A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China pode gerar oportunidades para o Brasil expandir sua participação nas exportações de milho, especialmente focando no mercado chinês. A avaliação é de Paulo Bertolini, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abumilho), que comentou sobre o cenário em entrevista ao jornal Equipe realde Times Brasil – CNBC licenciado exclusivo.
Segundo Bertolini, o Brasil iniciou recentemente suas relações comerciais com a China no setor de milho. “O protocolo fitossanitário começou em 2022. Em 2023, vendemos muito milho para a China. Era o maior destino de milho brasileiro”, disse ele. No entanto, ele explica que, em 2024, houve uma queda nas exportações devido a uma boa colheita chinesa e à manutenção do suprimento dos Estados Unidos, sendo o terceiro maior fornecedor de milho para a China.
Atualmente, os Estados Unidos lideram a produção mundial, seguidos pela China e Brasil. O Brasil, no entanto, ocupa a segunda posição no ranking global de exportação. A expectativa de Abramilho é que parte da demanda atendida anteriormente pelos Estados Unidos pode ser redirecionada para o Brasil, especialmente em vista do aumento das tarifas entre os dois países.
“Pode ser que parte dessa produção que viria dos Estados Unidos, que é de cerca de 2 milhões de toneladas, possa migrar para o Brasil, pois o Brasil já possui o protocolo fitossanitário aprovado com a China”, disse ele.
Bertolini apontou que outros países também podem aumentar as compras brasileiras de milho, como Japão, Coréia do Sul e Espanha, que já possuem acordos fitossanitários com o Brasil e tradicionalmente importam milho do Brasil e dos Estados Unidos. “O Japão, por exemplo, no ano passado trouxe dos Estados Unidos cerca de 12 milhões de toneladas. Também é importante do Brasil cerca de 2,5 milhões de toneladas”, disse ele.
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Regulamento
No entanto, para alcançar mercados que compram exclusivamente dos Estados Unidos, seria necessário um processo de adequação regulatória. “Para entrar no Brasil, ele também precisaria fazer todo o processo de aprovação em agências reguladoras, uma vez que nossa produção e o americano provêm da biotecnologia. Há um processo técnico e burocrático um pouco demorado”.
Comentando a percepção interna de que o milho é caro no mercado brasileiro, Bertolini afirmou que o valor é determinado pelo mercado internacional. “O milho brasileiro não é estabelecido o preço pelos produtores. É uma mercadoria internacional cujo preço é marcado pelo mercado internacional. Se nosso milho fosse caro, não exportaríamos para mais de 100 países”.
Ele explicou que o Brasil tem três culturas de milho: a primeira, concentrada no sul; o segundo, conhecido como Safrinha e atualmente o maior; e o terceiro, menor, com destaque no nordeste. “Este ano pode atingir 95 milhões de toneladas ou até 100 milhões, dependendo da condição climática. No ano passado, tivemos 34 milhões de toneladas de superávit de produção”.
Para drenar esse excedente, o setor depende da demanda externa. “Precisamos do mercado internacional para também colocar nossa produção. Isso acontece todos os anos desde 2010, mais ou menos”.
Importância do milho para o Brasil
O presidente de Abumilho afirmou que o milho brasileiro é produzido em propriedades de tamanhos diferentes e cresceu em importância diante da soja. “O Brasil será o país do milho, não o país da soja. Nada contra a soja, porque aqueles que plantam milho também plantam soja, mas serão conhecidos como país de milho”.
Apesar do potencial de crescimento, Bertolini alertou sobre gargalos de infraestrutura que afetam o armazenamento e a logística do milho. “Hoje, por exemplo, os preços do milho aumentaram um pouco porque não conseguimos armazenar o segundo milho para esse momento atual devido à falta de espaço e armazéns. Temos um déficit de armazenamento de 120 milhões de toneladas”.
Para superar essas limitações, o setor defende os investimentos em infraestrutura. “Precisamos investir muito em infraestrutura, começando com o armazenamento dentro da fazenda, rodovia, ferrovia e portos, para que essa dinâmica do crescimento da agricultura brasileira continue a andar nos próximos anos”.
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