Em outubro, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, revelou que a empresa acumulou 500 mil milhões de dólares em encomendas para 2025 e 2026, relacionadas com os seus chips essenciais para a expansão da inteligência artificial. Para uma empresa cuja receita trimestral cresceu quase 600% nos últimos quatro anos, a declaração foi entendida como um sinal de confiança em mais um ciclo de forte — embora menos acelerado — crescimento, indicando que o avanço da IA ainda tem impulso.
“Este é o volume de negócios no portfólio. Meio trilhão de dólares até agora”, disse Huang durante a conferência do GTC em Washington.
A estimativa considera a receita já garantida para 2025, as vendas de GPUs Blackwell e futuras GPUs Rubin, bem como componentes associados, como equipamentos de rede. Depois de detalhar os discursos do executivo, os analistas concluíram que 2026 poderá superar significativamente as projeções anteriores de Wall Street.
“As informações divulgadas pela Nvidia sugerem potencial de alta em relação às estimativas de consenso atuais”, escreveu Chris Caso, analista da Wolfe Research, em um relatório de novembro. Ele calcula que as vendas de data centers em 2026 poderão superar as previsões anteriores em US$ 60 bilhões e mantém recomendação de compra para as ações.
Ainda assim, as ações da Nvidia estão cerca de 5% abaixo de onde Huang fez a declaração em 28 de outubro. O movimento reflete o debate entre os investidores sobre o ritmo do ciclo de IA e que os grandes players de nuvem — os hiperscaladores — e os laboratórios de IA podem estar aumentando demais seus gastos com infraestrutura.
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Resultados trimestrais
A Nvidia divulgará seus resultados do terceiro trimestre nesta quarta-feira (19). Analistas consultados pela LSEG projetam lucros de 1,25 dólares por ação e receitas de 54,9 mil milhões de dólares, um aumento de 56% face ao ano anterior. Esperam também uma projeção de US$ 61,44 bilhões para o trimestre de janeiro, o que indicaria uma retomada do crescimento.
A empresa não prevê projeções além de um trimestre, mas quaisquer comentários de Huang sobre o backlog e as perspectivas para 2026 serão relevantes para avaliar tanto o cenário da Nvidia quanto o do setor de tecnologia. A expectativa atual da LSEG para a receita em 2026 é de US$ 286,7 bilhões.
Demanda contínua por IA
No evento em Washington, Huang afirmou que a Nvidia tem “visibilidade” de receitas futuras, o que é consistente com a sua base de clientes: Google, Amazon, Microsoft e Meta, que estão aumentando os investimentos em infraestrutura de IA, o que se traduz em mais demanda por chips Nvidia.
O aumento dos investimentos dos hiperscaladores reflete um “apetite insaciável por IA”, segundo Rick Schafer, analista da Oppenheimer, que também mantém recomendação de compra.
Acordos estratégicos
A Nvidia ampliou acordos no trimestre, tema que deve ser abordado por Huang. A principal delas envolve investir até US$ 10 bilhões em participação na OpenAI, em troca da compra futura de 4 a 5 milhões de GPUs. Outro acordo prevê US$ 5 bilhões com a Intel para melhorar a integração entre os chips dos dois fabricantes.
No final de outubro, a Nvidia adquiriu uma participação de US$ 1 bilhão na Nokia, para integrar suas GPUs ao hardware de rede móvel da empresa finlandesa. Os investimentos em startups também continuaram.
Para Atif Malik, analista do Citi, o acordo com a OpenAI será um dos pontos mais observados pelos investidores.
Ele observa que há preocupações com possíveis distorções de financiamento no setor de IA, mas avalia que a demanda continua maior que a oferta. Malik mantém recomendação equivalente à compra.
Competição crescente
A Nvidia responde por mais de 90% do mercado de GPUs AI. Mas alguns clientes avançaram em seus próprios semicondutores — como Tranium (Amazon), TPU (Google) e ASICs desenvolvidos pela OpenAI em parceria com a Broadcom — tendência que ganhou força nos últimos meses.
Huang comenta frequentemente sobre o cenário competitivo nas previsões de lucros, e os investidores devem procurar pistas sobre a visão da empresa.
China fora das estimativas
As projeções não incluem vendas para a China. O chip H20, desenvolvido para o mercado chinês, teve sua exportação restrita no início do ano, antes de Huang chegar a um acordo com o presidente Donald Trump para obter licenças em troca do repasse de 15% das vendas ao governo.
Apesar do entendimento, os executivos da Nvidia têm feito comentários cautelosos sobre o potencial de vendas relevantes no país, e a empresa ainda não anunciou um sucessor para o H20, considerado ultrapassado pelos atuais padrões de IA. Schafer, da Oppenheimer, estima que a China poderá ser responsável por mais de 50 mil milhões de dólares por ano.
Questionado pela CNBC em outubro se gostaria de vender chips Blackwell para a China, Huang respondeu: “Espero que sim. Mas essa é uma decisão que cabe ao presidente Trump tomar”.
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