O evento ainda não está nas agendas oficiais, mas as expectativas são grandes: os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silvae os EUA, Donald Trumppodem se reunir neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, onde será realizada a cúpula do Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). A questão principal deve ser a tarifa imposta pela América do Norte às exportações brasileiras desde agosto, mas o mercado financeiro e o setor empresarial sabem que há mais em jogo, um passo político para reabrir o diálogo entre o Brasil e os Estados Unidos, embora sem expectativa de acordo imediato.
Segundo o economista André Perfeitoparceiro de APCEe o diplomata José Luiz Pimentadiretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional da BMJa reunião deverá funcionar como marco simbólico de reaproximaçãono meio tensões comerciais globais e para um luta crescente por influência entre Washington, Pequim e países sul-americanos.
Para Perfect, o foco deveria estar na reconstrução do canal diplomático. “Os EUA provavelmente não suspenderão as tarifas. Washington poderá até conceder isenções adicionais, mas o valor de 40% permanecerá como referência. A verdadeira questão é regressar à normalidade diplomática num momento em que os EUA demonstram interesse renovado pela América do Sul”, afirmou.
Pepper reforça que há complementaridade económica real entre os dois países e que o diálogo pode desbloquear agendas estratégicas. “O Brasil quer anular as tarifas e os Estados Unidos procuram novas fontes de minerais críticos e terras raras fora da China. Este ponto poderia abrir uma frente para a cooperação concreta entre as duas economias”, disse ele ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo da CNBC.
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Guerra comercial
O encontro acontece em meio As crescentes tensões comerciais dos Estados Unidos com países como China e Canadáalém do impasse com o Brasil. Washington procura revisar políticas tarifárias e reforçar cadeias estratégicas nos sectores de alta tecnologia e energia, ao mesmo tempo que tenta reduzir a dependência da indústria chinesa.
Antes de deixar a Indonésia, onde iniciou sua visita ao Sudeste Asiático, Lula reafirmou “todo interesse”em ter a reunião e disse que estava disposto a“defender os interesses do Brasil” e “mostrar que houve um erro na tributação do país“. O presidente afirmou ainda que quer discutir o sanções impostas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)classificados como “sem explicação e sem compreensão”.
“Não há veto sobre nenhum tema. Será uma reunião livre, em que poderemos dizer o que quisermos, como quisermos — e ouvir o que quisermos também”, declarou Lula. “O acordo não será certamente alcançado amanhã ou depois de amanhã. Será construído por negociadores.”
Principais temas esperados
Taxas comerciais:
O Brasil contesta a sobretaxa em 50% imposto por Washington à maioria dos produtos nacionais. Lula argumenta que a medida “não apoiado por nenhuma verdade” e cita um superávit de US$ 410 bilhões dos EUA no comércio bilateral nos últimos quinze anos.
Sanções às autoridades brasileiras:
Sete ministros do STF foram submetidos a punições norte-americanas em agosto.
Minerais críticos e terras raras. Os EUA buscam fornecedores fora da China, e o Brasil — detentor do segunda maior reserva do mundo — surge como um parceiro estratégico.
Outros temas possíveis. Questões internacionais como Gaza, Ucrânia e Venezuela podem ser mencionados dependendo da dinâmica da conversa.
Próximas etapas
Segundo o Itamaraty, o encontro deverá abrir uma rodada mais longa de negociaçõesliderado por ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda)em coordenação com a equipe econômica americana.
A avaliação do governo é que a reunião caráter político e simbólicoservindo para reabrir o canal bilateral depois de meses de atrito.
Perfeito resume o espírito do encontro: “Trump precisa de Lula e Lula precisa de Trump. O Brasil é o maior país da região, ocidental e BRICS ao mesmo tempo – e tem algo que os EUA desejam desesperadamente: terras raras.”
Segundo Pimenta, o encontro poderia “marcar o início de um novo ciclo de cooperação prática”, especialmente em cadeias de energia limpa, semicondutores e biocombustíveis.”O Brasil é um jogador-chave nesse xadrez regional.”
Cenário de tensão regional
O encontro também acontece tendo como pano de fundo Movimentos militares americanos no Caribe e de ameaça de ações contra a Venezuelaque adiciona tensão diplomática para o meio ambiente. Analistas apontam que, mesmo que o tema não seja abordado diretamente, o contexto pode influenciar o clima de conversas.
Lula e Trump chegam à Malásia com estilos diferentes e discursos firmes, mas com um objetivo comum: retomar o diálogo político e comercial entre as duas maiores economias do Hemisfério Ocidental.
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