O varejo brasileiro está sentado em um tesouro que ainda não aprendeu a explorar: seus próprios dados. Para Narques Roberto, diretor de vendas de varejo da Oracle, a transformação digital do setor depende não apenas da adoção de novas tecnologias, mas do uso inteligente do que já está disponível. “Os dados já existem, mas quase ninguém olha em profundidade”, diz ele.
Segundo ele, há um foco excessivo em ferramentas de moda (como inteligência artificial), enquanto os fundamentos da operação permanecem mal utilizados. “O varejo brasileiro está mais preocupado em sobreviver do que encontrar alternativas para o seu modelo de negócios prosperando”, diz o diretor de vendas.
A conseqüência, diz o executivo, é um setor que geralmente caminha em círculos, incapaz de gerar novas receitas a partir da própria base de clientes. Mesmo com o avanço da digitalização em vários segmentos, o cenário brasileiro ainda é marcado por gargalos estruturais e culturais. Muitas empresas continuam operando com sistemas antigos (ou legados) que não falam, o que gera altos custos de integração e dificulta o uso de soluções em nuvem – mais modernas e escaláveis.
“Existem empresas que ganham dinheiro apenas criando pontes entre sistemas que não foram feitos para trabalhar juntos”, diz Narques. Para ele, a barreira tecnológica ainda é relevante, mas está longe de ser o principal obstáculo. O maior problema, diz ele, é a resistência à mudança: conselhos rebocados, fornecedores antigos e uma mentalidade orientada a curto prazo preencheu o crescimento de redes que, em teoria, já têm tudo para operar melhor. “Faltando a adoção real”, aponta o Narques Roberto.
Uma pesquisa recente da EY mostra que 34% dos varejistas em todo o mundo já reconhecem tecnologias emergentes como forças disruptivas no setor. No Brasil, a análise de dados aparece como uma das prioridades em investimentos em inovação, juntamente com a inteligência artificial. Mas, de acordo com Narrows, ainda existe uma incompatibilidade entre discurso e prática.
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A maioria dos executivos até fala sobre transformação digital, mas poucos realmente exploram o potencial já enviado em suas plataformas atuais. “Na Oracle, por exemplo, temos mais de 50 agentes de ERP IA -Built -in ERP. E, no entanto, apenas 30% dos clientes acessaram essas funções”, diz ele. O desafio, portanto, não se trata apenas de inovar – mas ao usar bem o que você já tem.
Confira a entrevista abaixo:
DC News Agency – O que está faltando para o varejo brasileiro poder operar com mais eficiência?
Narques Roberto – O varejo brasileiro ainda não pode usar bem seus próprios dados. Você está mais preocupado em sobreviver do que encontrar alternativas ao seu modelo de negócios prosperando. A maioria ainda vende o básico: arroz, feijão e iogurte, mas esqueça que, se você colocar um serviço adicional – como uma loja de açougueiro, padaria ou café. Isso pode aumentar a permanência do cliente na loja e, portanto, a receita. Os dados que indicam se há público -alvo para movimentos como esse já existem em operação, mas quase ninguém olha em profundidade.
Agência de notícias da DC – esse problema vem da tecnologia ou cultura de negócios?
Roberto – É uma combinação. Muito ainda depende de sistemas antigos, fabricados por fornecedores locais. A empresa ainda quer mudar, mas não pode se integrar ao novo. Portanto, outro problema entra: o custo da integração. Isso até se tornou um mercado próprio no Brasil. Existem empresas que ganham dinheiro apenas criando pontes entre sistemas que não falam. A solução deste gargalo pode representar dois, três, até quatro anos de sobrevivência para um sistema que deveria ter sido trocado.
DC News Agency – mas existem sinais de mudança?
Roberto – Sim. Muitos supermercados estão mudando a forma das lojas. Alguns grandes se tornaram ataques e os mais pequenos estão adicionando serviços. Isso só acontece porque alguém olhou para os dados e percebeu que, se o cliente já estiver na loja, ele poderá comprar mais coisas se estiverem disponíveis. Narques Roberto, Oracle.
DC News Agency – Você pode fornecer mais detalhes sobre como a tecnologia ajuda nesses movimentos?
Roberto – A tecnologia permite que você mostre, por exemplo, que tipo de serviço ou categoria pode ser incluído na loja para gerar mais receita. Plataformas como a que usamos aqui no Oracle Cruz o caminho que o consumidor faz na loja, com o mix de produtos disponíveis e propõe soluções. Mas a implementação ainda é difícil. Muitas vezes, o gerente precisa convencer parceiros, conselhos e família. Leva tempo.
DC News Agency – A integração entre os sistemas ainda é o maior obstáculo?
Roberto – Sem dúvida. Muitas redes de varejo trabalham com sistemas legados desenvolvidos sob demanda por empresas locais. Quando eles tentam migrar para uma solução mais robusta, o custo de integração é muito alto. É por isso que uma plataforma em nuvem exclusiva com soluções incorporadas de End -End, como a Oracle’s, ajuda a reduzir esse tipo de dor. Você elimina a necessidade de conectar diferentes ferramentas que não foram feitas para conversar.
DC News Agency – e como o consumidor final está influenciando essas mudanças?
Roberto – Ele quer menos atrito. Quer entrar na loja, comprar e sair. Isso está forçando os varejistas a investir em soluções de auto -serviço. Vemos lojas que tinham três caixas com três funcionários e agora estamos operando com dois autodocheisitantes-e um único funcionário auxiliar. Isso reduz os custos e melhora a experiência. É uma tendência forte principalmente em lojas de conveniência.
Agência de notícias da DC – no varejo físico, há inovação além do serviço de auto -serviço?
Roberto – Sim. Já existem soluções que cruzam os dados do cliente com sua jornada de compra real. Um exemplo é dufry [multinacional suíça, especializada em lojas duty-free]que se identifica pelo número do passaporte se o consumidor for um viajante internacional. Nesse caso, aplique a isenção de impostos na Lei. Caso contrário, cobra o preço total. Isso só é possível com sistemas integrados e baseados em nuvem.
DC News Agency – O varejo brasileiro está muito atrasado na inovação?
Roberto – A diferença não é apenas tecnologia, mas de velocidade na adoção. Nos EUA, vemos redes de farmácias que compraram planos de saúde para controlar todo o ciclo de receita – desde a prescrição até a venda do medicamento. Isso expandiu a margem e criou seu próprio ecossistema. Aqui ainda temos um varejo travado por regulamentos e lobbies. Por exemplo, os supermercados não podem vender medicamentos sem receita médica por razões regulatórias. Isso mantém o mercado fragmentado.
Agência de Notícias da DC – Mas as tendências internacionais acabam chegando?
Roberto – Sim, eles apenas levam tempo. Os gêmeos digitais, por exemplo, já são realidade nos Estados Unidos. Eles permitem que o varejista imite uma nova loja com base em dados reais de centenas de unidades. Assim, ele pode saber, mesmo antes de abrir a loja, qual layout funcionará melhor, qual variedade está certa e qual será o fluxo. Isso evita investir errado e aumenta a chance de sucesso. Aqui, essa tecnologia deve ocorrer em dois ou três anos.
Agência de notícias da DC – e o impacto de tecnologias como a inteligência artificial?
Roberto – A IA se tornou a palavra da moda, especialmente após o último NRF. Mas o uso ainda é superficial. A maioria dos varejistas diz que está usando, mas poucos têm um caso real de aplicação. O problema é que a maioria nem sabe que essas ferramentas já estão disponíveis nas soluções que contrataram. Na Oracle, por exemplo, temos 52 agentes de IA embarcados no ERP, mas apenas 30% de nossos clientes acessaram esses recursos. O desafio é fazê -los usar.
DC News Agency – Existe um custo adicional para essas ferramentas?
Roberto – No nosso caso, não. A IA está incluída no contrato SaaS. A Oracle decidiu não cobrar separadamente por isso, precisamente para incentivar o uso. Queremos que o cliente evolua com a tecnologia. É o nosso diferencial, especialmente em um país onde tudo é cinco, seis vezes mais caro devido à moeda.
Agência de notícias da DC – Com crescente competitividade, essa vantagem pode ser decisiva?
Roberto – Claro que sim. Especialmente em um mercado como o brasileiro, onde a competição local é muito forte. Portanto, ofereça uma cadeia completa de soluções integradas [da compra do produto até a venda final] É um ótimo diferencial. Isso elimina a dor de integrar sistemas e ajuda o varejista a operar mais agilidade e menor custo.
DC News Agency – O futuro do varejo e, em seguida, depende de ser melhor para usar o que você já tem? Roberto – Exatamente. Não há escassez de ferramentas. Falta de adoção real. O cliente já possui os dados, já possui os sistemas, já tem acesso à IA. Só preciso começar a usar.
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