Com a incerteza trazida pelas tarifas de importação, O volume de investimentos recebidos pelo Brasil nos últimos 12 meses está abaixo do nível necessário para cobrir o déficit de conta corrente.
Os dados mais recentes sobre as contas externas de junho mostram que o déficit de 12 meses de contas em corrente atingiu US $ 73,135 bilhões, equivalente a 3,42% do produto interno bruto (PIB). No mesmo período, o investimento direto no país (IDP) adicionou US $ 70,476 bilhões (3,14% do PIB).
Essa tendência deve continuar até o final do ano e pode se estender, dada a incerteza causada pelas tarifas de importação anunciadas pelos Estados Unidos e os impactos no fluxo de capital do país.
Segundo especialistas, o aumento do déficit em conta corrente está relacionado ao fato de que a economia brasileira está superaquecida, crescendo acima do potencial.
Para o economista -chefe dos parceiros do G5, Luis Otávio Leal, a proporção do déficit em relação ao PIB é “a prova de pudim” para perceber se a economia está se expandindo em ritmo rápido.
“Um saldo deficiente próximo a 4% do PIB em 12 meses não é um equilíbrio de economia crescendo próximo ao seu potencial. Quando está próximo do potencial, vemos um crescimento de cerca de 2% do PIB”, ele detalha.
Quando a economia é aquecida, é comum as importações ganharem força no balanço comercial de mercadorias pela demanda doméstica, diz o analista econômico Lucas Farina, da Brilliant Investments.
Além disso, as escalas de renda e serviço também contribuíram para o agravamento do déficit nas transações atuais, de acordo com o economista Luíza Pinese, da XP Investimentos.
“O déficit de serviço continua a superar recordes, refletindo a compra de novos serviços de streaming e outros serviços digitais”, observa ele.
O resultado negativo na conta corrente de um país mostra que está gastando mais moeda estrangeira para comprar produtos e serviços de fora do que se acumula vendendo para outros países. Para cobrir essa diferença, é necessário financiamento estrangeiro, que pode ocorrer através do IDP – o investimento de empresas ou investidores de outros países.
No caso do Brasil, o IDP era mais do que suficiente para cobrir o déficit em conta corrente por anos. Essa tendência, no entanto, mudou em 2025, diante da incerteza sobre o cenário econômico global, motivado principalmente pelos medos com as tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos.
O país, diz Farina, é o principal responsável pela entrada de investimentos estrangeiros no Brasil, respondendo por aproximadamente um quarto da entrada líquida total de recursos aqui.
“Se tivermos uma extensão dessas ferrugens comerciais entre o Brasil e os EUA, podemos ver uma continuidade na redução do IDP, que já observamos mês após mês”, diz ele.
O que esperar
O XP levantou a estimativa do déficit de conta corrente acumulado em 12 meses até 2025, de US $ 65,7 bilhões a US $ 73,5 bilhões (2,9% a 3,2% do PIB), devido a uma redução de US $ 2 bilhões em previsão de exportação e aumento de estimativas para importações. O IDP já foi mantido em US $ 70 bilhões (3,1% do PIB).
“A incerteza gerada por discussões comerciais com os Estados Unidos pode aumentar as preocupações sobre o risco de investimento longo no Brasil. No entanto, julgamos esse cenário como improvável”, diz ele. “Mas é importante monitorar de perto o que acontecerá a partir de agora”, conclui.
A expectativa de Leal, do G5, é de acomodação. “Com a atividade desacelerando, veremos uma redução no déficit na conta corrente, já que temos uma política monetária extremamente contracionista”, diz o economista, que também destaca a taxa de câmbio relativamente estável, apesar do fluxo de câmbio negativo no ano.
Prevê um déficit de conta corrente de US $ 80 bilhões (3,5% do PIB) até 2025, com IDP em US $ 78 bilhões (3,4% do PIB).
A consultoria de economia de capital, por outro lado, projeta um cenário mais pessimista para contas externas, com o déficit em conta corrente atingindo 4% do PIB até o final de 2025 e a redução potencial da confiança dos investidores no Brasil, que pode desencadear novas saídas de portfólio.
De acordo com os dados do banco central, o déficit em conta corrente foi de US $ 5,131 bilhões em junho, o maior do mês desde 2014. Com um ajuste anualizado e fora -fact -fact, o déficit agora atinge quase US $ 80 bilhões (3,6% do PIB), nos cálculos da economia de capital -um antecedente considerável de 1,5% a 2.0% do GDP.
“A deterioração sagrada no saldo da conta corrente em tão pouco tempo é preocupante, especialmente se financiada por fluxos de capital mais voláteis”, diz economista sênior de mercados emergentes, Liam Peach.
Riscos para a economia
A deterioração no saldo do IDP, não apoiando os déficits na conta corrente, requer alterações em duas variáveis: o resfriamento da atividade ou a desvalorização da taxa de câmbio.
“Se virmos o IDP afundar ainda mais, haverá pressão constante na taxa de câmbio, tendo maus impactos na inflação, devido a Pass-through“Diz Farina, do gênio. Por enquanto, ele projeta a taxa de câmbio em US $ 5,67 e o PIB crescendo 2,4% em 2025.
Com a possível transferência da taxa de câmbio sobre o preço do atacado para o varejo, a inflação de alimentos pode aumentar à frente. “Isso piora as contas externas pode ter efeitos desagradáveis, desacelerando, por exemplo, o ciclo de corte selo, que é hoje em 15%”, diz ele.
O gênio estima que o déficit de fluxo em 2025 atinge US $ 68 bilhões (3,08% do PIB), enquanto a entrada de investimento estrangeiro deve adicionar US $ 66 bilhões (2,98% do PIB). Esse cenário, diz Farina, não considera uma escalada de retaliação entre os Estados Unidos e o Brasil.
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