Paralisação do governo americano reduz financiamento de organizações sem fins lucrativos

O Conselho de Conscientização sobre Deficiências em Chapel Hill, Carolina do Norte, auxilia pessoas com deficiência na comunidade, oferecendo apoio que vai desde transporte até orientação sobre moradia. Mas, por enquanto, muitos serviços estão suspensos.

“Por causa da paralisação e dos cortes, os serviços essenciais para pessoas com deficiência, dos quais dependem todas as semanas, estão pausados, reduzidos ou funcionando com trabalho não remunerado”, disse Timothy Miles, diretor da organização e responsável pelo conselho de administração.

À medida que o impasse em Washington se arrasta, muitas ONG perderam o acesso a subvenções federais e têm de tomar decisões difíceis sobre que ajuda podem fornecer e por quanto tempo.

Ao mesmo tempo, a paralisação coloca em risco alguns programas de assistência federais, como o Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), num momento em que a procura de ajuda está a aumentar. Com centenas de milhares de funcionários públicos e trabalhadores contratados em licença sem remuneração, isto aumenta a pressão sobre as ONG, que são essenciais para colmatar estas lacunas.

“As organizações sem fins lucrativos estão na linha de frente no atendimento às comunidades, mas a paralisação do governo torna difícil para elas cumprirem suas missões”, disse Diane Yentel, presidente e CEO do Conselho Nacional de Organizações Sem Fins Lucrativos, uma associação industrial.

“Quanto mais durar esta paralisação, mais pessoas e comunidades ficarão sem os serviços críticos dos quais dependem”, acrescentou.

A actual paralisação do governo é agora a segunda maior interrupção do financiamento federal na história dos Estados Unidos.

Muitas organizações sem fins lucrativos já enfrentavam pressão financeira antes do encerramento devido a interrupções no financiamento governamental no início deste ano que limitaram a sua capacidade de satisfazer a procura da comunidade, de acordo com o Urban Institute, uma organização apartidária de investigação de políticas públicas.

Em média, uma ONG recebe cerca de 28% do seu financiamento do governo, e entre 60% e 80% delas não conseguiriam cobrir as suas despesas se perdessem esta ajuda, segundo a análise do instituto com base em dados do IRS.

Com a interrupção do financiamento, as organizações sem fins lucrativos enfrentam agora um potencial défice, disse Sarah Saadian, vice-presidente sénior de políticas públicas e campanhas do Conselho Nacional de Organizações Sem Fins Lucrativos.

“Para as ONG que estavam à espera da renovação de uma subvenção ou da aprovação de um pedido, não há ninguém para ajudar”, disse Saadian.

Miles comentou que este é um dos maiores desafios que o Conselho de Conscientização sobre Deficiência enfrenta atualmente. “Estamos aguardando parte do financiamento do governo federal”, disse ele, mas “não há contato direto com algumas agências”.

A falta de recursos faz com que alguns funcionários não recebam remuneração e os programas sejam suspensos, segundo Miles. A organização conta com sete funcionários e atende centenas de pessoas na região.

“Consequências reais a longo prazo”

Quanto mais tempo durar o encerramento, mais difícil será para as ONG continuarem a servir as suas comunidades, disse Saadian.

Em muitos casos, se uma organização despedir funcionários ou suspender um programa ou serviço, pode ser difícil retomar as operações quando o encerramento terminar e o financiamento for libertado.

“Quando estas organizações sofrem este tipo de impacto, podem haver consequências reais a longo prazo porque perdem infra-estruturas e pessoal”, disse Saadian.

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