Petrobras mantém interesse na África mesmo com Foz do Amazonas, diz presidente da estatal – Times Brasil

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta terça-feira (28/10) que o andamento do projeto da estatal envolvendo a Margem Equatorial Brasileira não impede a busca da empresa pela reposição de reservas, o que inclui atividades fora do Brasil. Segundo o executivo, “de forma alguma” o avanço da Margem irá desacelerar o interesse no continente africano. A Petrobras tem voltado os olhos para o mercado internacional em busca de reservas, como África do Sul, Angola, Namíbia e São Tomé e Príncipe.

Questionada se os planos incluem a Namíbia, uma parceria com a Galp, afirmou: “Estamos a estudar, não vou antecipar nada. É muito esforço, muito trabalho, muito estudo para chegarmos lá, tem que ser algo muito bom e uma construção conjunta”.

Reforçando a mensagem de que “não há futuro para as petroleiras sem exploração”, Magda afirmou mais uma vez que o petróleo da estatal é produzido de forma “mais que econômica” e que a Petrobras seguirá todos os seus objetivos no âmbito do Acordo de Paris.

Ela também destacou que o Brasil tem potencial petrolífero de Norte a Sul. “Hoje estamos falando do Amapá, mas a Bacia de Pelotas lá no Rio Grande do Sul também faz parte desse desafio.”

Ao ser questionado sobre a contratação de empresas amapaenses para o projeto na Foz do Amazonas, o presidente da Petrobras simplesmente sinalizou que a construção está sendo feita com o Governo do Amapá. “Assim que tiver resultados, vocês serão os primeiros a recebê-los.”

Crescimento

Magda afirmou que o mercado e a sociedade podem esperar a mesma responsabilidade apresentada em projetos como o pré-sal em relação à transição energética.

“Há 15 anos diziam que não seria possível atuar no pré-sal. Fomos lá e mostramos o que somos capazes de fazer. Hoje, dizem que é impossível fazer uma transição energética justa. Manteremos nossa relevância e chegaremos a 2050 cumprindo todas as nossas promessas”, afirmou.

Isso será feito, segundo o executivo, com compromisso com o desenvolvimento sustentável também nas novas fronteiras “para que o Brasil tenha segurança energética”.

Participou do OTC Brasil 2025, um dos principais eventos de tecnologia offshore do mundo, realizado no Rio de Janeiro pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP).

Inovação

Magda destacou que, nos próximos 72 anos, a Petrobras deverá ser capaz de inovar para enfrentar um novo mundo em que será necessário atuar para uma transição energética justa além da produção de petróleo com menos emissões de gases.

Na avaliação dele, a Petrobras tem feito a sua parte para crescer com competência e responsabilidade, o que inclui avaliação constante do portfólio e gestão responsável em busca de ganhos de produtividade.

“Estamos perto de atingir a produção de 1 milhão de barris por dia (bpd) no campo de Búzios. O FPSO (navio plataforma) Almirante Tamandaré atingiu 270 mil bpd.

Licença na Margem Equatorial

O presidente da Petrobras disse que os três poços contingentes ao poço Morpho, no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, só serão abertos se houver sucesso no primeiro poço que está sendo perfurado atualmente. Segundo o executivo, os três poços contingentes já constam da licença de operação concedida pelo Ibama no dia 20.

Ela reafirmou que a perfuração do poço pioneiro, que poderá revelar se há petróleo na região, levará cerca de cinco meses e está apenas começando.

“Nossa licença para a Margem Equatorial já inclui a solicitação dos três poços contingentes”, informou Magda ao lado do governador do Amapá, Clesio Vieira, após a abertura da OTC 2025, feira de petróleo que acontece no Rio de Janeiro. “À medida que avançarmos (na exploração de Morpho), veremos a necessidade (de abrir poços contingentes)”, explicou.

Segundo o executivo, já existem conversas com empresas do Amapá para futuras contratações, mas Magda não deu detalhes.

O presidente da Petrobras reafirmou que o cenário do preço do petróleo é desafiador para a indústria, mas que a competitividade é uma construção coletiva. Ela também disse estar confiante nos próximos passos em relação à Margem Equatorial. “Vemos o declínio da commodity que nos sustenta e isso exige que todos nós (do setor) sejamos cada dia mais eficientes, (…) o que inclui o marco regulatório brasileiro e parceiros que trabalham em busca de preços competitivos e eficiência operacional.”

Magda também elogiou a posição do governo do Amapá, que tem “estado junto” com a Petrobras na direção de novas fronteiras exploratórias. “Temos tido grande apoio da comunidade amapaense. (…) Nossa reposição de reservas é vital para a indústria e a licença que obtivemos é um marco para o Amapá, para a Petrobras e para todo o Brasil.

Plano de negócios

O presidente da Petrobras confirmou que o Plano Estratégico da Petrobras para o período 2026-2030 será divulgado no dia 27/11, segunda-feira.

Pessoas próximas ao assunto indicam que o corte nos investimentos ultrapassará US$ 8 bilhões (R$ 43,1 bilhões) dada a queda no preço do barril de petróleo. O executivo, porém, não fez comentários adicionais sobre o tema.

Questionada sobre o cenário de produção, ela esclareceu que os números do FPSO Almirante Tamandaré são “uma grande conquista” e fruto do trabalho da Petrobras e de seus fornecedores. “Estamos considerando Almirante Tamandaré com 270 mil barris por dia (bpd). Estamos falando de uma plataforma que tinha capacidade de 225 mil barris por dia e que está aumentando para 270 sem novos investimentos”, destacou. “Num momento de redução do preço do petróleo, estamos a enfrentar esta queda com muito esforço, com muito trabalho, com muita tecnologia e com muita resiliência”, enfatizou.

Em outubro, o campo de Búzios superou, pela primeira vez, a produção de Tupi (780,4 milhões de bpd), com 821,8 milhões de barris de bpd. Ainda assim, o executivo afirmou que, para que a produção se aproxime dos 2 milhões de bpd, é necessário um conjunto de fatores. “Teremos que aguardar a plena carga a P-78 que estamos em rampa (evolução), a P-79 que já está chegando, a P-82, a P-84, a P-85”, listou.

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