A Presidente Executivo da Associação Nacional de Indústrias de Processamento de Cacau (AIPC), Anna Paula Losi, disse que uma possível reunião dos EUA sobre a manteiga brasileira de cacau poderia tornar inviável o principal mercado internacional de produtos industrializados.
“Este mercado americano é fundamental para a nossa indústria não ter uma paralisação da linha de produção”, disse ele em entrevista a Equipe realde Times Brasil – CNBC exclusivo licenciado.
Segundo Losi, embora o Brasil produza cacau e tenha todas as etapas da cadeia, da amêndoa à industrialização, o setor depende da importação da matéria -prima para manter a capacidade das fábricas em operação. “A indústria depende da importação de amêndoas para industrializar e manter a capacidade ociosa das indústrias em baixo nível”, explicou.
O líder apontou que, após o processamento, a manteiga, o líquido e o cacau em pó são exportados, com os Estados Unidos e a Argentina como destinos principais. Os EUA, o segundo maior mercado, representam cerca de 20% das exportações, especialmente a manteiga de cacau, um produto com o maior valor agregado na cadeia.
Dificuldade em redirecionar e procurar novos mercados
Questionado sobre a possibilidade de redirecionar as remessas, Losi apontou que o Brasil teria dificuldade em encontrar mercados alternativos. “A União Europeia é um dos maiores produtores derivados de cacau do mundo. Nosso produto não seria competitivo lá. O mesmo aconteceria na Ásia”, disse ele.
A AIPC já começou a lidar com os associados para mapear possíveis novos destinos. Existem exportações em andamento para os países da América do Sul e negociações com mercados como os Emirados Árabes Unidos. No entanto, de acordo com o líder, o maior custo de produção do Brasil limita a competitividade nesses destinos.
Leia mais:
A Camex autoriza Itamaraty a levar a tarifa de Trump para a OMC
A tarifa não afeta a Embraer, que tem um resultado histórico, com registro em receitas e solicitações
Impacto industrial e medidas solicitadas
A entidade estima que, se houver perda do mercado dos EUA, a indústria enfrentará pelo menos 10% de redução na margem e aumentará a ociosidade para mais de 30%. “Uma indústria ociosa se torna inviável”, disse Losi.
A AIPC solicitou ao governo federal que estendesse os prazos do prazo, um mecanismo que permite a importação de matéria -prima sem impostos, com a obrigação de exportação adicional. Losi explicou que a não entrega do compromisso implica o pagamento de impostos suspensos, além de uma multa. “Pedimos ao governo federal que estendesse o prazo para cumprir esses compromissos de desvantagem, para que tenhamos tempo para procurar novos mercados”, disse ele.
Em uma reunião com o vice -presidente Geraldo Alckmin, a medida foi considerada viável, mas dependeria da edição da medida provisória, de acordo com o presidente da AIPC.
Outras reivindicações discutidas incluem isenção ou suspensão do ICMS pelo governo da Bahia, onde as fábricas estão concentradas, bem como o apoio dos ministérios da agricultura e desenvolvimento para a abertura de novos mercados.
Empregos e perspectivas
A cadeia de cacau gera mais de 200 mil empregos diretos no Brasil, sendo cerca de 40 mil na indústria de processamento somente. Para Losi, a possível perda do mercado dos EUA pode afetar toda a cadeia, incluindo produtores de amêndoa.
No momento, a AIPC não se comprometeu a preservar empregos em troca de benefícios fiscais. “Entendemos que é muito cedo para falar sobre perdas de empregos”, disse ele. A entidade aposta em negociações e medidas de emergência para tentar evitar esse cenário.
–
Onde assistir ao maior canal de negócios do mundo no Brasil:
Canal 562 CLAROTV+ | Canal 562 céu | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadores regionais
Sinal aberto da TV: canal parabólico 562
Online: www.timesbrasil.com.br | YouTube
Canais rápidos: Samsung TV Plus, Canais LG, Canais TCL, Plutão TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos streamings