Por um lado, uma empresa que vive um dos melhores momentos da sua história, com ações em alta e receitas crescentes. É o Vulcabrasdono da marca Olímpicoreferência nacional em tênis e sportswear. Por outro, o Grendenecriador da icônica sandália Melissaenfrenta estagnação e tenta reconquistar a confiança dos investidores.
O ponto comum entre os dois é a origem: ambos são controlados pelo Família Grendene Bartellefruto de uma parceria entre irmãos gêmeos Alexandre e Pedro Grendene Bartellefundadores de empresas que marcou o mercado calçadista brasileiro.
Mas, como explica o professor Marcos Machadoda FIA Business School, a mesma gestão não garante os mesmos resultados. “Uma família nada mais é do que um grupo de investidores, mas, como esses segmentos de negócios são distintos, os resultados também podem ser afetados não só pelo estilo de gestão, mas pela natureza do mercado, dos consumidores e dos canais de distribuição. São cenários competitivos distintos, sobre os quais esse grupo de investidores não tem controle”, afirma o especialista.
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Vulcabras em ascensão
As ações de Vulcabras têm registado um aumento desde 2020, suportado por um sequência de bons resultados. O faturamento da empresa vem crescendo há 20 trimestres consecutivose o último ano foi marcado por novos recordes: receita atingiu R$ 3,5 bilhõesum avanço de 9% em relação a 2023.
O investimento no segmento esportivo, especialmente em Olímpicofoi crucial para um bom desempenho.
“É um mercado ligado a hábitos, e os hábitos esportivos rotineiros mudam de forma mais gradual do que no mercado da moda. Na moda, uma campanha publicitária ou uma nova coleção pode sofrer mudanças bruscas no comportamento do consumidor”, observa Machado.

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Grendene tenta recuperar o brilho
Enquanto o Vulcabras avança, o Grendene enfrenta um cenário mais desafiador. As ações estão no nível mais baixo desde 2016. No primeiro trimestre de 2025, o lucro da empresa caiumas o segundo trimestre mostrou sinais de recuperação. Em 2024, a receita atingiu R$ 3 bilhõesum aumento de 7% em comparação com o ano anterior.
O balanço da empresa, porém, destacou “expectativas frustradas”, devido ao inflação persistentedo juros altosdo flutuação da taxa de câmbio e o incertezas internacionais. “É um segmento muito afetado pela moda e pelas tendências. A empresa precisa ter competência para entender e, na medida do possível, antecipar o que vem pela frente. Isso é fundamental para planejar a produção com antecedência e colocar no mercado o produto certo no momento que o consumidor deseja”, explica Machado. Segundo ele, o setor exige uma forte capacidade de diversificação e uma logística sofisticada, “para que a empresa não se perca neste processo”.

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Das garrafeiras à revolução da Melissa
A história de Grendene teve início em 1971, no Rio Grande do Sul, quando Alexandre Grendene Bartelle fundou uma pequena fábrica de telas plásticas para garrafas de vinho. Pouco depois, seu irmão Pedro ingressou no negócio. A produção evoluiu para componentes de calçadosaté que, em 1979, Melissa — inspirado nas sandálias usadas pelos pescadores da Riviera Francesa.
O modelo se transformou em fenômeno de vendas e em um marco da publicidade brasileira. Nas décadas de 1980 e 1990, o Grendene ampliou seu portfólio com marcas como Cavaleirodirecionado ao público masculino, Grendapara o público feminino e Ipanemacom foco em chinelos de praia.

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A chegada de Vulcabras ao grupo
Ao mesmo tempo, Alexandre e Pedro investimentos diversificados, entrando também nos setores agrícola e imobiliário. Foi neste contexto que Vulcabras juntou-se ao grupo.
Fundada em 1952, a Vulcabras já era uma marca consolidada no mercado calçadista, famosa pelo calçado de couro 752. Nos anos seguintes, expandiu-se para o segmento esportivo e passou a fabricar produtos licenciados de marcas internacionais como Adidas, PUMA e Reebok.
Em 2007, um novo marco ocorreu: a compra de Azaléiadono de Olímpicoconsolidando a empresa como um dos principais players nacionais do setor esportivo. Hoje, o Vulcabras Seu foco está em linhas de alto desempenho e inovação tecnológica.
O desafio da internacionalização
O Grendenepor sua vez, investiu num plano de internacionalização. Em 2021, assinou um consórcio global para expandir suas operações, mas os resultados ficaram abaixo das expectativas. O aumento das taxas de juro em vários países, os problemas logísticos e as tensões geopolíticas prejudicaram o desempenho.
“Além desses fatores, existem desafios inerentes a qualquer empresa brasileira, como o custo e a disponibilidade de capital. O capital de terceiros no Brasil é caro, e mesmo o seu próprio tem um custo elevado. Portanto, erros de gestão que aumentam a necessidade de capital tornam-se extremamente onerosos”, avalia Machado.
Perspectivas e reestruturação
Agora, o Grendene busca estabilizar suas operações e atingir o ponto de equilíbrio – o chamado empatar — entre 2027 e 2028. Vulcabras continua a expandir a sua presença no setor desportivo, beneficiando da crescente procura de calçado de performance e do fortalecimento do consumo interno.
Enquanto um luta para recuperar o brilho, o outro se consolida como potência nacional. Ambos, porém, continuam refletindo a trajetória da mesma família que ajudou a moldar a história do calçado no Brasil e que agora enfrenta o desafio de manter relevância em mercados cada vez mais competitivos.
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