O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (26) que seu encontro com Donald Trump marcou o início de uma nova fase nas relações entre Brasil e Estados Unidossem intermediários políticos e com base em “respeito mútuo apesar das diferenças ideológicas”.
“Não há mais intermediário; agora é o presidente Lula e o presidente Trump“, declarou. O petista disse que saiu da reunião com o “boa impressão de que em breve não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil” e considerei a conversa “surpreendentemente bom”.
Lula afirmou que o objetivo central da conversa foi “acabar com as tarifas que penalizam os produtos brasileiros”, e que ambos os governos “partilhar o desejo de restabelecer um fluxo comercial equilibrado e previsível” entre as duas maiores economias do continente. “A tarifa vai acabar“, disse ele.
Segundo Lula, o diálogo foi franco e direto. Ele alegou ter entregue por escrito para Trump um documento com o pedido de suspensão de tarifas aplicado às exportações brasileiras e à defesa do equilíbrio comercial. “A informação de que os EUA têm um défice com o Brasil é infundada“, disse ele. O presidente também reiterou que qualquer direito a impostos deve ser restrito a casos de danos comprovados à indústria ou ao desenvolvimento.
Assuntos políticos
Lula afirmou que a discussão de assuntos políticos será limitada entre ele e Trump. As equipes de negociação – lideradas do lado brasileiro pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, pelo chanceler Mauro Vieira e pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad – ficarão restritas à esfera comercial.
O presidente, porém, classificou como “inadmissível” a punição de autoridades do Supremo Tribunal Federal com base em Lei Magnitsky e destacou que o tom da conversa foi cooperação e confiança. “Se depender do presidente Trump e de mim, haverá um acordo”, resumiu.
Questionado sobre a citação de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula disse que, com o tempo, Trump perceberá que o “Bolsonaro já passou”. “Depois de duas ou três reuniões, ele verá que Bolsonaro não é nada”, afirmou Lula.
O presidente destacou que os dois países estão “disposto a garantir que o Brasil e os Estados Unidos tenham a relação de amizade que existe há 201 anos”e acrescentou que um nova reunião poderá ocorrer na próxima semana em Washington.
Lula revelou ainda que Trump demonstrou vontade de visitar o Brasil e que a conversa entre os dois foi um exemplo de multilateralismo prático. “Eu tenho o número de telefone do presidente Trump e ele tem o meu“, ele disse.”A pessoa mais entusiasmada era ele. Estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma solução entre os Estados Unidos e o Brasil.”
Em outra entrevista, logo após a reunião, o chanceler Mauro Vieira afirmou que Lula e Trump conversaram por cerca de 45 minutos sobre todos os temas relevantes da relação bilateral. “O presidente Lula começou dizendo que não havia matéria proibida e renovou o pedido de suspensão das tarifas aplicadas às exportações brasileiras, além de questionar a aplicação da Lei Magnitsky“, disse ele.
Estavam presentes os Secretário de Estado Marco Rubioo Secretário do Tesouro, Scott Bessente o Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer. Segundo Vieira, Trump instruiu a sua equipa a iniciar este domingo um processo de negociação bilateral “para resolver tudo num curto espaço de tempo”.
O chanceler classificou o diálogo como “franco e colaborativo” e destacou que Lula argumentou que as tarifas são injustasjá que o Brasil mantém déficit comercial com os Estados Unidos. Afirmou ainda que negociações técnicas começam hojemas isso tarifas permanecem em vigor. “Hoje não está suspenso. Vamos conversar com vista à suspensão das tarifas”, explicou.
Vieira também disse que Trump elogiou a trajetória política de Lula e que ambos manifestaram interesse em visitas oficiais recíprocas — Trump para o Brasil e Lula para os Estados Unidos.
Ricardo Stuckert/PR
Repercussão
O Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou, em nota, que o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representou um “progresso concreto” nas negociações para reverter a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
“O diálogo entre os dois líderes representa um avanço concreto nas negociações bilaterais e reforça o compromisso de ambos os governos na construção de soluções equilibradas para o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, diz o documento.
O Presidente da República em exercício e Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmindisse, em publicação no X, que o encontro “entre o presidente Lula e o presidente Donald Trump, hoje, na Malásia”, prova que temos bons motivos para acreditar no diálogo. Foi mais um passo para o Brasil e os EUA fortalecerem ainda mais sua laços de amizade“, disse Alckmin.
Segundo o analista Rodrigo Loureiro, “quando se trata de Donald Trump, o imprevisível faz parte do jogo” e cada gesto diplomático é lido com cautela pelos mercados. Ele vê a primeira conversa como positiva, mas ainda cercada de incertezas. A postura confiante de Lula diante de Trump, que costuma dominar as reuniões, chamou a atenção e reacendeu o debate sobre o papel do Brasil na nova dinâmica do poder global.
Mercado financeiro
Agentes do mercado financeiro consideraram o encontro entre Lula e Trump como positivo e um passo importante para reduzir as tensões comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos. As perspectivas de Ativos brasileiros são favoráveis.
“A sinalização de um diálogo construtivo, com foco na suspensão temporária de tarifas e na retomada de um canal técnico permanente, tende a melhorar o ânimo do mercado, especialmente nos setores mais afetados pelas tarifas — como aço, alumínio e carne. Além disso, a busca pelo reequilíbrio da balança comercial e o reposicionamento diplomático do Brasil como mediador regional fortalecem a percepção de estabilidade e previsibilidadefatores essenciais para atrair capital estrangeiro”, afirma David Martinssócio-gerente da Riqueza do Brasil.

Cronograma — A tarifa EUA x Brasil (abril a outubro de 2025)
2 de abril de 2025 – Trump assina o Ordem Executiva 14257criando o pacote tarifário “Dia da Libertação”, com Taxa básica de 10% nas importações de praticamente todos os países.
10 de julho de 2025 — Lula ameaça se candidatar Tarifas de 50% em resposta, se os EUA aumentarem as tarifas sobre os produtos brasileiros.
21 de julho de 2025 — O governo brasileiro reconhece que não há acordo imediato com os EUA e que o negociações para evitar aumento tarifário eles não avançaram.
25 de julho de 2025 – Um CNI anuncia missão empresarial a Washingtoncom foco no diálogo com Departamento de Comércio dos EUA e medir o impacto das tarifas na indústria nacional.
30 de julho de 2025 -Trump impõe taxa adicional de 40% em produtos brasileiros, totalizando 50%. No mesmo dia, o governo americano divulgar exceções para suco de laranja, aeronaves civis e peças, ferro líquido, celulose, Castanha do Pará e energia.
6 de agosto de 2025 – Para o Tarifas de 50% entram em vigoralcançando café, carne bovina, madeira processada, móveis e produtos manufaturados.
13 de agosto de 2025 — O governo lança o plano “Brasil Soberano”com R$ 30 bilhões em crédito, garantias de exportação, prorrogação de prazos fiscais e incentivos diplomáticos para mitigar os efeitos dos preços.
3 de setembro de 2025 – CNI e CNA executar missão conjunta a Washingtonreunindo mais de 30 setores discutir tarifas e propor soluções comerciais.
9 de setembro de 2025 — Técnicos da Fazenda e do Itamaraty entregam ao Planalto um proposta de retaliação setorialmas Lula opta por adiar qualquer resposta, priorizando o diálogo.
20 de setembro de 2025 – Um CNA apresenta um relatório apontando Queda de 30% nas exportações agrícolas e 10 mil empregos perdidos no setor madeireiro.
24 de setembro de 2025 – Fiesp e Itamaraty encontrar-se com o Embaixador americano no Brasil e pergunte revisão parcial das tarifas industriais.
27 de setembro de 2025 – Lula e Trump se cumprimentam brevemente na ONUem Nova York, sinalizando distensão.
6 de outubro de 2025 — Os dois líderes fazem Videoconferência de 30 minutos; Lula pede fim das tarifase Trump admite revisar as condições “sob as circunstâncias certas”.
9 de outubro de 2025 – Mauro Vieira e Marco Rubio acertar reunião técnica em Washington para discutir comércio e tarifas.
15 de outubro de 2025 — Lula confirma que o negociações comerciais continuam e que o encontro com Trump será em breve.
16 de outubro de 2025 — Brasil e EUA anunciam encontro presencial entre Lula e Trump durante o Cimeira da ASEANem Malásia.
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