O jurista brasileiro Rodrigo Mudrovitsch foi eleito, nesta sexta-feira (21), Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Tribunal IDH)em votação interna realizada em San José, Costa Rica.
Ele assume o biênio 2026–2027tornando-se o terceiro brasileiro ocupando o cargo desde a criação do tribunal em 1979. O juiz chileno Patrícia Pérez Goldberg foi escolhido para a vice-presidência.
A eleição marca um momento emblemático para o Brasil no sistema interamericano, pois coloca um magistrado brasileiro no comando do mais alto órgão judicial de proteção dos direitos humanos nas Américas.
A Corte é responsável por julgar graves violações da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, consolidando parâmetros internacionais sobre democracia, garantias judiciais e proteção de grupos vulneráveis.
Educação e trajetória acadêmica
Rodrigo Mudrovitsch é membro da Corte do IDH desde 2022, após ser o candidato mais votado entre os Estados-membros da OEA —recebeu 19 dos 24 votos possíveis.
Antes disso, construiu sólida trajetória no direito constitucional brasileiro. É doutor em Direito do Estado pela USP, mestre em Direito Constitucional e graduado pela Universidade de Brasília.
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O seu trabalho académico sempre esteve centrado em temas estruturais do constitucionalismo democrático: os direitos fundamentais, o funcionamento das instituições e a proteção das minorias.
Como professor e pesquisador, acumulou trabalhos sobre democracia deliberativa, jurisdição constitucional, liberdade de expressão e garantias institucionais.
Atividades institucionais no Brasil
Antes de assumir funções internacionais, Mudrovitsch integrou algumas das principais comissões jurídicas do país. Participou da comissão de juristas responsável pela revisão e atualização do Código Civil Brasileiroele era secretário geral da Comissão de Juristas responsável pela sistematização das normas de processo constitucional na Câmara dos Deputados e compôs o grupo encarregado de propor a reforma do Lei de Improbidade Administrativa.
Na OAB, presidiu a Comissão Especial de Estudo de Direito Penal, além de participar de grupos dedicados a direitos humanos, reformas legislativas e estudos avançados sobre governança institucional. Colaborou também com comissões do Conselho Nacional de Justiça, reafirmando seu movimento entre a academia, o direito e as instituições públicas.
Sentenças históricas na Corte Interamericana
Desde que chegou à Corte Interamericana de Direitos Humanos, Mudrovitsch participou de decisões de relevância continental, que consolidaram sua trajetória como uma das vozes mais influentes da corte.
Democracia e integridade eleitoral
Nos casos Capriles x Venezuela e Gadea Mantilla x Nicaráguaos seus votos reforçaram a ideia de que eleições livres e direitos políticos robustos são pilares indispensáveis para o sistema interamericano. Defendeu parâmetros rígidos contra interferências estatais que comprometam a participação política e a alternância democrática.
Autodeterminação informacional e proteção da profissão jurídica
Em caso CAJAR x Colômbiadestacou a importância da autodeterminação informacional como um direito autônomo — um dos entendimentos mais avançados da Corte sobre privacidade e proteção de dados — e exigiu garantias específicas para a atuação de advogados e defensores de direitos humanos em contextos de vigilância estatal.
Legislação e obrigações dos Estados
Em julgamento Córdoba x Paraguaisobre a proteção de crianças e adolescentes, destacou a necessidade de os Estados adaptarem plenamente suas normas internas à Convenção Americana, especialmente em questões sensíveis como a restituição internacional de menores.
Direito penal e violência de gênero
Em Angulo Losada x Bolíviatratou de um caso de violência sexual contra adolescente e defendeu que a classificação criminal deveria ser baseada no critério do consentimento da vítima, em consonância com os mais avançados padrões internacionais. Em Carrión González x Nicaráguareforçou a obrigação dos Estados de adotarem medidas eficazes para prevenir e combater a violência de gênero, à luz da Convenção de Belém do Pará.
Independência judicial e garantias institucionais
Nos casos Gutiérrez Navas x Honduras e Aguinaga Ailón x Equadorenfatizou a necessidade de proteger o poder judiciário contra interferências políticas arbitrárias, defendendo a estabilidade funcional e a proteção das instituições judiciais como elementos essenciais do Estado de Direito.
Direitos dos povos indígenas e das populações tradicionais
Nas decisões relativas aos povos U’wa (Colômbia) e Rama y Kriol (Nicarágua), seus votos reafirmaram o direito à consulta prévia, ao território ancestral e à proteção cultural das comunidades indígenas e afrodescendentes diante dos projetos extrativistas.
Clima e direitos humanos
Em Parecer Consultivo nº 32emitido em 2024, Mudrovitsch teve papel central na construção do entendimento que reconheceu a emergência climática como uma ameaça sistêmica aos direitos humanosdestacando os impactos desproporcionais sobre os povos indígenas, as populações vulneráveis e as gerações futuras. A decisão tornou-se um marco jurídico internacional, frequentemente citada nos tribunais constitucionais e nos tribunais supremos da região.
Importância institucional da eleição
Criada em 1979 e sediada em San José, a Corte Interamericana é composta por sete magistrados eleitos pela Assembleia Geral da OEA para mandatos de seis anos. A presidência é definida por votação interna entre os juízes.
A escolha de Rodrigo Mudrovitsch representa um momento de destaque para o Brasil no cenário jurídico internacional e reforça a presença do país nas mais importantes discussões sobre direitos humanos, democracia e proteção de minorias no continente.
O novo presidente toma posse com um histórico de votações consistentes, em linha com a evolução da jurisprudência interamericana e da defesa do Estado de Direito —elementos que tendem a marcar sua gestão à frente do tribunal.
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