A alta taxa de juros é atualmente o principal obstáculo ao avanço do mercado automotivo no Brasil. A avaliação foi feita pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, em entrevista ao Times Brasil nesta quinta-feira (13).
Segundo ele, o impacto da Selic é direto no bolso do consumidor e na atividade das montadoras. “Você imagina que um indivíduo vai comprar o seu carro, ele tem que pagar uma taxa de juros de 27%. É uma coisa que limita muito o mercado”, disse. No caso dos caminhões, ele lembrou que as taxas chegam a 22%, o que encarece o financiamento e reduz o ritmo de vendas.
Calvet afirmou que, apesar do crescimento ainda presente, o setor está longe do potencial estimado para 2025. “Planejamos um mercado 7% superior. Ainda falamos de crescimento, mas um crescimento bem abaixo do potencial que estávamos vendo”, acrescentou.
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O presidente da Anfavea reconheceu que fatores como a instabilidade geopolítica e as incertezas fiscais também influenciaram o desempenho do setor, mas reforçou que nada pesa tanto quanto o custo do crédito. “As instabilidades foram grandes, mas acima de tudo a taxa de juros é o impedimento.”
O executivo também comentou sobre o rompimento do acordo automotivo entre Brasil e Colômbia. “A Colômbia foi o terceiro melhor mercado para as exportações brasileiras do setor automotivo”, disse ele. Com a ruptura unilateral do acordo automotivo, o Brasil passou todo o mês de outubro sem acesso preferencial ao mercado colombiano.
“Isso já aconteceu. Nossos veículos deixaram de entrar naquele mercado e, com certeza, foi o principal fator para a queda nas nossas exportações.”
O pacto foi retomado pelos governos dos dois países na semana passada, após a forte redução do fluxo comercial.
Incentivos aumentam vendas de carros sustentáveis
O programa que reduz impostos para modelos menos poluentes surpreendeu positivamente o setor. “Isso está acima do que esperávamos”, disse ele. Desde o início da política, foram vendidas 155 mil unidades, um aumento de 20,5%.
Calvet destacou que o efeito tributário é imediato. “Quando você reduz um pouco o imposto, o setor responde com mais vendas, com mais produção.” Segundo ele, a redução do IPI resultou em 26 mil veículos adicionais vendidos no período.
Ele também chamou a atenção para a expansão dos veículos híbridos e elétricos. “Há cinco anos, 1% dos registros eram dessas novas tecnologias. Hoje, mais de 11% dos registros eram […] Estas são novas tecnologias.” Ele afirmou ainda que um quarto desses modelos já são produzidos no Brasil.
Calvet atribuiu o progresso a políticas públicas mais claras. “Temos uma política pública que nos incentiva a ser mais verdes. E esse é o reflexo.”
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O aumento de 50% nos registros de carros importados da China fez o país ultrapassar a Argentina como principal origem dos veículos estrangeiros vendidos no Brasil. Para Calvet, porém, o movimento pode perder força. “Nossa expectativa é que haja queda devido ao início das operações no Brasil”, disse ele, citando a chegada de montadoras chinesas ao país.
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