O setor brasileiro de dispositivos médicos pode enfrentar dificuldades em manter o ritmo das exportações e substituir o equipamento importado dos Estados Unidos se avançar a aplicação de tarifas adicionais pelo governo dos EUA. A avaliação é de Paulo Henrique Fraccaro, CEO da Associação Brasileira de Indústria de Departamentos Médicos (ABIMO), em entrevista à Equipe realde Times Brasil – CNBC exclusivo licenciado.
“Quem tem mais a perder somos nós”, disse Fraccaro, comentando sobre a possibilidade de retaliação do Brasil com medidas semelhantes. Segundo ele, a economia brasileira representa uma pequena parcela no mercado dos EUA, o que tornaria impossível competir no mesmo nível.
Atualmente, o Brasil exporta cerca de US $ 290 milhões por ano em dispositivos médicos para os Estados Unidos e importa aproximadamente US $ 1,6 bilhão. A projeção de Abimo para 2025, sem a nova tarifa, seria de US $ 320 a US $ 330 milhões em exportações e US $ 1,8 a US $ 1,9 bilhão em importações, mantendo o déficit comercial do setor.
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As exportações dependem da aprovação externa
Fraccaro explicou que, diferentemente dos setores como armamentos, os dispositivos médicos exigem aprovação e registro por agências reguladoras dos países de destino. Segundo ele, o processo pode levar de seis meses a um ano e meio, o que dificulta a busca imediata de novos mercados.
No caso das importações, o CEO disse que é possível procurar fornecedores em países como China, Índia e Türkiye. No entanto, ele considerou que esses países precisam oferecer infraestrutura adequada para treinar profissionais brasileiros e garantir assistência técnica, o que também representa um obstáculo de curto prazo.
A estimativa da entidade é que a nova tarifa pode representar uma perda imediata de até US $ 320 milhões em exportações brasileiras e um aumento nos custos essenciais de equipamentos, como tomógrafos, ressonâncias magnéticas, ultrassom e reagentes de laboratórios.
Produção concentrada em São Paulo
Fraccaro apontou que o estado de São Paulo se concentra entre 40% e 45% da produção nacional de dispositivos médicos. Entre os principais itens exportados pelo Brasil, estão instrumentos cirúrgicos, suturas, pequenos equipamentos de ultrassom, dispositivos de raios-X e produtos de laboratório.
Questionado sobre a estratégia de negociação, Fraccaro defendeu o diálogo com o governo dos EUA. Ele afirmou que a mistura de interesses políticos e econômicos prejudica a conduta racional do assunto. “Temos que separar essa discussão e concentrá -la na economia”, disse ele.
Para ele, a apresentação da história do déficit comercial do Brasil com os Estados Unidos pode ser usada como um argumento para tornar a medida flexível ou buscar exceções específicas para o setor.
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