Depois de um mês desde o início da tarifa comercial imposta pelos Estados Unidos, o impacto nas exportações brasileiras foi significativo, mas menor do que o esperado em alguns setores. Os economistas consultados pelo Times Brasil – licenciados exclusivos da CNBC relatam que parte do efeito foi atenuada de que produtos estratégicos foram deixados de fora da lista de sobretaxa.
“Continuamos vendendo toneladas de carne para os EUA, mas a preços mais altos. A situação seria bem diferente se o suco de laranja, por exemplo, tivesse sido acusado”, disse o economista do investimento Marcello Carvalho. Ele ressalta, no entanto, que setores como pedras preciosas e ornamentais não encontraram alternativas de mercado e enfrentam severas dificuldades.
Impactos imediatos
O diretor de estatísticas e estudos de comércio exterior da MDIC, Herlon Brandão, observa que os efeitos se concentraram em setores estratégicos. “Os dados chamam a atenção para o minério de ferro, que caiu 100%, sem qualquer embarque em agosto. A maior redução entre produtos industrializados estava em aeronaves e peças, com 84,9%de queda. O açúcar recuou 88,4%, e os motores e máquinas não -elétricos caíram 60,9%”.
Brandão acrescenta que a carta enviada pelo governo dos EUA em julho, informando sobre a elevação da tarifa, levou os exportadores brasileiros a antecipar as remessas. “Isso explica o aumento de 7% em julho e a queda acentuada em agosto”.
A lógica da antecipação
O economista -chefe da SUNO Research, Gustavo Sung, enfatiza que o efeito não se limita à taxa de 50%. “Muitas empresas americanas anteciparam suas compras, e outras deixaram cargas retidas nos portos brasileiros para adiar o custo adicional. Isso ajuda a explicar por que até 10% de produtos tarifários caíram em agosto, como óleos de combustível e polpa”.
Ele alerta que os segmentos dependentes do mercado dos EUA podem sofrer mais a médio e longo prazo. “O café tem uma grande participação no consumo dos EUA e deve ser observado de perto. O mesmo vale para carne e frutas como manga, onde pequenos produtores dependem quase exclusivamente desse destino. Esses grupos podem ser os mais afetados a médio e longo prazo, mesmo com ações de mitigação”.
Diversificação
Onze Chefe de Pesquisa Financeira, Fernando Siqueira, estima que a queda já estava prevista e foi parcialmente neutralizada pela diversificação de destinos. “Apesar da retração para os Estados Unidos, o volume agregado de exportações estava próximo ao dos últimos dois ou três anos. Esse equilíbrio só era possível porque houve aumento de vendas para mercados como China, México e Argentina”.
Ele pondera, no entanto, que nem todos os setores podem se adaptar no mesmo ritmo. “Os produtos agrícolas com uma forte presença no mercado dos EUA, como soja e café, precisarão de mais tempo para redirecionar. Outros, como veículos e fabricados, encontraram destino mais rápido na Argentina”.
China e novos mercados
Na avaliação do professor de finanças internacional do FGV-EAPS, Hsia Hua ShengO equilíbrio de agosto mostra um movimento de reorientação do comércio exterior brasileiro. “O resultado indica que o Brasil está expandindo sua abertura além dos Estados Unidos. O relacionamento com a China é o principal exemplo, porque envolve não apenas o comércio, mas também os investimentos diretos. Isso dá mais previsibilidade e estabilidade à comunidade empresarial”.
Sheng ressalta que as remessas de soja bruta e petróleo para a China cresceram mais de 10% no mês e que a venda de veículos para a Argentina também ajudou a compensar parte das perdas. Ele também vê potencial na ASEAN: “O sudeste da Ásia tem uma imensa população, capaz de absorver produtos brasileiros, como carne e derivados. Esta é uma frente que pode ganhar relevância com a visita do presidente Lula à reunião de bloqueios em outubro”.
Mudanças recentes nas tarifas
Na sexta -feira (5), o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma nova ordem executiva alterando a lista de exceções da tarifa. Produtos como hidróxido de alumínio, resinas e silicones foram carregados, enquanto artigos relacionados a ouro, minerais críticos e alguns medicamentos foram removidos.
A Casa Branca justificou que as mudanças são necessárias para “proteger a segurança nacional e enfrentar o déficit comercial dos EUA”. O texto também criou o “anexo potencial de ajuste de parceiros alinhados” (PTAAP), que fornece reduções tarifárias para aeronaves, insumos farmacêuticos e alguns produtos agrícolas se os países fecharem acordos bilaterais com Washington.
Leitura de números
O economista Raphaela Oliveira acrescenta que os dados confirmam a interpretação da antecipação. “O crescimento de 7% em julho para os Estados Unidos pode ser atribuído diretamente ao movimento dos exportadores. Mesmo com a queda de 18,5% em agosto, o acumulado de janeiro a agosto mostra um crescimento de 1,6% nas vendas para os americanos”.
Perspectivas macroeconômicas
O economista -chefe da MB Associados, Sérgio Valle, estima que o Brasil deve viver com déficits pontuais no comércio bilateral, mas mantenha um equilíbrio global positivo. “A expectativa é de um déficit de cerca de US $ 7 bilhões com os EUA em 2025, mas com um superávit anual entre US $ 65 bilhões e US $ 70 bilhões no saldo como um todo. Até 20% abaixo de 2024, ainda é um número relevante em relação ao cenário mundial”.
Valle também projeta desaceleração na economia doméstica. “O PIB pode passar de 0,4% no segundo trimestre para quase zero no terceiro, pressionado pela guerra tarifária e pela perda de confiança dos negócios. Nossa projeção é de 2,1% de crescimento em 2025 e 1,6% em 2026.”
Ele também alerta sobre os riscos da Argentina, que ganharam espaço como destino das exportações brasileiras. “O pacote econômico de Javier Milei enfrenta dificuldades políticas e monetárias. A inflação de 2% ao mês ainda é alta e as reservas internacionais são insuficientes. O país pode entrar em outra crise em 2026.”
Tabela: Exportações brasileiras para os EUA
Data | Valor US $ milhão FOB (Frete Free) | Variação do mesmo mês que 2024 | Participação total nas exportações no Brasil |
---|---|---|---|
08/2025 | 2.762.2 | -18,5% | 9,3% |
07/2025 | 3.822.3 | 6,9% | 11,9% |
06/2025 | 3.336.4 | 1,6% | 11,5% |
05/2025 | 3.585,7 | 10,8% | 12,0% |
04/2025 | 3.512.8 | 20,0% | 11,8% |
03/2025 | 3.179.3 | -15,8% | 11,1% |
02/2025 | 3.162.2 | 21,4% | 13,9% |
01/2025 | 3.215.1 | -4,3% | 12,7% |
12/2024 | 3.716.5 | 7,6% | 14,9% |
11/2024 | 3.703.3 | 8,8% | 13,3% |
10/2024 | 3.570.1 | 6,3% | 12,2% |
09/2024 | 3.231.2 | 4,5% | 11,3% |
08/2024 | 3.390.7 | 1,1% | 11,8% |
Fonte: MDIC – Preparação: Times Brasil – CNBC licenciado exclusivo
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