Paquistão, 29%. E a China, você acabou de anunciar, 104%. Isso afeta o consumo. O varejista tira o pé do acelerador, e isso vai do final ao início da cadeia de produção”, disse Faus.
Espera -se que a situação seja resolvida antes do início da nova safra brasileira, programada para maio e junho. Parte da produção já é vendida, mas outra parte ainda depende da retomada de negociações internacionais.
“Se esse problema tarifário não for resolvido, podemos ter contratos e perdas em toda a cadeia. Esperamos que esse problema seja resolvido o mais rápido possível, porque temos uma nova colheita batendo na porta”, disse ele.
Armazenar
A FAUS acrescentou que o algodão pode ser armazenado por um período sem grandes perdas. “Depois de um ano ou dois, você pode perder um pouco de cor, um pouco de característica, mas não é crucial”, explicou.
Para ele, o prazo ideal para uma solução seria de 30 a 60 dias. “Se a coisa for resolvida nesse período, seria bom. Mas o importante é os sinais. Se houver um acordo entre o Vietnã e os Estados Unidos, ele poderá se estender a outros países. À medida que os sinais entram no mercado, o mercado começa a reagir”, disse ele.
Ações setoriais
Em relação às ações do setor, a FAUS disse que a ANEA segue as negociações entre os países asiáticos e os Estados Unidos. “Vejamos a negociação de nossos clientes com os Estados Unidos: Vietnã, China, Bangladesh, Paquistão e Turquia. À medida que avançam, poderemos continuar exportando mais para eles”, explicou.
O presidente da ANEA também comentou os fatores que levaram ao crescimento das exportações brasileiras. “O Brasil, 20, 25 anos atrás, foi o segundo maior importador de algodão do mundo. Quando a produção no sul e sudeste desapareceu, reapareceu no Cerrado. A produtividade do produtor brasileiro é de cerca de 1.800 kg por hectare.
Competitividade
Segundo a FAUS, essa vantagem da produtividade garante a competitividade ao algodão brasileiro. “Temos menor custo, qualidade e uma marca internacional, o Cotton Brasil, que é promovido no exterior em parceria com a ABRAPA e APEXBRASIL”, acrescentou.
Sobre um cenário em que apenas alguns países asiáticos fecham com os EUA, deixando a China de fora, Faus disse que o Brasil permanecerá competitivo. “Na última temporada, vendemos para a China 1,15 milhão de toneladas. No atual, somos 450.000. Desenvolvemos os outros mercados. Queremos continuar vendendo para a China, mas existem outros mercados: Europa, Japão, Ásia”.
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