O maior transportador de carros do mundo – equivalente a 20 campos de futebol de veículos – completou sua primeira viagem no final do mês passado, encaixando no porto de Itajaí, Brasil. Mas nem todo mundo está comemorando sua chegada.
BYD, o principal produtor chinês de veículos elétricos e híbridos, oferece às opções relativamente baratas dos consumidores brasileiros em um mercado em que o movimento de carros ecológicos ainda é a princípio. As autoridades e os líderes sindicais da indústria automotiva brasileira estão preocupados com o fato de a grande quantidade de carros BYD e outras montadoras chinesas pode minar a produção automotiva doméstica e afetar empregos.
A BYD implementou uma frota crescente de navios de cargueiro para acelerar sua expansão internacional, com o Brasil se tornando seu principal alvo, de acordo com a análise da Reuters dos dados e declarações de transporte. O carregamento do final de maio foi o quarto navio da montadora chinesa a atracar no Brasil este ano, totalizando cerca de 22.000 veículos, de acordo com os cálculos da Reuters.
Carros excedentes
O Brasil emergiu como um ponto crucial na rápida expansão global da indústria automotiva chinesa. Um superávit crescente de carros novos produzidos em fábricas chinesas levou a um boom de exportação nos últimos cinco anos, ajudando a China superar o Japão em 2023 a se tornar o maior exportador de veículos do mundo. Grande parte desse excesso está sendo enviada para o exterior para mercados como Europa, Sudeste Asiático e América Latina.
O Brasil é um destino atraente devido ao seu grande mercado – é o sexto maior mercado de volume automotivo – onde players estabelecidos, como Volkswagen, General Motors e Stellantis, fabricante de jipes, construíram carros há décadas.
O governo brasileiro estabeleceu políticas para aumentar as vendas de plug-in elétricos e híbridos, BYD Specialty. Enquanto isso, o caminho para o crescimento de Byd em outros lugares diminuiu, tanto nacional quanto para o exterior. Em casa, a empresa está envolvida em uma feroz guerra de preços que a levou a reduzir o preço de seu modelo de entrada, a Seagull, para menos de US $ 10.000 (aproximadamente US $ 48.000), pressionando margens de lucro. No exterior, os governos ergueram barreiras comerciais rígidas para carros chineses, incluindo uma tarifa de 45,3% na Europa e uma tarifa de mais de 100% nos Estados Unidos, além de uma proibição de software de carro chinês.
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Durante anos, as autoridades brasileiras tomaram medidas para proteger o mercado do acesso irrestrito por montadoras chinesas. Mas era mais lento reagir e menos agressivo do que outras nações. Em 2015, o Brasil eliminou tarifas para fabricantes como a BYD para incentivar a adoção de veículos elétricos, mas no ano passado reintroduziu uma taxa de 10% em carros elétricos para estimular o investimento na indústria automotiva doméstica. A tarifa está programada para aumentar a cada seis meses até atingir 35% até 2026.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no Brasil disse à Reuters que um pedido da Associação Automotiva Brasileira, Anfavea e outros para antecipar a maior taxa está em revisão.
“O cronograma para a retomada gradual das taxas, com cotas decrescentes, foi estabelecida para permitir que as empresas continuem seus planos de desenvolvimento e respeitem a maturidade da fabricação no país”, acrescentou um porta -voz do ministério.
A BYD e outras empresas chinesas também estão aproveitando uma política no Brasil que permite a importação sem taxas de até US $ 169 milhões (aproximadamente R $ 812 milhões) para híbridos de plug-in importados até julho de 2025 e US $ 226 milhões (aproximadamente R $ 1,08 bilhão) para carros totalmente elétricos. Isso incentiva os veículos iniciais de remessa a aproveitar ao máximo as taxas isentas de taxas antes de exibirem, disseram analistas.
‘Importações excessivas’
A estratégia de exportação da BYD depende da montadora para continuar aumentando as remessas sem causar resistência às autoridades locais. Mas os representantes do setor no Brasil estão cada vez mais preocupados do que os planos da BYD para iniciar a produção de veículos locais estão sendo adiados.
Em 2023, funcionários do governo aplaudiram o plano da BYD de comprar uma antiga Ford Factory no estado da Bahia, vendo isso como uma maneira de criar empregos na fabricação e impulsionar a transição verde do país. Mas uma investigação sobre abuso de mão -de -obra no canteiro de obras atrasou o cronograma para a produção “totalmente funcional” para dezembro de 2026, disseram as autoridades locais em maio.
Outra montadora chinesa, a GWM, também adiou por mais de um ano seu plano de começar a fazer carros em uma ex-fábrica da Mercedes-Benz. O governo brasileiro espera que a fábrica comece a operar este ano.
“Apoiamos a chegada de novas marcas no Brasil para produzir, promover o setor de componentes, criar empregos e trazer novas tecnologias”, disse à Reuters Igor Calvet, presidente da Anfavea. “Mas a partir do momento em que um excesso de importações causa menos investimento na produção no Brasil, isso nos preocupa”.
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Da Silva, da Industriall, disse que sua confederação sindical não ouviu falar de nenhum relacionamento com os fornecedores locais sendo desenvolvidos ou contratos sendo assinados para a fábrica BYD, como seria normalmente esperado 18 meses antes do início da produção.
“Mesmo que a fábrica esteja aqui – qual é realmente o valor que está agregando se os componentes, o desenvolvimento e a tecnologia estiverem fora?” disse da Silva.
BYD não respondeu a uma solicitação de comentário para sua rede de fornecedores.
O Partido dos Trabalhadores de Esquerda do Presidente Lula Da Silva está se esforçando para proteger empregos e o meio ambiente, enquanto busca reviver a economia industrial do Brasil e restaurar suas credenciais verdes antes de sediar a Cúpula Climática Global da COP30 em novembro deste ano.
Ainda assim, o movimento incipiente de carros verdes no país depende das importações chinesas, que representam mais de 80% das vendas de carros elétricos no Brasil, de acordo com a Associação de Veículos Elétricos no Brasil, Abve.
O país possui recursos minerais abundantes, incluindo lítio e outros ingredientes importantes para fabricar baterias de veículos elétricos. Mas a infraestrutura para produzir todos os componentes necessários para carros elétricos ainda não existe, disse Ricardo Bastos, diretor de relações governamentais da GWM Brasil e presidente da ABVE.
A GWM, que comprou uma fábrica no Brasil em 2021, com capacidade para 50.000 carros por ano e deve começar a produzir seu H6 SUV H6 em julho deste ano, está em negociações com cerca de 100 fornecedores baseados em Brasil para celebrar contratos, disse Bastos à Reuters.
“Este ano, os carros importados coexistirão ao lado de carros produzidos no Brasil”, disse Bastos.
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