A reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinpingrealizada nesta quinta-feira (30) na Coreia do Sul, sinalizou uma trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China. O acordo adiou tarifas e restrições bilaterais por um ano e suspendeu o início do controle chinês sobre as exportações de terras raras — insumo essencial para a fabricação de semicondutores, veículos elétricos e equipamentos de alta tecnologia.
O entendimento foi bem recebido pelos analistas e pelo mercado, mas não elimina o principal gargalo do setor automotivo global: crise de fornecimento de chipsagravado pela intervenção do governo holandês em Nexperiaempresa chinesa que atua na Holanda e é responsável por 40% da produção mundial de chips utilizados em veículos.
“É um sinal de boa fé da China para os Estados Unidos, especialmente porque o país enfrenta um abrandamento económico e não quer prolongar um conflito que possa prejudicar as suas exportações”, disse. Igor Lucenaeconomista e doutor em relações internacionais. “A decisão mostra o pragmatismo de Xi Jinping, que procura preservar o crescimento enquanto elabora o novo plano plurianual da China.”
Impacto nas cadeias industriais
O acordo reduz tarifas sobre produtos sensíveis — como derivados de fentanil e navios — e amplia o prazo para revisão das restrições comerciais. Trump disse que “a questão das terras raras foi resolvida” e que o diálogo sobre chips com empresas como Nvidia será retomado, embora os modelos mais avançados da linha Blackwell fique fora das negociações.
Para Milad Kalume Netodiretor executivo da K.Lume Consultoriaespecializado no setor automotivo, o impacto positivo do pacto vai além do comércio de semicondutores:
“Esses materiais nobres não estão apenas nos chips, mas em diversos componentes de um veículo moderno, principalmente os eletrificados. A indústria como um todo está fortalecida, mas continua operando no seu limite, extremamente dependente de alguns setores estratégicos.
A crítica é compartilhada por David Wangparceiro de Álvarez e Marsal:
“O acordo é bom, mas não resolve no curto prazo a possível interrupção do fornecimento e do consumo dos estoques remanescentes. O impasse com a Nexperia continua sendo um ponto crítico e depende da decisão holandesa sobre a operação controlada pelos chineses.”
Risco para o Brasil e impacto na produção
A crise global dos semicondutores também preocupa Setor automotivo brasileiroque depende dos suprimentos asiáticos. O governo federal abriu o diálogo com a China depois que o país suspendeu temporariamente as exportações de chips, uma medida que ameaça interromper a produção local de veículos.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as montadoras e fabricantes de autopeças instaladas no Brasil têm estoques suficientes para apenas duas semanas. O setor representa 20% da indústria transformadora nacional e empregar 1,3 milhão de pessoas direta e indiretamente.
O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin conversou com o embaixador chinês Zhu Qingqiao para pedir a manutenção do abastecimento e contatou o embaixador brasileiro em Pequim, Marcos Galvãoprocurar uma solução diplomática.
Alívio parcial, mas não o fim da crise
O consenso entre os economistas é que o acordo Trump-Xi reduz as tensões geopolíticasmas não resolve a vulnerabilidade estrutural da cadeia global de semicondutores — dominada por alguns países e empresas.
“A trégua é positiva e dá impulso à indústria, mas gargalos logísticos e disputas tecnológicas continuam no horizonte. O setor automotivo continua refém de decisões políticas e choques externos”, resume Lucena.
À medida que as negociações diplomáticas continuam, os fabricantes e os governos tentam expandir a produção local e diversificar os fornecedores para reduzir o risco de novos encerramentos – um desafio que vai muito além de um único acordo comercial.
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