O próprio nome da operação da Polícia Federal — “Conformidade Zero” — já sugere a dimensão das falências que derrubaram o Banco Master e culminaram na liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central. Para especialistas, o caso evidencia problemas profundos de conformidadegovernança e gestão de riscos que se acumulavam há anos dentro da instituição e que só agora vieram à tona.
A crise que levou à intervenção abriu uma discussão urgente sobre cultura interna, controlos mínimos e responsabilidade corporativa. Segundo analistas, os sinais de deterioração já estavam presentes muito antes da ação do BC e das prisões realizadas pela PF. O contador e mestre em governança corporativa Marcelo Marin afirma que a primeira evidência de falhas surge quando os mecanismos internos não funcionam adequadamente. “Os primeiros sinais aparecem quando os alertas de compliance começam a ser ignorados ou tratados como burocracia. Isso mostra falta de autonomia e falta de cultura de integridade”ele afirma.
Sinais internos que indicam falhas de conformidade
Marin explica que esses sinais costumam aparecer muito antes dos casos chegarem às autoridades. “Comitês de risco inativos, due diligence superficial e falhas de KYC são sinais clássicos de que a governança está falhando”diz. Ele destaca que os conflitos de interesses entre executivos e agentes públicos e a baixa segregação de funções criam espaço para que operações irregulares passem despercebidas.
Quando uma instituição é investigada, são necessárias medidas rápidas para preservar clientes, investidores e a reputação do banco. “A primeira resposta deve ser acionar um comitê de crise com advogados, jurídicos, compliance e alta administração. Auditoria independente e comunicação transparente são essenciais para conter danos”explica. Marin reforça ainda que as interações com agentes públicos exigem controles mais rígidos. “As relações público-privadas necessitam de políticas rigorosas de conflito de interesses, aconselhamento independente e maior diligência”ele afirma.
Compliance e risco sistêmico: emissão excessiva de CDBs levanta alerta
A crise do Banco Master também expôs riscos associados à emissão acelerada de CDBs. O economista Igor LucenaCEO da Amero Consulting, afirma que o FGC cumprirá seu papel, mas o episódio mostra um desequilíbrio estrutural no setor. “O FGC protege investidores até R$ 250 mil. Quem estiver dentro desse limite deverá recebê-lo. Mas investidores acima disso correm risco de perda parcial”diz.
Lucena destaca que o mercado ignorou sinais claros de desequilíbrio. “Vimos títulos sendo vendidos com consciência de sua baixa credibilidade. Taxas de CDI +30% devem gerar alertas. Não é razoável uma instituição comprometer metade do FGC na sua emissão de CDBs”ele afirma.
Para ele, não houve falha regulatória, mas falha de conformidade interna no Banco Master. “A regulação é robusta. O que faltou foi a troca de informações e a fiscalização interna”diz.
Ele alerta sobre impactos indiretos: “O maior risco agora é para os fundos de pensão e fundos de investimento que adquiriram instrumentos sem garantia do FGC. Haverá remarcação de ativos e perdas distribuídas nos próximos meses”.
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Reputação, governança e impacto para os investidores
Lucena afirma que a crise deve servir de alerta para os investidores profissionais. “Os investidores de alta renda precisam analisar melhor o risco dos títulos. Os pequenos investidores estão protegidos, mas os investidores privados precisam rever os critérios”ele afirma.
Marin reforça o background estrutural: “Crises como estas quase nunca são acontecimentos isolados. Revelam falhas de cultura, governação e controlo. A forma como a instituição reage — com rapidez, transparência e rigor — define se o impacto será legal ou se evoluirá para uma crise de confiança a longo prazo”.
A crise do Banco Master põe em evidência o quão frágeis as estruturas de conformidade amplificam riscos, comprometem os investidores e têm potencial para gerar impactos sistêmicos quando os controles internos falham e a governança não atua de forma preventiva.
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